SÃO JOÃO NEPOMUCENO - JAN NEPOMUCKY

134 ANOS OU 173 ANOS?



Por José Carlos Barroso

Desde que começamos a estudar profundamente a historia de nosso Município muito nos intrigou as controvérsias de datas, até que levado pelas explicações e estudos do historiador e professor Cláudio Heleno Machado, resolvemos suscitar questões, sabedores de que qualquer atitude poderia estar revolucionando uma historia contada há tempos nos bancos escolares.

Foi como Superintendente da Fundação Cultural São João Nepomuceno, e no ano de 2003, que escrevendo a história do Município, seus grandes vultos, e suas instituições através dos tempos, além de algumas curiosidades, com as quais nos deparamos ao longo de nosso trabalho, é que propusemos uma reconstrução, um resgate mesmo, dos fatos históricos esperando que nossas autoridades aceitassem nossas posições e ponderações em torno da questão e se unissem e comungassem conosco desse esforço.

Infelizmente assim não entenderam, e todo o nosso esforço, foi interrompido, até que somente agora no ano de 2010, que a Fundação Cultural, acatando os nossos estudos e, ainda do historiador André Cabral, aquela proposição revolucionaria da história foi levada até nossa Câmara de Vereadores, quando então vimos coroada nossa proposição, isto em 29 de abril de 2010.

Não passam elas de simples afirmações evasivas e desconexas, são todas oriundas de profunda pesquisa e estudo além de serem embasadas no relato e conhecimento de grandes nomes e de importantes historiadores, como o Cônego Raimundo Trindade, Celso Falabella de Figueiredo Castro, Dr. José de Castro Azevedo, Dr. Paulo Roberto Medina, Padre Dr. José Vicente César, Professor Cláudio Heleno Machado, Professor Antonio Henrique Duarte Lacerda do Arquivo Público de Juiz de Fora, e agora André Cabral, dentre outros, todos amparados por rica bibliografia oriunda de arquivos, jornais e livros.

O importante é que não esmorecemos e, sempre esperamos, que nossas autoridades permanecessem solidárias à nossa proposta e pudessem endossá-las unindo esforços na tentativa de reconstrução e recuperação da história de nossa São João Nepomuceno

Para que nossos jovens, e crianças em particular pudessem ter em mãos um compêndio contendo um pouco de nossa história, para suas pesquisas, e conhecimento, e que nossos professores deste trabalho se utilizassem para seus estudos e informações profissionais, apresentamos no ano de 2003 no Jornal O SUL DA MATA, a primeira edição dessa historia tão rica.


E foi com este mesmo pensamento que abraçamos a ideia e que só agora entregamos a todos por este blog São João Nepomuceno (JAM NEPOMUCKY como o fruto de uma união de pensamentos e esforços.

