SÃO JOÃO NEPOMUCENO - JAN NEPOMUCKY

134 ANOS OU 173 ANOS?



Por José Carlos Barroso

Desde que começamos a estudar profundamente a historia de nosso Município muito nos intrigou as controvérsias de datas, até que levado pelas explicações e estudos do historiador e professor Cláudio Heleno Machado, resolvemos suscitar questões, sabedores de que qualquer atitude poderia estar revolucionando uma historia contada há tempos nos bancos escolares.

Foi como Superintendente da Fundação Cultural São João Nepomuceno, e no ano de 2003, que escrevendo a história do Município, seus grandes vultos, e suas instituições através dos tempos, além de algumas curiosidades, com as quais nos deparamos ao longo de nosso trabalho, é que propusemos uma reconstrução, um resgate mesmo, dos fatos históricos esperando que nossas autoridades aceitassem nossas posições e ponderações em torno da questão e se unissem e comungassem conosco desse esforço.

Infelizmente assim não entenderam, e todo o nosso esforço, foi interrompido, até que somente agora no ano de 2010, que a Fundação Cultural, acatando os nossos estudos e, ainda do historiador André Cabral, aquela proposição revolucionaria da história foi levada até nossa Câmara de Vereadores, quando então vimos coroada nossa proposição, isto em 29 de abril de 2010.

Não passam elas de simples afirmações evasivas e desconexas, são todas oriundas de profunda pesquisa e estudo além de serem embasadas no relato e conhecimento de grandes nomes e de importantes historiadores, como o Cônego Raimundo Trindade, Celso Falabella de Figueiredo Castro, Dr. José de Castro Azevedo, Dr. Paulo Roberto Medina, Padre Dr. José Vicente César, Professor Cláudio Heleno Machado, Professor Antonio Henrique Duarte Lacerda do Arquivo Público de Juiz de Fora, e agora André Cabral, dentre outros, todos amparados por rica bibliografia oriunda de arquivos, jornais e livros.

O importante é que não esmorecemos e, sempre esperamos, que nossas autoridades permanecessem solidárias à nossa proposta e pudessem endossá-las unindo esforços na tentativa de reconstrução e recuperação da história de nossa São João Nepomuceno

Para que nossos jovens, e crianças em particular pudessem ter em mãos um compêndio contendo um pouco de nossa história, para suas pesquisas, e conhecimento, e que nossos professores deste trabalho se utilizassem para seus estudos e informações profissionais, apresentamos no ano de 2003 no Jornal O SUL DA MATA, a primeira edição dessa historia tão rica.


E foi com este mesmo pensamento que abraçamos a ideia e que só agora entregamos a todos por este blog São João Nepomuceno (JAM NEPOMUCKY como o fruto de uma união de pensamentos e esforços.

domingo, 21 de novembro de 2010

O DR. JOSÉ DE CASTRO AZEVEDO

"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições”.

Com esta fase o Dr. José de Castro Azevedo findava todos os seus trabalhos sobre as Ruas e as Praças de nossa terra, e é com ela que iniciamos a biografia desse que foi certamente um dos mais homens mais cultos e um amante fervoroso dessa cidade. Vejamos:

Natural de Palma, Minas Gerais, nascido em 05 de março de 1918. Filho do Desembargador Ananias Varella de Azevedo e de D. Maria José de Castro Azevedo. Fez seus estudos primários no Grupo Escolar "Cel. José Brás" e iniciou o secundário no Ginásio Municipal, ambos de São João Nepomuceno. Prossegui-os no Ginásio São José e os concluiu no Ginásio Mineiro "Raul Soares", de Ubá.

Fez o curso complementar na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. Diplomou-se, em 08 de dezembro de 1942, em Odontologia, pela Escola de Farmácia e Odontologia de Juiz de Fora, quando foi o orador oficial da turma. Representou dita Escola do V Congresso Nacional dos Estudantes (UNE), em 1942, quando advogou a necessidade da reforma do curso odontológico, o que, mais tarde, se tornou realidade. Exerceu a Odontologia por 10 (dez) anos.

