O Sistema de Saneamento : água e esgoto em São João Nepomuceno.
Por José Carlos Barroso
O Poder Público Municipal fez publicar importante revista sobre a cidade de São João Nepomuceno isso no ano de 1916, fonte histórica de pesquisa, escrita por Roberto Capri e editada por Pocai Weiss & Companhia de São Paulo sendo Agente Executivo (Prefeito) o Dr Péricles Vieira de Mendonça, Presidente da Câmara Municipal.
Entre tantas histórias importantes ele nos relata fato precioso sobre o inicio do saneamento na cidade.
Mas a historia é mais farta e recheada de fatos pitorescos e curiosidades o que nos faz embrenhar mais ainda por seus caminhos nos maravilhando com o estilo empreendedor dos homens da época, munícipes antecedentes que construíram nossa historia ao sabor da luta com finais de vitória. Vejamos então.
Quando São João Nepomuceno, era dirigido por Dr. Augusto Gloria Ferreira Alves, isso em 1909 visitou a cidade o Presidente de Minas Gerais (hoje Governador) Francisco Sales com sua comitiva, foi calorosamente recebido pelo povo são-joanense e em mensagem ao povo o Presidente dirigiu-se ao Agente Executivo Dr. Augusto Gloria e perguntou-lhe: Qual o serviço público mais urgente para a cidade? Imediatamente a resposta foi clara, lógica, decisiva e direta: O saneamento, ou seja água canalizada e rede esgoto.
Não havia outro serviço mais urgente a se empreender uma vez as condições sanitárias eram precaríssimas. Os dejetos humanos eram colocados em barris e transportados em carroções puxados a mulas e burros, durante a madrugada e depois jogados em córrego fora da cidade.
Não é de admirar que nessas circunstâncias fosse quase endêmica a ocorrência de enfermidades infecto contagiosas como as colibaciloses e tifoses e paratifoses agrupadas ao titulo de salmoneloses , ou as desinterias bacilar e amebiana, entre outras até mesmo a tuberculose que se apresentava em numero vultuoso.
Diante da resposta do Dr. Gloria o Presidente Francisco Sales assumiu de imediato o compromisso e, com efeito, não tardou a chegar a São João uma comissão para estudos dirigida pelos engenheiros Dr. Lourenço Baeta Neves e Prof. José Barcelos de Carvalho.
Findo o mandato de Francisco Sales seu sucessor Dr. Bueno Brandão, que havia incluído em seu plano de governo o saneamento nas sedes dos municípios mineiros, determinou a realização de estudos e pesquisas para determinação do manancial onde a água deveria ser captada, estudos esses realizados pelos Doutores e professores José Barbosa de Oliveira Flores (engenheiro chefe) e José Nogueira de Sá e Leopoldo Rodrigues Alves (engenheiros auxiliares) da Escola de Engenharia de Ouro Preto.
Ficou decidido que a capitação da água se fizesse no Córrego dos Medeiros na Serra do Descoberto, afluente do ribeirão do Grama que é tributário do Rio Novo.
Findo o mandato de Dr. Augusto Gloria assumiu o executivo o inolvidável são- joanense José Henriques Pereira Brandão, o Zeca Henriques que adquiriu pela Câmara Municipal por quinze contos de reis uma propriedade com noventa alqueires de mata, no então distrito de Descoberto, (escrituras originais parte do acervo da Fundação Cultural São João Nepomuceno) dentro da qual nasce e tem o seu maior curso o córrego dos Medeiros por escritura publica passada em 4 de dezembro de 1911. Estas terras ainda são de propriedade do município de São João Nepomuceno e guardam relíquias como o sistema de captação em caixas e a residência do fiscal da mata, que se tornou mais tarde a primeira reserva biológica do Estado de Minas Gerais. No período administrativo de 1912 a 1915 foram iniciadas e concluídas as obras sob a direção do engenheiro José Barbosa de Oliveira Flores dotando nossa cidade de um dos mais perfeitos serviços de água e esgotos do Estado de Minas Gerais semelhante na época ao da cidade de Santos em São Paulo e segundo historia oral aos moldes da cidade de Paris, a capital francesa.