sexta-feira, 5 de abril de 2013


CONTRAPOSIÇÃO
A VERDADE NO DIA DA MENTIRA

Por José Carlos Barroso

Há datas comemorativas pelas mais diversas razões. Algumas delas prestam homenagens a heróis, outras comemoram eventos religiosos, mas o primeiro de abril sobressai, como a única data para se comemorar a mentira. O dia 1º de abril é uma antiga comemoração e tem historia curiosa.
Alguns zombeteiros começaram a ridicularizar esse dia enviando aos conservadores apelidados de “bobos de abril” presentes estranhos e convites para festas inexistentes. Com o tempo a brincadeira firmou-se em toda a França onde apareceu e, depois de duzentos anos depois migrou para a Inglaterra e daí para o mundo.
Mas minha gente, por falar nisso, foi desgostoso, desagradável ao extremo receber um jornal, e ver em sua primeira página o seguinte chamamento:
Feliz aniversário!? Primeiro de abril. Parece piada, mas não é. São João Nepomuceno “comemora” 172 anos no dia da mentira. Pag. 3.
Bem passemos as nossas observações “pari passu”:
Primeiramente em primeira página como chamamento para o artigo vemos dois pontos, um de exclamação e outro de interrogação.
O primeiro empregado exclamativamente, com finalidade de expressar sentimentos e, o segundo com função de expressar a falta de informação sobre determinado tópico, a qual parece estar sendo pedida ao leitor.
Depois logo abaixo denotamos que a palavra comemora vem entre aspas (do tipo aspas francesas) colocadas alceadas, como forma de se chamar atenção.
Meu segundo movimento foi abril o jornal e dirigir-me a página 3 conforme indica o chamamento da primeira página. É aí foi ridículo, pois aparece ilustrando o artigo, a figura emblemática da história infantil do Vovô Gepeto e a sua criatura, o boneco de madeira, chamado Pinóquio, que depois de ganhar vida, viu seu nariz crescer, pela mentira.
Na ponta de seu imenso nariz aparece outra figura infantil, a do Grilo Falante, que é um companheiro sábio e bem humorado de Pinóquio em suas aventuras, criado para ser um tipo de consciência.  
Bem mas o que mais nos indignou a figura infantil que representa a mentira estar virada para o brasão do município, disposição que nos assustou pela falta de respeito, e pelo exagero do desconhecimento.
Vez por todas, a nossa história não se prende a estórias e ou, historietas contadas jocosamente, que me perdoe o jornalista autor do texto, que ainda não tive o prazer de conhecer, mas pelo que escreveu entende que tudo nasceu entre verdades e mentiras, entre mistérios e relíquias históricas.
A historia de nossa cidade, tal como toda a historia não é uma de soma onde dois mais dois é quatro, agora e depois. A beleza está nas descobertas históricas que vão surgindo com o passar dos anos.
Abro aqui um parêntese para convidar a todos o estudo que publiquei em meu blog sobre São João Nepomuceno cujo endereço é o seguinte jannepomucky.blogspot.com.br
Lado outro, pouco me importa que venham me chamar de piegas, e que usem o sarcasmo e a forma depreciativa, quanto ao meu modo de pensar e ver as coisas. E para colocar as coisas nos seus devidos lugares sou extremamente sentimental, me emociono com facilidade, tenho cá meu lado romântico e, amo muito a minha terra e, de forma incomensurável para ser mais preciso.   
Há alguma coisa errada em ser piegas? Deveras eu não sou preconceituoso e não me deixo levar pelos adjetivos atributivos buliçosos, que alguns em determinado momento querem me imputar.
A minha posição é ser definitivamente favorável a qualquer sentença moral e conceituoso aforistica como “a morte é séria e não admite ironia” ou Parece mentira, mas não é.
Desculpem, mas não é assim que se conta a história e, nada me custa contá-la assim:
Cidade de São João suave, emotiva, que como um filme nos meus olhos passas...Tenho nos olhos a alegre perspectiva de tuas ruas e de tuas praças.
     

quinta-feira, 4 de abril de 2013

CIDADE GARBOSA

O Município de São João Nepomuceno:

Histórico


Antonio Henrique Duarte Lacerda
Diretor da Divisão de Arquivo Histórico de Juiz de Fora
Cláudio Heleno Machado
Professor de História da Escola Estadual Gabriel Arcanjo de Mendonça