Cursou o NPOR, do R.I., de Juiz de Fora, sendo declarado Aspirante a Oficial do Exército em 25 de agosto de 1944, estagiando no III/ 12 R.I., sendo promovido a 2 º Tenente R/ 2 em 19 de janeiro de 1948. Nessa qualidade, foi diretor do Tiro de Guerra 151, de São João Nepomuceno, do qual é sócio benemérito.

Em 24 de dezembro de 1946, consorciou-se com a doutora Alcéa Cardoso de Azevedo, também diplomada pela Escola de Farmácia e Odontologia de Juiz de Fora, havendo desse enlace os seguintes filhos:

D. Ana Maria Cardoso de Azevedo Vitoi, professora, casada com o sr. Emílio Luiz Sachetto Vitoi, com duas filhas: Maria Emília e Maria José e três netos: Mariana, Ana Carolina e Thiago
Dr. Luiz Otávio Cardoso de Azevedo, engenheiro, casado com a professora Maria Sirlei de Freitas Cardoso de Azevedo, com três filhos: Luiz Otávio, Maria Cristina e Maria Cláudia;
Dr. Luiz Carlos Cardoso de Azevedo, engenheiro, casado com a professora Maria do Socorro Coimbra Cardoso de Azevedo, com quatro filhos: Carla, Cinthia, Luiz Carlos e Cássia. Um neto: João Pedro;
Dr. Luiz Renato Cardoso de Azevedo, engenheiro, casado com a professora Miriam Henriques de Azevedo, com três filhas: Renata, Roberta e Raquel;
Dra. Ana Luiza Cardoso de Azevedo Sousa, cirurgiã-dentista, casada com o Dr. Valério de Oliveira Resende Sousa, com dois filhos: Ana Cristina e José Eduardo.

Em 1952, bacharelou-se pela então Escola de Direito de Juiz de Fora. Advogou, durante 6 (seis) anos, em São João Nepomuceno e Comarca vizinhas.

Após concurso, foi nomeado Juiz de Direito Secional da 4 ª Zona Judiciária do Estado de Minas Gerais, com exercício nas Comarcas de Caratinga, Muriaé, São João Nepomuceno, Mar de Espanha, Guaranhães e Mesquita.

Em 1960, foi nomeado Juiz de Direito de Guarará, onde permaneceu 13 anos. Às vésperas de sua promoção, para que não fosse extinta a Comarca de Guarará, permutou com o Juiz de Direito de Tombos, onde esteve por quatro dias em exercício. Em 26 de dezembro de 1973, foi promovido a Juiz de Direito de Santos Dumont, sendo removido, por permuta, em 13 de fevereiro de 1974, para São João Nepomuceno. Em março de 1979, foi promovido por merecimento para a 1 ª Vara de Família da Comarca de Juiz de Fora.

Foi professor da Escola Normal D. Prudenciana, do Ginásio e da Escola Técnica de Comércio de São João Nepomuceno, e ainda nesses Colégios o Diretor da Escola Remington, esta de datilografia, do Ginásio Dr. Augusto Glória (CNEC), todos desta cidade, Ginásio Nossa Senhora Aparecida, da Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria, de Bicas, e do Ginásio Castro Alves (CNEC), de Guarará.
Foi professor registrado para o 1 º e 2º ciclos, no Ministério da Educação e Cultura (Diretorias do Ensino Secundário e Comercial) e na Secretaria do Estado da Educação de Minas Gerais (Departamento de Ensino Secundário e Superior).

Foi provedor da Associação de Caridade de São João Nepomuceno, mantenedora do Hospital São João, durante 8 anos, realizando ampla e radical reforma no serviço hospitalar e construindo o Pavilhão São Camilo de Lélis. Foi sócio benemérito da mesma instituição.

Exerceu o cargo de Chefe de Secretaria da Câmara Municipal de São João Nepomuceno e Consultor Jurídico da mesma.

Redator-chefe, durante nove anos e meio, do jornal "Voz de São João", da cidade de São João Nepomuceno.