Tecnicamente podemos descrever o tanque fluxível, como um reservatório subterrâneo de água destinados a fornecer descargas periódicas sob pressão dentro dos trechos de coletores sujeitos a sedimentação de material sólido, para prevenção contra obstruções por sedimentação progressiva, que coube ao engenheiro Francisco Rodrigues Saturnino de Brito, inventar o original. Saturnino que é patrono da Engenharia Sanitária no Brasil, pois foi o "primeiro engenheiro sanitarista do Brasil", com uma imensa obra publicada no Brasil e na Europa e inventor de diversos sistemas não patenteados (pois julgava-os, corretamente, um benefício para a humanidade e não como fonte de renda própria ) entre eles o " tanque fluxível tipo Saturnino de Brito" responsável pela elaboração do sistema na cidade de Santos.
Compreendia o sistema de captação de caixas de areia em numero de quatro para decantação da água captada com uma vazão na época de cerca de 18 litros por segundo ou seja arredondando-se os números tínhamos um milhão e quinhentos mil litros de água em vinte e quatro horas.
Todos os depósitos providos de comportas para descarga quando se fazia necessária sendo o segundo e o quarto deposito munidos de duas grades e ralo esférico que se era ligado à canalização.
A canalização tinha diâmetro de 175 milímetros numa extensão de 13.704 metros sendo 9.115 de tubos de aço envolvidos de mamadas impermeáveis de juta e asfalto intercalados nos trechos de ferro fundido e assentados nos intervalos em que a pressão estática excedia a quinze atmosferas.
A linha da adutora atravessava geografia acidentada entre vales sendo o mais profundo o do Rio Novo cujo thalweg se achava a 209 metros abaixo da represa.
Por esse motivo foram colocados em seu percurso 15 registros de descarga e 29 ventosas, das quais 14 com tubuluras de 60 milímetros assentadas sobre tês de aço ou ferro fundido, e 15 de formato menor, tubulura de 19 milímetros.
A diferença do nível entre a saída d’água da caixa de areia e a sua entrada no reservatório é de 124 metros donde se conclui ser de 9 milímetros aproximadamente a perda de carga por metro. Para evitarem- se os graves perigos que podiam provir da extraordinária pressão que sofria grande parte da canalização em carga estática, não assentaram um registro de parada em toda linha de adução. A maior pressão dinâmica que realmente experimenta e que tinha lugar nas proximidades da fazenda do Capitão José Ferreira Campos não excedia a 15 e meia atmosferas, quando nesse ponto e em outros pontos também baixos foram empregados tubos que resistem a 25 atmosferas.
O reservatório de distribuição é ainda o mesmo e está hoje sob o domínio da COPASA, no alto do bairro de São José. Foi construído dentro das normas de solidez e em um belo edifício que hoje se apresenta com algumas modificações. Sua capacidade era de 250.000 litros e a população não sofria como não sofreu falta de água embora o reservatório fosse constituído de uma só cuba, isso por causa de três registros de manobra que isolava o reservatório da linha da adutora e ainda da rede de distribuição com ligação direta.
A extensão da rede de distribuição era de sete quilômetros com uma linha tronco de ferro fundido de 125 milímetros e seus ramais de ferro galvanizado calibre 4,3,2 polegadas, possuindo também registros de parada necessários nos pontos de bifurcação e ainda 26 bocas de incêndio ou de irrigação.
Havia também três sub ramais de uma, uma e meia e duas polegadas com extensão de um quilometro por meio de chafarizes, para abastecerem os subúrbios da cidade que em 1916 ainda não eram providos de água e esgoto.
O sistema de esgotos na época estabelecido era denominado de “separador absoluto”, no qual os coletores recebiam os dejetos de proveniência humana, águas de uso doméstico etc..., sem nenhuma contribuição de águas pluviais.
O coletor geral tinha extensão total de 2.024 metros de diâmetro variando 0,30 mm a 0,15mm. Os coletores das ruas eram de 0,15 mm de diâmetro com uma extensão de 6.711 metros.
Os ramais domiciliares para as latrinas eram de 4 polegadas e se achavam completamente isolados de todos os outros coletores de águas servidas pelo sifão de caixa de gordura.
Existiam ainda em toda a rede de esgoto 109 poços de inspeção guardando entre si a distancia media de 66 metros e 23 aparelhos fluxíveis colocados nas cabeceiras dos esgotos. Consistiam os aparelhos de um grande balde que recebia por determinado tempo água e quando cheio, automaticamente viravam, jogando a água contida, na rede de esgotos e exercendo dupla e importantíssima função de lavá-los e areja-los.
Muitos canos e aparelhos descritos contidos nesta historia ainda podemos encontrar enterrados pelas ruas de nossa cidade. Recentemente em 2002 devido a um entupimento o povo são-joanense pode conhecer parte do sistema aqui implantado no período de 1912 a 1915, fato acontecido na rua Coronel José Dutra.