Os primeiros habitantes a se fixarem na região que deu origem a São João Nepomuceno remontam, provavelmente, ao final do século XVIII, constituindo-se de população oriunda da região central e mineradora da capitania, então em avançado processo de crise e decadência econômica advinda do esgotamento da exploração dos minerais. A estes pioneiros interessava, portanto, assegurar a posse de terras nas áreas ainda  não oficialmente ocupadas.
Já no início do século XIX podem ser identificadas as primeiras propriedades organizadas, como a fazenda da Roça Grande, cujo proprietário, José Antônio Furtado de Mendonça, era também Guarda-Mor da Intendência das Minas, competindo-lhe a fiscalização da exploração mineral  na capitania, fazendo-se observar e cumprir o seu respectivo regimento, além de também dar procedimento à repartição das datas de lavra entre os exploradores. Outros proprietários que merecem destaque já neste momento são Antônio Dutra Nicácio, com sua fazenda do Ribeirão e Domingos Henriques de Gusmão, cuja família teria, pela devoção a São João Nepomuceno, contribuído para que o referido santo se tornasse o padroeiro local e se configurasse como o próprio topônimo[1]. Tradicionalmente, estes proprietários, aparentados entre si e oriundos de Queluz (atual Conselheiro Lafaiete), além de Domingos Ferreira Marques, são dados como os quatro pioneiros e fundadores da localidade que teria surgido ao redor da construção designada como  “Capela de Baixo” ou  “Capela do Rio Novo de Baixo”, em oposição à  “Capela de Cima”, existente do outro lado deste rio tomado por referência, no povoado vizinho de Conceição do Rio Novo. A referida capela e as casas erguidas pelos mencionados pioneiros,  para poderem se abrigar durante os festejos religiosos,  foi  o núcleo original  da atual cidade de São João Nepomuceno, tendo o mesmo se constituído pelos idos de 1811[2].
Com a criação do primeiro termo[3] da Zona da Mata em 25 de agosto de 1832, com a elevação da Freguesia  de São Manuel do Pomba à categoria de vila, desmembrado do Termo de Mariana, o antigo curato da  “Capela de Baixo” é incorporado ao novo termo com a denominação de São João Nepomuceno do Rio Novo[4]. Judicialmente, figurava então o novo Termo do Rio Pomba na Comarca do Rio Paraibuna, juntamente com os termos de Baependi e, como sede, o de Barbacena. Ressalte-se que neste período a denominação São João Nepomuceno do Rio Novo não significa nenhuma subordinação deste em relação à Conceição do Rio Novo (atual Rio Novo), mas sim uma referência ao rio que banha as duas freguesias, ambas então pertencentes ao Termo do Rio Pomba[5].
Em 1841, a Lei Provincial de n° 202, datada de 1 de abril , em seu artigo 1°, parágrafo 4°, criou o Termo de São João Nepomuceno, elevando a antiga freguesia à categoria de vila, desmembrada do Termo do Rio Pomba. A mesma lei, em seu artigo 3°, deu nova configuração também à Comarca do Rio Paraibuna, passando a mesma a abranger os termos de Rio Pomba, São João Nepomuceno, São João Batista do Presídio (atual Visconde do Rio Branco) e Barbacena, mantido como sede. Compunha-se então o novo termo de São João Nepomuceno, o segundo a ser criado na Zona da Mata, além  de sua freguesia sede, das de Conceição do Rio Novo, de Santíssima Trindade do Descoberto (atual Descoberto), de Santo Antônio do Porto (atual Astolfo Dutra) e mais os distritos de Rio Pardo (atual Argirita), de Espírito Santo (atual Guarará), do Cágado (atual Mar de Espanha), de São José d ‘Além Paraíba (atual  Além Paraíba), de   Madre de Deus do Angu (atual Angustura) e do Feijão Cru (atual Leopoldina)[6].
Ressalte-se, pois, a enorme abrangência territorial do Termo de São João Nepomuceno quando de sua primeira criação em 1841, considerando-se a área da região tradicionalmente conhecida por Zona da Mata. Destaque-se também que importantes termos ou municípios criados posteriormente não passam, neste momento, de meros distritos que ainda não configuravam sequer uma freguesia.
Aqui cabem algumas considerações a respeito da organização administrativa e eclesiástica no período imperial, herança da colonização portuguesa. As duas instâncias, pela ligação oficial existente entre o Estado e a Igreja, interpenetravam-se. Dessa forma, todo termo ou município tinha por sua sede uma vila que, dependendo de seu desenvolvimento ou dos interesses em conferir-lhe uma dignidade maior, poderia receber também a titulação de cidade, o que originariamente só era concedido a uma sede de bispado. Ocorre que, eclesiasticamente, toda sede de termo ou município constituía-se também numa freguesia, assim como todas as suas outras localidades que possuíssem pelo menos uma paróquia que agregasse uma população que justificasse recebimento do referido  “status”. Logo, os termos ou municípios eram divididos tanto administrativa quanto eclesiasticamente em freguesias. A denominação distrito era designativa de população esparsa e que, embora já pudessem ter erigido uma capela, não agregavam ainda condições para que fossem elevados à categoria de freguesia. Distritos, portanto, valendo-se de critérios demográficos, não raramente também definidos politicamente, eram equivalentes a lugares ainda considerados termos ou não totalmente agregados a um núcleo, subordinados, necessariamente, a uma freguesia.