Em 16 de maio de 1965, recebeu o título de Cidadão São-joanense, pelos serviços prestados ao município.

Em 27 de abril de 1974, recebeu o título de cidadão guararense, pelos serviços prestados ao município e à comarca, único, até então, concedido por aquela edilidade. Em 09 de dezembro de 1983, recebeu o título de cidadão juiz-forano pelos serviços prestados à comunidade.

Em 26 de dezembro de 1964, recebeu a medalha "Personalidade do Ano", promoção do cronista social RALPH.
Em 04 de setembro de 1981, recebeu o título de "Comendador da Ordem dos Bandeirantes" em homenagem e público reconhecimento de seus relevantes serviços prestados à sua Comunidade no campo das "Atividades Judiciárias". Em junho de 1964, ao lado de sua esposa, assumiu a Coordenação do Movimento Familiar Cristão, em São João Nepomuceno, Arquidiocese de Juiz de Fora, cargo em que permaneceram até 1967.

Integrou a equipe de Dirigentes de Cursilhos de Cristandade da Arquidiocese de Juiz de Fora. Fez parte do II Ciclo de Estudos da Associação de Diplomados da Escola Superior de Guerra. Possuía o diploma de "Sócio Benemérito da Polícia Militar de Minas Gerais". Foi sócio-fundador do Lions Clube de São João Nepomuceno, onde ocupou cargos de destaque no Gabinete do Governador, em três anos leonísticos, possuindo cerca de 40 medalhas.
Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora. Foi membro da Associação Brasileira de Magistrados. Foi membro da Academia Municipalista de Minas Gerais, como representante de São João Nepomuceno. Faleceu em 04 de março de 1985.
Trabalhos publicados:

São João Nepomuceno em 1942 – Revista em colaboração com o Dr. Geraldo Henriques Cruz.
Discurso de Paraninfo – Oração paraninfal pronunciada para os formandos da Escola Técnica de Contabilidade, em 1954.
Fazendo História... Excertos para o estudo da vida da Comarca de São João Nepomuceno – 1955 – Opúsculo.
Dia do Município – oração pronunciada perante a Câmara Municipal de São João Nepomuceno, quando lhe concedeu título honorífico.
Mensagem aos Moços – Discurso, na qualidade de paraninfo dos formandos de 1965, do Ginásio Dr. Augusto Glória.
Dr. Augusto Glória Ferreira Alves – oração pronunciada na inauguração do busto daquele homem público, em 16/05/1969.
Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz, discurso pronunciado em 27 de abril de 1974, ao receber o título de cidadão guararense.
Boa Noite, Amor..., Discurso de despedida da comarca de São João Nepomuceno.
Por que? , discurso proferido em 09 de dezembro de 1983, perante a Câmara Municipal de Juiz de Fora, em agradecimento pelo título de cidadania recebido.Série de artigos publicados:

A História de Minha Rua... Setenta e um artigos, estudando a vida dos patronos e contando a história de cada rua são-joanense.
No Outeiro da Gratidão – Série de sessenta artigos, em comemoração ao cinqüentenário da Escola Normal D. Prudenciana. (Compilação do Doutor Inocente Soares Leão, com adaptação.)

NOTA:
Por uma deferência especial sua Filha Ana Maria Cardoso de Azevedo Vitoi, quando de nossa passagem pela Fundação Cultural de São João Nepomuceno, como seu superintendente, ofertou ela ao acervo do Museu, que se iniciara, a beca do ilustre Magistrado, bem como um livro onde Dr. José de castro Azevedo registrou seu importante trabalho de estudos e pesquisa histórica sobre as ruas e praças, de nossa cidade, bem como dois belíssimos quadros (fotos de pinturas a óleo) do Dr. José de Castro Azevedo e de Doutora Alceia Cardoso de Azevedo, além de instrumentos odontológicos utilizados por ele e por sua esposa.
NOSSA HOMENAGEM ( Por ocasião da introdução de sua fotografia na Câmara Municipal de São João Nepomuceno, quando eramos vereador):
O JUIZ NA ORAÇÃO