Sobre os aparelhos que executavam a função de lavagem e arejamento em diversos pontos da cidade o Município ainda guarda totalmente intactos esses aparelhos, como por exemplo, em frente à Prefeitura Municipal no cruzamento das ruas Getulio Vargas - Comendador Francisco Ferreira e Governador Valadares, na confluência das ruas Professor Gabriel Archanjo de Mendonça e Visconde do Rio Branco e confluência das ruas Duque de Caxias e barão de São João entre outras, havendo possibilidade de todos eles ainda estarem em perfeito estado e todos os vinte e três instalados ainda estarem nos seus lugares de origem uma vez não se tem conhecimento de sua retirada em nenhuma ocasião.
A Fundação Cultural São João Nepomuceno recentemente promoveu ampla divulgação do sistema aqui implantado, que seguiu os moldes do sistema implantado na cidade de Santos em São Paulo e, o Conselho do Patrimônio Cultural e Natural também fez incluir em ata o fato descrito, tendo ambos convidado a Universidade Federal de Juiz de Fora através do Setor de Arqueoastronomia e o MEA Museu de Arqueologia daquela instituição, que já realizou pesquisas arqueológicas no município tendo registrado três sítios arqueológicos, para conhecer a historia e verificar em “in loco” o que a historia nos relata em forma escrita e oral.
A Fundação diante dos estudos acabou encontrando uma valiosa caderneta datada de 1916, que pertencia ao engenheiro Leopoldo Alves. Escreveu Leopoldo Alves na primeira pagina de sua caderneta: Contem as ligações da rede de esgotos da cidade de São João Nepomuceno e ainda abaixo finaliza: Notas transcriptas em julho de 1916 por e assina Leopoldo Alves. A caderneta é uma verdadeira relíquia e foi inventariada em livro próprio da Fundação Cultural uma vez é prova cabal do sistema de esgotos descrito acima e em São João Nepomuceno implantado.
Com estas ações damos passos largos, rumo a preservação histórica de nossa cidade uma vez registrado foi o Sitio Arqueológico Histórico Augusto Gloria Um sitio histórico em plena rua, o primeiro em uma cidade pequena de Minas Gerais e talvez do Brasil, levando a todos o conhecimento de um sistema quem sabe completamente desconhecido para muitos, implantado em apenas duas cidades brasileiras.
O Poder Público Municipal fez publicar importante revista sobre a cidade de São João Nepomuceno isso no ano de 1916, fonte histórica de pesquisa, escrita por Roberto Capri e editada por Pocai Weiss & Companhia de São Paulo sendo Agente Executivo (Prefeito) o Dr Péricles Vieira de Mendonça, Presidente da Câmara Municipal.
Entre tantas histórias importantes ele nos relata fato precioso sobre o inicio do saneamento na cidade.
Mas a historia é mais farta e recheada de fatos pitorescos e curiosidades o que nos faz embrenhar mais ainda por seus caminhos nos maravilhando com o estilo empreendedor dos homens da época, munícipes antecedentes que construíram nossa historia ao sabor da luta com finais de vitória. Vejamos então.
Quando São João Nepomuceno, era dirigido por Dr. Augusto Gloria Ferreira Alves, isso em 1909 visitou a cidade o Presidente de Minas Gerais (hoje Governador) Francisco Sales com sua comitiva, foi calorosamente recebido pelo povo são-joanense e em mensagem ao povo o Presidente dirigiu-se ao Agente Executivo Dr. Augusto Gloria e perguntou-lhe: Qual o serviço público mais urgente para a cidade? Imediatamente a resposta foi clara, lógica, decisiva e direta: O saneamento, ou seja água canalizada e rede esgoto.
Não havia outro serviço mais urgente a se empreender uma vez as condições sanitárias eram precaríssimas. Os dejetos humanos eram colocados em barris e transportados em carroções puxados a mulas e burros, durante a madrugada e depois jogados em córrego fora da cidade.
Não é de admirar que nessas circunstâncias fosse quase endêmica a ocorrência de enfermidades infecto contagiosas como as colibaciloses e tifoses e paratifoses agrupadas ao titulo de salmoneloses , ou as desinterias bacilar e amebiana, entre outras até mesmo a tuberculose que se apresentava em numero vultuoso.
Diante da resposta do Dr. Gloria o Presidente Francisco Sales assumiu de imediato o compromisso e, com efeito, não tardou a chegar a São João uma comissão para estudos dirigida pelos engenheiros Dr. Lourenço Baeta Neves e Prof. José Barcelos de Carvalho.