Em 16 de agosto de 1842, após a realização das primeiras eleições, instalou-se a Câmara Municipal em São João Nepomuceno. Coube ao antigo Ouvidor-Geral em Barbacena, Antônio José Monteiro de Barros, residente no distrito ou região do Feijão Cru, a condução dos trabalhos de instalação e presidência desta primeira Câmara, na condição de ter sido o seu vereador mais votado. Funcionou a Câmara ininterruptamente até 1851, assegurando a autonomia municipal de São João Nepomuceno, quando nova Lei Provincial, de n°504, datada de 10 de setembro deste ano, criou o Termo de Mar de Espanha, elevando à categoria de vila o arraial de Cágado, desde 1841 e até então um dos distritos do anterior Termo de São João Nepomuceno, transformado agora em freguesia daquele novo termo criado. Tal medida pode ser atribuída a questões políticas relacionadas às disputas eleitorais entre os partidos Conservador e Liberal. Os conservadores, formando o gabinete à época, teriam suprimido o Termo de São João Nepomuceno em represália às lideranças liberais locais, assegurando que o resultado das eleições os mantivesse no poder[7]
Novamente cabem outras considerações, agora a respeito do dito parlamentarismo praticado no período imperial. Contrariamente ao parlamentarismo de origem britânica, onde o governo ou gabinete é formado a partir da maioria que se consolida pelo resultado das eleições, no Brasil, a existência do Poder Moderador determinava que o imperador nomeasse primeiro o presidente do Conselho de Ministros de Estado e este os seus demais membros. Só depois, então, realizavam-se as eleições, configurando-se o que se denominou de “parlamentarismo às avessas”. Os processos eleitorais eram marcados tanto pelas fraudes quanto pela violência, sempre com o objetivo de assegurar a vitória e a consolidação da maioria pelo partido que já estivesse formando o gabinete. Neste sentido, faziam-se, necessariamente, constantes revisões ou reestruturações dos distritos eleitorais, nem sempre respeitando as delimitações dos termos ou municípios. Diminuía-se ou aumentava-se a importância ou a representatividade destes últimos, sempre de acordo com o engajamento das lideranças locais e com os interesses do partido governista vencer as eleições e alcançar e garantir a maioria.
A primeira supressão da municipalidade são-joanense, em 1851, como já mencionamos, estabelecendo sua subordinação ao então criado termo ou município de Mar de Espanha ainda se fez seguir, pouco depois, de sua supressão também como freguesia. Outra Lei Provincial, de n° 542 e datada de 9 de outubro de 1851, transformou São João Nepomuceno em curato e subordinou-o à freguesia de Conceição do Rio Novo, também pertencente ao município de Mar de Espanha[8]. Só em 1859, outra Lei Provincial, de n° 1.033 e datada de 6 de julho, restabeleceu a São João Nepomuceno o  “status” de freguesia, mantendo-a ainda como parte do município de Mar de Espanha[9]. Em 1868, com os conservadores novamente no poder, após o interregno representado pelo governo liberal desde 1863, é a vez dos primeiros promoverem agora a emancipação de São João Nepomuceno por Lei Provincial de n° 1.606 e datada de 28 de julho, caracterizando, portanto, a segunda criação deste município[10]. Desta vez, a área do novo município era bem mais reduzida do que em relação a sua criação original em 1841, abrangendo ainda, além da freguesia composta pela vila de São João Nepomuceno, a de Conceição do Rio Novo e os curatos ou distritos de Santíssima Trindade do Descoberto e de Piau, por sua vez desmembrado do Município de Juiz de Fora[11].
Sobre esta segunda emancipação estabeleceremos alguma divergência com o que tradicionalmente tem sido colocado pelos autores que citamos até agora. Reconhecemos o seu valoroso trabalho e preciosas contribuições realizadas para recuperação da história do Município de São João Nepomuceno, mas pudemos dispor de uma fonte documental que talvez não estivesse disponível para os mesmos durante suas pesquisas, o que passamos a incorporar e nos propomos a divulgá-la para melhor elucidar a segunda criação do referido município.
Durante o período imperial, por razões políticas e eleitorais que anteriormente já abordamos, as criações, supressões e novos arranjos da composição de termos ou municípios eram constantes. Houve mesmo situações em que o curto tempo entre a criação e a supressão de determinados municípios sequer permitiu sua instalação e funcionamento, existindo os mesmos apenas no corpo das leis que os criaram. Injunções políticas também atuaram, noutros casos, retardando ao máximo a instalação de municípios criados, para só então, depois, quando fosse mais seguro ou conveniente, suprimi-los ou subordiná-los aos interesses que naquele momento se constituíssem em majoritários. Mas, a supressão de São João Nepomuceno em 1870, pela Lei Provincial n° 1.644, de 13 de novembro[12] e, portanto, pouco mais de dois anos após a sua segunda criação, não parece ter sido motivada pelas situações que acabamos de expor. Contrariamente ao que tradicionalmente vinha se afirmando, a Câmara Municipal de São João Nepomuceno deste período foi eleita e instalada, tendo ainda funcionado, conforme pudemos apurar pela existência de correspondência estabelecida com a Câmara Municipal de Juiz de Fora.
Na verdade, na referida correspondência, o Procurador da Câmara Municipal da Cidade de Juiz de Fora solicita informações à Câmara Municipal da Vila de São João Nepomuceno a respeito de quando a mesma fora instalada ou qual o dia de posse dos vereadores eleitos, além de quando foram aprovadas e publicadas suas posturas, dentre algumas outras questões. O detalhe importante é que tal pedido de informações é datado de 8 de maio de 1871. A resposta, no verso do próprio ofício, é ainda mais surpreendente. O Secretário da Câmara são-joanense, Augusto Clementino Coelho, responde:

Certifico que em virtude da petição retro e seu despacho passando a rever o Livro de posse e juramento dos Camaristas,e mais impregados (sic) d ‘esta Mucipalidade, d ‘elle consta a folha suma (sic) que esta Villa foi installada no dia quatro de junho do anno próximo passado pelo Presidente e Secretario da Câmara Municipal do Mar de Hespanha (sic), tomando posse e prestando juramento o Prezidente (sic) desta Câmara e mais Vereadores. Consta mais do Livro das actas das Sessões que na Sessão Ordinária de doze de julho do mesmo anno foi adoptada (sic) as Posturas da Câmara do Mar de Hespanha (sic) para servirem neste Município, ordenando-se aos Fiscaes dos Districtos para por ellas se regerem. Mais consta do mesmo Livro, que essa adopção foi approvada pelo Exmo. Presidente da Província por Portaria de três de Agosto do mesmo anno, e publicada neste Município por Editaes da Câmara. (...) Villa de São João Nepomuceno 9 de Maio de 1871[13].

É fato, entretanto, que a referida Lei  de 13 de novembro de 1870 suprimiu o município de São João Nepomuceno, subordinando-o, como freguesia, ao novo município criado de Rio Novo. Mas, também  é fato que a Câmara são-joanense foi instalada após sua segunda criação e encontrava-se funcionando em um período em que, oficialmente, já estava extinta. A explicação que podemos oferecer é que, provavelmente, a referida Câmara só foi definitivamente suprimida quando ocorreu a instalação solene da nova Câmara Municipal de Rio Novo. Devido à morosidade dos rituais administrativos, a instalação desta última deve ter se realizado posteriormente a data do documento transcrito acima. 
Só em 1880 é que São João Nepomuceno adquiriria em caráter definitivo a condição de município que mantém até os dias atuais, através da Lei Provincial n° 2.677, datada de 30 de novembro. Compunha-se este terceiro Município de São João Nepomuceno das freguesias de sua vila e de Santíssima Trindade do Descoberto, além do distrito ou curato de Santa Bárbara (atual distrito de Carlos Alves) e da paróquia de Dores de Monte Alegre (atual distrito de Taruaçu),  por sua vez desmembrada do Município de Mar de Espanha. Outra Lei Provincial, de n° 2.848 e datada de 25 de outubro elevou a vila sede do município à categoria de cidade e, já no período republicano, a Lei Estadual n° 11, de 13 de novembro de 1891 criou  a Comarca de São João Nepomuceno.