José Carlos Barroso 31.08.1985

Recolho as palavras.
Aqui estou diante do Senhor.
Aqui estou em mais um encontro.
Recolho os pensamentos numa incontida vontade de reascender muitos.
Recolho os amigos, na premeditação de um momento de gratidão.
Descortino a vida, rasgando o passado.
Rasgo o caminho, vou em frente e num ímpeto de destruição, deparo com um amigo.
São pensamentos fortes; fazem brotar uma vida.
Ali, bem diante de mim, uma figura austera, simples, inteligente, de valor impar.
Num abraço incontido sinto-o imóvel, ausente.
Passo agora ao incontrolável da minha tristeza. Fico em meio as minhas interrogações.
Por que está ausente o amigo juiz?
Por que se foi o José?
O silêncio chega rápido, como quisesse ele acompanhar a incompreensão.
A vida atravessa o universo, como um vento sem regresso.
Há, portanto uma explicação para os acontecimentos já completados e incompreendidos.
Deus está aqui.
É o Pai, que chama pelo filho.
Meus olhos desmaiam.
É como a luz do sol, que ao desaparecer deixa, como prenúncio de bela noite, a paisagem mais linda.
Eu agradeço.
Obrigado meu Deus e Senhor, por ter podido conhecer Suas belezas, Suas criações.
Obrigado por ter conhecido o Seu filho JOSÉ.
JOSÉ, Senhor, é aquele que admiramos um dia por tudo, mas muito mais por vê-lo amar seus filhos, como o meu pai querido.
Ficam nossas orações, repetidamente.
Pai nosso, que no Céu está.
Abraça o filho JOSÉ da alegria.
Um juiz da oração.

MEMÓRIAS DE NOSSAS RUAS: A Rua Cornonel José Mendes

Créditos da foto: Autoria de sjonline.com.br


"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições"


(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 10/10/1964, às 18:25 horas, nos microfones da ZYV-39).



Iniciava mais uma reunião da edilidade local. Levanta-se em dado momento, o vereador doutor Geraldo Henriques Cruz para apresentação de proposições. Sugere à Câmara que esta renda homenagem a um vulto da história municipal, ligando o nome de um de seus grandes admiradores a uma de nossas vias públicas.
Pelo seu projeto deveria denominar-se "Rua Coronel José Mendes" o logradouro público da cidade que parte da ponte sobre o córrego que a atravessa, sobe o morro de Santa Rita e vai até a Rua Vila do Carmo. E pouco depois, pela Resolução n º 7, de 15 de junho de 1948, dava-se a denominação pedida àquela rua.
Em verdade, nada mais justo havia. O papel que o Cel. José Mendes houvera representado na vida pública sãojoanense, não poderia ser esquecido. Vínhamos de lutas de campanhas que molharam o chão do município de sangue, de luto, de ódios. Havia de ressurgir a paz desejada para o bem da coletividade e para o progresso do município.
Um homem havia capaz de tanto. Era um português, nascido em Treixo, na freguesia de Alvorge, comarca de Ancião, província de Beira Alta. Nascera em 24 de abril de 1871 e aos 27 anos tinha a mente carregada de sonhos, de aspirações, de projetos. E o Brasil era o El-Dourado. Chegou. Viu e gostou. Homem do trabalho, arregaçou as mangas e se pôs na luta. Foi ser empregado da Leopoldina, em Furtado de Campos. Depois, em Rochedo. Mas, isso, na época, não era trabalho para quem tinha tanta disposição para a luta. Não, positivamente não era esse o seu sonho. Montou, então, uma pequena casa comercial na vila, que começava a florescer. A casa cresceu. Os negócios prosperaram. Em pouco tempo já era o Cel. José Mendes o grande comprador de café que se associava a poderosas firmas para o comércio da rubiácea. Granjeara a simpatia popular. Impuzera-se perante todos pelo seu espírito comunicativo, bolsa sempre aberta aos pobres, aos necessitados, para os amigos. Quando se abriam as portas de sua residência, em Rochedo, ou as da Fazenda da Lage, para as recepções, era dia de festa. Havia sido "melhorado o rancho", como ele mesmo afirmava.