Findo o mandato de Francisco Sales seu sucessor Dr. Bueno Brandão, que havia incluído em seu plano de governo o saneamento nas sedes dos municípios mineiros, determinou a realização de estudos e pesquisas para determinação do manancial onde a água deveria ser captada, estudos esses realizados pelos Doutores e professores José Barbosa de Oliveira Flores (engenheiro chefe) e José Nogueira de Sá e Leopoldo Rodrigues Alves (engenheiros auxiliares) da Escola de Engenharia de Ouro Preto.
Ficou decidido que a capitação da água se fizesse no Córrego dos Medeiros na Serra do Descoberto, afluente do ribeirão do Grama que é tributário do Rio Novo.
Findo o mandato de Dr. Augusto Gloria assumiu o executivo o inolvidável são- joanense José Henriques Pereira Brandão, o Zeca Henriques que adquiriu pela Câmara Municipal por quinze contos de reis uma propriedade com noventa alqueires de mata, no então distrito de Descoberto, (escrituras originais parte do acervo da Fundação Cultural São João Nepomuceno) dentro da qual nasce e tem o seu maior curso o córrego dos Medeiros por escritura publica passada em 4 de dezembro de 1911. Estas terras ainda são de propriedade do município de São João Nepomuceno e guardam relíquias como o sistema de captação em caixas e a residência do fiscal da mata, que se tornou mais tarde a primeira reserva biológica do Estado de Minas Gerais. No período administrativo de 1912 a 1915 foram iniciadas e concluídas as obras sob a direção do engenheiro José Barbosa de Oliveira Flores dotando nossa cidade de um dos mais perfeitos serviços de água e esgotos do Estado de Minas Gerais semelhante na época ao da cidade de Santos em São Paulo e segundo historia oral aos moldes da cidade de Paris, a capital francesa.
Tecnicamente podemos descrever o tanque fluxível, como um reservatório subterrâneo de água destinados a fornecer descargas periódicas sob pressão dentro dos trechos de coletores sujeitos a sedimentação de material sólido, para prevenção contra obstruções por sedimentação progressiva, que coube ao engenheiro Francisco Rodrigues Saturnino de Brito, inventar o original. Saturnino que é patrono da Engenharia Sanitária no Brasil, pois foi o "primeiro engenheiro sanitarista do Brasil", com uma imensa obra publicada no Brasil e na Europa e inventor de diversos sistemas não patenteados (pois julgava-os, corretamente, um benefício para a humanidade e não como fonte de renda própria ) entre eles o " tanque fluxível tipo Saturnino de Brito" responsável pela elaboração do sistema na cidade de Santos.
Compreendia o sistema de captação de caixas de areia em numero de quatro para decantação da água captada com uma vazão na época de cerca de 18 litros por segundo ou seja arredondando-se os números tínhamos um milhão e quinhentos mil litros de água em vinte e quatro horas.
Todos os depósitos providos de comportas para descarga quando se fazia necessária sendo o segundo e o quarto deposito munidos de duas grades e ralo esférico que se era ligado à canalização.
A canalização tinha diâmetro de 175 milímetros numa extensão de 13.704 metros sendo 9.115 de tubos de aço envolvidos de mamadas impermeáveis de juta e asfalto intercalados nos trechos de ferro fundido e assentados nos intervalos em que a pressão estática excedia a quinze atmosferas.
A linha da adutora atravessava geografia acidentada entre vales sendo o mais profundo o do Rio Novo cujo thalweg se achava a 209 metros abaixo da represa.
Por esse motivo foram colocados em seu percurso 15 registros de descarga e 29 ventosas, das quais 14 com tubuluras de 60 milímetros assentadas sobre tês de aço ou ferro fundido, e 15 de formato menor, tubulura de 19 milímetros.
A diferença do nível entre a saída d’água da caixa de areia e a sua entrada no reservatório é de 124 metros donde se conclui ser de 9 milímetros aproximadamente a perda de carga por metro. Para evitarem- se os graves perigos que podiam provir da extraordinária pressão que sofria grande parte da canalização em carga estática, não assentaram um registro de parada em toda linha de adução. A maior pressão dinâmica que realmente experimenta e que tinha lugar nas proximidades da fazenda do Capitão José Ferreira Campos não excedia a 15 e meia atmosferas, quando nesse ponto e em outros pontos também baixos foram empregados tubos que resistem a 25 atmosferas.