(1) MEDINA, Paulo Roberto de Gouvêa. São João Nepomuceno: o município, sua criação, seus vultos históricos. Juiz de Fora : UFJF, 1980. p. 3.
(2) Idem, p. 4.
(3) A denominação município só passa a ser utilizada a partir de meados do século passado, simultaneamente com a sua equivalente (termo) e substituindo-a, por completo, com o passar do tempo.
(4) MEDINA, Paulo Roberto de Gouvêa. op. cit., p. 5.
(5) SANTIAGO, Sinval Batista. O município de São João Nepomuceno. In: Voz de São João. 28/05 e 04/06/67.
(6) Idem.
(7) MEDINA, Paulo Roberto de Gouvêa. loc. cit.
(8) Idem, loc. cit.
(9) SANTIAGO, Sinval Batista. loc. cit.
(10) MEDINA, Paulo Roberto de Gouvêa. loc. cit.
(11) SANTIAGO, Sinval Batista. loc. cit.
(12) MEDINA, Paulo Roberto de Gouvêa. op. cit., p. 5-6. SANTIAGO, Sinval Batista. loc. cit.
(13) ARQUIVO HISTÓRICO DA CIDADE DE JUIZ DE FORA. Fundo Câmara Municipal no Império, Série 119, 08/05/1871.








terça-feira, 2 de abril de 2013

SÃO JOÃO NEPOMUCENO


133 anos ou 172 anos?

Por José Carlos Barroso



Desde que começamos a estudar profundamente a historia de nosso Município muito nos intrigou as controvérsias de datas, até que levado pelas explicações e estudos do historiador e professor Cláudio Heleno Machado, resolvemos suscitar questões, sabedores de que qualquer atitude poderia estar revolucionando uma historia contada há tempos nos bancos escolares.
Assim quando Superintendente da Fundação Cultural “São João Nepomuceno” e escrevendo a historia do Município, seus grandes vultos e suas Instituições através dos tempos, além de algumas curiosidades com as quais nos deparamos ao longo de nosso trabalho, propusemos uma reconstrução dos fatos históricos esperando que nossas autoridades aceitassem nossas posições e ponderações em torno da questão e se unissem e comungassem conosco desse esforço.
Não são elas simples afirmações evasivas e desconexas, são todas oriundas de profunda pesquisa e estudo além de serem embasadas no relato e conhecimento de grandes nomes e historiadores, como Cônego Raimundo Trindade, Celso Falabella de Figueredo Castro, Dr. José de Castro Azevedo, Dr. Paulo Roberto Medina, Padre Dr. José Vicente César, Professor Cláudio Heleno Machado, Professor Antonio Henrique Duarte Lacerda do Arquivo Público de Juiz de Fora, e André Colombo, todos amparados por rica bibliografia oriunda de arquivos, jornais e livros.
Que nossas autoridades tivessem permanecido solidárias à nossa proposta e pudessem endossá-las unindo esforços na tentativa de reconstrução e recuperação da história de nossa São João Nepomuceno, foi sempre o que almejamos.
Foi com o pensamento de que nossos jovens e crianças em particular pudessem ter em mãos um compêndio contendo um pouco de nossa história, para suas pesquisas e conhecimento e, para que nossos professores deste trabalho utilizassem para seus estudos e informações profissionais, foi que abraçamos esta ideia e entregamos a todos o fruto de uma união de pensamento e esforços.

Padaria dos Saquetto hoje o COLÉGIO APOIO

Vejamos então:  