Rua Cel. José Mendes
E, esse homem, de uma tenacidade a toda prova, de moral elevada, soube se impor a todo o povo sãojoanense. Seu nome surgiu, então, como uma bandeira de pacificação nestas terras.
Eleito vereador especial pelo distrito de Rochedo, em 17 de maio de 1927, era guindado ao cargo de Presidente da Câmara e Agente Executivo do município, em eleição em que conseguiu toda a votação da oposição, que à época se mostrava tenazmente contrária à política dominante no município, mas que não regateava aplausos à figura de Cel. José Mendes.
Aceitou ele o cargo com um fito: trabalhar. Dias após à posse, punha-se em campo, percorrendo todo o município, sentindo as faltas e atendendo às reclamações de seus co-munícipes. Pôs mão à obra. Determinou completa remodelação na Praça Daniel Sarmento, no Largo da Estação, o abaulamento das ruas, cuidou do ensino principalmente. Foi até Belo Horizonte e lá obteve do Governo Estadual a promessa, que poucos dias depois se tornava realidade, da construção do novo prédio para o Grupo Escolar Cel. José Brás, empréstimo para calçamento das ruas centrais da cidade, construção de três pontes de cimento armado e muitas outras realizações.
Necessitava, para a construção do novo prédio do grupo, da remoção do Cruzeiro, que ali se levantava, que deveria ser removido para outro local. Havia, no entanto, na época, uma lenda: quem arrancasse ou mandasse arrancar, dali o cruzeiro morreria repentinamente. Homem de profunda formação religiosa, não temeu as ameaças. Mandou se procedesse à remoção.
Entretanto, às 14 horas do dia 1 º de Maio de 1928 - Dia do Trabalho - falecia repentinamente o Coronel José Mendes. Morria um homem do trabalho.
Dez dias depois, cumprido o que ele determinara era removido o cruzeiro para o local, que ainda hoje ocupa, entre o Hospital e a Igreja do Rosário.
O nome do Coronel José Mendes não poderia ficar no esquecimento. A posteridade reverenciar-se-ia ante seu túmulo.