O reservatório de distribuição é ainda o mesmo e está hoje sob o domínio da COPASA, no alto do bairro de São José. Foi construído dentro das normas de solidez e em um belo edifício que hoje se apresenta com algumas modificações. Sua capacidade era de 250.000 litros e a população não sofria como não sofreu falta de água embora o reservatório fosse constituído de uma só cuba, isso por causa de três registros de manobra que isolava o reservatório da linha da adutora e ainda da rede de distribuição com ligação direta.
A extensão da rede de distribuição era de sete quilômetros com uma linha tronco de ferro fundido de 125 milímetros e seus ramais de ferro galvanizado calibre 4,3,2 polegadas, possuindo também registros de parada necessários nos pontos de bifurcação e ainda 26 bocas de incêndio ou de irrigação.
Havia também três sub ramais de uma, uma e meia e duas polegadas com extensão de um quilometro por meio de chafarizes, para abastecerem os subúrbios da cidade que em 1916 ainda não eram providos de água e esgoto.
O sistema de esgotos na época estabelecido era denominado de “separador absoluto”, no qual os coletores recebiam os dejetos de proveniência humana, águas de uso doméstico etc..., sem nenhuma contribuição de águas pluviais.
O coletor geral tinha extensão total de 2.024 metros de diâmetro variando 0,30 mm a 0,15mm. Os coletores das ruas eram de 0,15 mm de diâmetro com uma extensão de 6.711 metros.
Os ramais domiciliares para as latrinas eram de 4 polegadas e se achavam completamente isolados de todos os outros coletores de águas servidas pelo sifão de caixa de gordura.
Existiam ainda em toda a rede de esgoto 109 poços de inspeção guardando entre si a distancia media de 66 metros e 23 aparelhos fluxíveis colocados nas cabeceiras dos esgotos. Consistiam os aparelhos de um grande balde que recebia por determinado tempo água e quando cheio, automaticamente viravam, jogando a água contida, na rede de esgotos e exercendo dupla e importantíssima função de lavá-los e areja-los.
Muitos canos e aparelhos descritos contidos nesta historia ainda podemos encontrar enterrados pelas ruas de nossa cidade. Recentemente em 2002 devido a um entupimento o povo são-joanense pode conhecer parte do sistema aqui implantado no período de 1912 a 1915, fato acontecido na rua Coronel José Dutra.
Sobre os aparelhos que executavam a função de lavagem e arejamento em diversos pontos da cidade o Município ainda guarda totalmente intactos esses aparelhos, como por exemplo, em frente à Prefeitura Municipal no cruzamento das ruas Getulio Vargas - Comendador Francisco Ferreira e Governador Valadares, na confluência das ruas Professor Gabriel Archanjo de Mendonça e Visconde do Rio Branco e confluência das ruas Duque de Caxias e barão de São João entre outras, havendo possibilidade de todos eles ainda estarem em perfeito estado e todos os vinte e três instalados ainda estarem nos seus lugares de origem uma vez não se tem conhecimento de sua retirada em nenhuma ocasião.
A Fundação Cultural São João Nepomuceno recentemente promoveu ampla divulgação do sistema aqui implantado, que seguiu os moldes do sistema implantado na cidade de Santos em São Paulo e, o Conselho do Patrimônio Cultural e Natural também fez incluir em ata o fato descrito, tendo ambos convidado a Universidade Federal de Juiz de Fora através do Setor de Arqueoastronomia e o MEA Museu de Arqueologia daquela instituição, que já realizou pesquisas arqueológicas no município tendo registrado três sítios arqueológicos, para conhecer a historia e verificar em “in loco” o que a historia nos relata em forma escrita e oral.
A Fundação diante dos estudos acabou encontrando uma valiosa caderneta datada de 1916, que pertencia ao engenheiro Leopoldo Alves. Escreveu Leopoldo Alves na primeira pagina de sua caderneta: Contem as ligações da rede de esgotos da cidade de São João Nepomuceno e ainda abaixo finaliza: Notas transcriptas em julho de 1916 por e assina Leopoldo Alves. A caderneta é uma verdadeira relíquia e foi inventariada em livro próprio da Fundação Cultural uma vez é prova cabal do sistema de esgotos descrito acima e em São João Nepomuceno implantado.
Com estas ações damos passos largos, rumo a preservação histórica de nossa cidade uma vez registrado foi o Sitio Arqueológico Histórico Augusto Gloria Um sitio histórico em plena rua, o primeiro em uma cidade pequena de Minas Gerais e talvez do Brasil, levando a todos o conhecimento de um sistema quem sabe completamente desconhecido para muitos, implantado em apenas duas cidades brasileiras.
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