No ano de 1810 a Capela de São João Nepomuceno já existia como aplicação sendo citada na carta de nomeação do Guarda- Mor- Substituto José Antonio Furtado de Mendonça o Guarda Mor Furtado. Esta Capela pode ser considerada uma das mais antigas, fundada na parte sul da Freguesia de São Manoel de Jesus Maria. Já em 1811 a capela de São João Nepomuceno, era filial de São Manoel do Pomba.
O patrimônio da Capela de São João Nepomuceno foi constituído pelo Guarda Mor José Antonio Furtado de Mendonça e, sua mulher Francisca Maria de São José, por escritura de doação em 27 de novembro de 1815 (cópia do original acervo da Fundação Cultural doação e pesquisa da historiadora Maria do Carmo Sobreira e fotos de Eduardo Ayupe).
Segundo historiadores possivelmente as terras doadas foram adquiridas por direito de posse uma vez o seu doador José Antonio Furtado de Mendonça só recebeu sua sesmaria em 10 de junho de 1819 situada no sertão do Rio Novo freguesia de São Manoel do Pomba no lugar conhecido como Ribeirão Bonsucesso na Fazenda Roça Grande, confrontando com as terras de Manoel Reis posses de João Reis e Ângelo Pereira e sesmaria de Teresa Maria de Jesus passada em 05 de março de 1818 e de nome Roça Grande ( Relata Celso Falabela em seu livro Os Sertões do Leste , e transcreve em Voz de São João em artigo denominado “A Historia de Minha Rua” o Dr. José de Castro Azevedo, magistrado e historiador membro do Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora. Arquivo da Fundação Cultural) 
Não sabemos ao certo, portanto o que levou a criação do povoado em homenagem a um santo canonizado por seu apostolado na Boêmia nascido em Nepomuk perto de Praga e sepultado em túmulo de prata na Catedral de Praga numa época em que as homenagens se estendiam aos santos de origem espanhola, italiana, portuguesa ou francesa.
O que nos foi passado oralmente através dos tempos é que um dos fundadores Domingos Henriques de Gusmão cuja família era devota deste santo tenha encomendado uma imagem do santo diretamente da cidade de Praga para inauguração da Igreja (Relíquia da Igreja Matriz).
Porém o Padre Dr. José Vicente César em seu livro “Historia de Capela Nova” nos relata que a imagem foi levada pelo Padre Jacó, da Fazenda do Patrimônio assim chamada por ser-lhe patrimônio de sacerdócio, para cá.
São João Nepomuceno era o santo de devoção da família Henriques. Já padre Jacó o padre Jacó Henriques Pereira era o primogênito do casal José Henriques e de Rosa Maria de São José, e fora nascido na Fazenda do Patrimônio. Também na fazenda do Patrimônio nasceu Domingos Henriques Gusmão que era casado com Maria Dias de Carvalho. Domingos Henriques de Gusmão era filho de Manuel Henriques Pereira Brandão segundo filho do casal José Henriques e Rosa Maria de São José, portanto sobrinho do Padre Jacó.
Já familiares de Domingos Henriques de Gusmão radicados em Caranaíba relatam que possivelmente a devoção da família ao santo provém do fato de que enchentes eram muito comuns por aquelas bandas na época e, São João Nepomuceno é o santo da Igreja Católica protetor contra as enchentes.
A partir daí o povoado se esvaiu pelo morro tomado por majestosos casarões até que se alcançasse a várzea, até então um verdadeiro brejo em muitos lugares.

Uma curiosidade

Conta-se também que por esse motivo algumas ruas do centro principalmente a Rua Coronel José Dutra foi compactada por diversas vezes e, antes de serem colocados os paralelepípedos foi coberta com grossas camadas de argila e, pedra e depois compactada com rolo compressor movido a vapor. Isto sob a supervisão de André Gotti na época Superintendente de Obras. (este fato recentemente pôde se comprovado com a nova canalização feita naquela rua e com a construção do novo calçadão)

Em carta enviada ao Dr. José de Castro Azevedo o consagrado historiador Cônego Raimundo Trindade afirma o seguinte sobre São João Nepomuceno em seu livro Instituições de Igrejas no Bispado de Mariana pagina 290:

A data de 01 de abril de 1841 “deve ser considerada a data de sua fundação: é a data de concessão de personalidade jurídica de São João Nepomuceno”

Então o dia 16 de maio só tem sentido religioso, pois se trata do dia do onomástico São João Nepomuceno, ou o dia em que a Igreja Católica comemora o sacrifício daquele mártir.(Dr. José Azevedo ).
Foi o jornal “O Município” (jornal fundado por Dr. Carlos Ferreira Alves) que publicou um dos mais antigos trabalhos históricos que se tem noticia sobre São João Nepomuceno, trabalho esse de Ulisses C. Brandão escrito em 14 de outubro de 1897 (segundo relatos do Dr. José de Castro Azevedo em artigo publicado em Voz de São João). Relata ainda o grande historiador magistrado e professor que foi a partir de 1910, que uma lenda sobre a fundação de São João Nepomuceno começou a ser propagada e, atribui tudo a imaginação fértil do consagrado e eminente Juiz Municipal Azevedo Correa (Irmão do poeta Raimundo Corrêa).