MEMÓRIAS DE NOSSAS PRAÇAS: A Praça 13 DE MAIO E DR. CARLOS ALVES


Quando em 7 de janeiro de 1883 se instalava o município de São João Nepomuceno, muitas das vias públicas que rasgavam a cidade, já tinham denominação oficial. Eram assim as Ruas Coronel José Dutra, a Duque de Caxias, a de Nazareth, a Visconde do Rio Branco e muitas outras.
A pracinha onde se ergue o antigo edifício do Fórum e onde é hoje o Ginásio Dr. Augusto Glória, era conhecida como Largo Municipal e aquela em que se levanta o Grupo Escolar Cel. José Brás denominava-se Largo do Rosário.
Em uma das reuniões da Câmara Municipal, justamente a que se realizava em 12 de junho de 1889, alguns meses, portanto, antes da Proclamação da República, o vereador Dr. Henrique Vaz propôs e obteve a aprovação de seus pares, que, ao primeiro daqueles logradouros públicos, se desse o nome de Praça da Inconfidência e, ao segundo deles, o de Praça 13 de Maio.
Eram homenagens a dois momentos históricos da vida política nacional. De um lado reverenciava-se o movimento que fora o pródomo de nossa libertação e o segundo – a assinatura da Lei Áurea.
Um fato, no entanto, ocorreu e que alteraria por completo a estrutura da vida municipal. Desaparecida em 6 de fevereiro de 1896, em Barbacena, o Dr. Carlos Ferreira Alves, senador estadual, de quem o consagrado missionário Pe. Júlio Maria se referia com estas palavras.
"O mesmo Deus, que diz no Evangelho não haver maior prova de amor, que darmos por outrem a nossa vida, não contemplou sem compaixão, é certo, o médico sublime, que sacrificou a uma cidade sua mulher, seus filhos, sua própria vida", e que fora, como o é até hoje, a maior figura do cenário político são-joanense. Seu nome, na agitação da vida moderna, de quando em quando cai no olvido. Mas, quando se o retrata, ressurge, exuberante, em toda a sua grandeza, para se mostrar à posteridade, com todas as suas dimensões.
Entre as inúmeras provas de respeito e de saudade tributadas à sua memória, destaca-se a da colocação de seu nome em uma de nossa vias públicas.
Foi por isso que, em 1896 mesmo, se dava à então Praça da Inconfidência o nome de Praça Doutor Carlos Alves.
A sua irmã gêmea – a 13 de Maio – vivia uma vida diferente. O tempo, que tudo destroi, também fazia desaparecer a Igreja do Rosário, o velho Cruzeiro o antigo Cemitério, que ali havia. Algumas casas, casinhas pobres, davam-lhe ainda sinal de vida. Enquanto lá nas grimpas da Matriz voltavam-se os olhos para as cousas do alto, cá em baixo, na 13 de Maio, as cousas terrenas mereciam maior atenção.
Eis senão quando, em 7 de setembro de 1926, assoma o Governo do Estado o Presidente Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, nome que dividia a opinião pública local. Em mal pensado momento, um grupo de são-joanenses julgou dever mudar, "ad-referendum"do poder político, o nome da Praça 13 de Maio para "Praça dos Andradas". O fato, o mais lamentável da vida pública municipal, que deixaria o nome da cidade gravado na história de Minas, se escreveu com letras de sangue. Vidas preciosas se perderam, fato que se deveu à falta de serenidade dos homens públicos de nossa terra, que se deixaram levar pelos impulsos momentâneos, pelo desvario das multidões. Foi o marco, em última analise, mais doloroso da vida de São João Nepomuceno. Mas de pé, permaneceu o nome de Praça 13 de Maio.
Um fato curioso e até mesmo extravagante ocorria na toponímia em São João. Enquanto a Praça 13 de Maio se erguia majestosamente o busto de Cel. José Brás de Mendonça, na Praça Cel. José Brás se levantava imponente a herma de Carlos Alves; por seu turno, a Praça Carlos Alves estava de busto desnuda...
Nós mesmo, através as colunas de "Voz de São João", teríamos críticas ao fato e chamávamos a atenção dos ilustres vereadores à Câmara Municipal, mostrando as dificuldades e a confusão que gerava no espírito da nossa gente com aquela anomalia.
Atendendo aos nossos reclamos, o vereador Dario de Castro Medina apresentou à Câmara Municipal um projeto, que se transformou na lei n. 117, de 14 de fevereiro de 1953, harmonizando a situação. Assim, a antiga Praça Dr. Carlos Alves passou a se chamar 13 de Maio, aquela em que se ergue a figura em bronze de Cel. José Brás recebeu o seu próprio nome; e aquela que trazia o nome do antigo político são-joanense, mas, que tem a embeleza-la o trabalho do consagrado professor Correia Lima, teve o nome de Praça Dr. Carlos Alves.