A lenda:

Quatro fazendeiros certa feita sonhando em fundar uma cidade resolveram que cada um deles partisse de sua fazenda seguindo todos numa mesma direção e onde se encontrassem levantariam uma capela e fundariam uma cidade. E assim fizeram e o grande encontro ocorreu no dia 16 de maio e como o dia 16 de maio é dia  de São João Nepomuceno a ele consagraram a capela que fizeram erigir. Daí surgiu à cidade de São João Nepomuceno como queriam os fazendeiros.

É inegável o desenvolvimento de São João em relação aos demais que se formavam a partir da segunda década do século XIX, prova é que em 1º de abril de 1841 pela lei 202 foi criada a Vila de São João Nepomuceno. Esta é a data que deve, portanto ser tomada como data de fundação do município.
O histórico de São João Nepomuceno oferecido pelos historiadores é claro ao reafirmar que São João Nepomuceno foi vitima de injunções políticas partidas das disputas de dois poderes da época, ou seja, o liberal e, o conservador na tentativa de imporem seus prestígios.
A propósito de qualquer especulação em torno da questão não podemos omitir da historia os fatos e, por isso reafirmamos que São João Nepomuceno possui 172 anos a serem contados a partir de 1º de abril de 1841. Data da criação do Termo ou Município.
A data de 30 de novembro de 1880 se refere à emancipação político- administrativa em forma definitiva o que levou-nos a comemorar em 16 de maio de 1980 o centenário do Município, possuindo assim 162 anos.
O dia 16 de maio é data religiosa em que a Igreja Católica comemora o sacrifício do mártir São João Nepomuceno, padroeiro do Município não havendo, portanto relação alguma com a fundação do Município de mesmo nome dado em homenagem ao mártir.

Com a Lei Municipal nº 2.681, de 11 de maio de 2010, a data do Município de São João Nepomuceno passou a ser o dia 1º de abril e, a data de aniversário da fundação do município o dia 16 de maio:

Vejamos a Lei:

Art. 1º: Fica instituído o dia 01 (primeiro) do mês de Abril do ano de 1841 (mil oitocentos e quarenta e um) como data de fundação do Município de São João Nepomuceno/MG.
Parágrafo único - Visando resguardar as tradições religiosas e cívicas, o aniversário da fundação do município continuará sendo comemorado no dia 16 (dezesseis) do mês de Maio.
Art. 2º - Fica instituído feriado municipal, em todo território do Município, o dia 16 (dezesseis) de Maio  de cada ano, dia consagrado a São João Nepomuceno, padroeiro do Município.
Art. 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.


Conclusão: São João Nepomuceno possui mesmo 172 anos.


CAPELINHA DE SANTO ANTONIO 1925

CAPELINHA DE SANTO ANTONIO 1925

CAPELINHA DE SANTO ANTONIO

CAPELINHA DE SANTO ANTONIO

NOSSAS MONTANHAS

NOSSAS MONTANHAS
UAI! SÃO AS MONTANHAS DE MINAS

TURMA DA 8ª SÉRIE DA E.M.CORONEL JOSÉ BRAZ

TURMA DA 8ª SÉRIE DA E.M.CORONEL JOSÉ BRAZ

SEM PALAVRAS!

SEM PALAVRAS!

A FABRICA DE TECIDOS

A FABRICA DE TECIDOS
FUNDADA EM 1895

ESCOLA CENTENÁRIA

ESCOLA CENTENÁRIA
ESCOLA MUNICIPAL CORONEL JOSÉ BRAZ

FANFARRA DO INSTITUTO BARROSO

FANFARRA DO INSTITUTO BARROSO
EM SEU INICIO

VISTA PARCIAL

VISTA PARCIAL
vista da matriz -São João a noite

A PREFEITURA HOJE

A PREFEITURA HOJE

O SOBRADO DE DONA PRUDENCIANA

O SOBRADO DE DONA PRUDENCIANA
O que restou da historia? UMA FOTO!!!