Autor do texto:Dr.José de Castro Azevedofoto


1 : Praça 13 de Maio - acervo Eduardo Ayupefoto

2 : Praça Dr. Carlos Alves - acervo José Carlos Barroso

MEMÓRIAS DE NOSSAS PRAÇAS: As Praças Dr. Augusto Gloria e Barão do Rio Branco


"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições."
Autor: Dr. José de Castro Azevedo
Quando se aproximavam os últimos dias do Império, nitidamente delineavam em nossa Câmara Municipal duas correntes a dos Conservadores e a dos Republicanos.
Entre esses se destacavam o Dr. Henrique Vaz, que posteriormente se projetaria na política estadual, e o Sr. Prestes Pimentel. Por seu turno, no cenário estadual fulgurava o vulto do Conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, que provincial de Minas Gerais. Ressalta-se que Saldanha Marinho ao lado de Quintinho Bocaiuva e Salvador de Mendonça, iniciara o movimento republicano no Brasil. Saldanha Marinho era influente figura no meio maçônico, já tendo ocupado o cargo de Grão-Mestre, pelo que possuía em São João um elevado número de admiradores e de seguidores de suas pregações. Assim é que, na sessão da Câmara, realizada em 20 de agosto de 1889, os então vereadores Dr. Henrique Vaz e Prestes Pimentel apresentavam um projeto em que mandavam se desse o nome de Saldanha Marinho à Praça da Estação. Aprovado o projeto, ao homenageado se deu conhecimento da lei, o que levou Saldanha Marinho a se dirigir à Câmara Municipal, por carta de 9 de outubro do mesmo ano, em que dizia que "a homenagem é um grito aos são-joanenses para que se aliem àqueles que se batem pelos postulados de uma nova ordem, que se espera haver de vir". Realmente, um mês depois, raiava a República. Quem se der ao trabalho de folhear álbuns daquela época verá gravado o nome de Saldanha Marinho na Praça, ao lado de amplos coqueiros, a lhe delinear os contornos. Em 1895, Saldanha Marinho era levado à sepultura. Pouco depois era esquecido pelos são-joanenses.
Por outro lado, desde os princípios do século XX um nome começava a surgir na política são-joanense: o de Doutor Augusto Glória Ferreira Alves. Em 1901, já empossava ele no cargo de Agente Executivo, com um asto plano de governo. Vencido o seu mandato, quis o povo testemunhar-lhe seu reconhecimento. Tanto assim que, em sessão de 1 º de dezembro de 1906, do legislativo municipal, os vereadores Vicente da Costa de Oliveira, Sebastião de Souza Lima e Antônio da Fonseca Lobão apresentavam à Câmara um projeto, que se transformaria na lei 291, de 6 do mesmo mês , no qual o nome da Praça Saldanha Marinho era mudado para Praça Dr. Augusto Glória.
E assim foi até 1917. Naquele ano, em uma das reuniões da edilidade, o vereador doutor Augusto Glória requereu fosse substituída a denominação do logradouro público que tinha o seu nome pelo do grande brasileiro – o Barão de Rio Branco. Devotava doutor Glória profunda admiração pela figura daquele grande estadista e cultuava, respeitosamente, sua memória. Lido o projeto contra ele protestou, em uníssono, toda a Câmara. E a cidade se levanta em coro contra aquele ato. Um abaixo-assinado corre nossas ruas, procurando fulminar o projeto. Tudo em vão. Inflexível permanece Dr. Glória. Para contornar a situação, o vereador dr. Antonio de Moraes Sarmento apresenta emenda ao projeto: que se desse o nome do Barão do Rio Branco à Praça 13 de Maio, mas, que se mantivesse o nome aureolado de Dr. Glória na antiga Praça Saldanha Marinho. Dr. Glória não sabia transigir, se bem pregasse até o fim de sua vida que a política era a ciência de se saber transigir... Parece-nos vê-lo, ainda metido em seu impecável terno de linho branco, colarinho alto, bengala castão de ouro, o rosto a arder em fogo, dedo em riste. Exigia de seus pares a aprovação da proposição, pois "eram irrevogáveis os motivos que o levaram à apresentação daquele projeto e pedia a seus colegas vereadores que o aprovassem por uma consideração à sua pessoa." Diante mesmo de uma possível renúncia à sua cadeira, capitulou a Câmara. Daí o decreto 48, de 13 de outubro de 1917, que mudava para Praça Barão do Rio Branco a denominação da Praça Doutor Augusto Glória.
Em 1946, ocupava o cargo de Prefeito Municipal de São João Nepomuceno o Dr. Francisco Zágari, que se achava ligado à veneranda figura de Dr. Glória pelos mais afetivos laços de estima. Já trôpego, admirava-se nossa gente em ver aquele velhinho de 82 anos de idade quase diariamente, subir a ladeira que demanda o Ginásio para ainda exercer, com profunda serenidade o cargo de fiscal federal junto ao Ginásio S. João e à Escola de Comércio. Por isso mesmo, em 15 de agosto, quando completava Dr. Glória 82 anos de vida, Dr. Zágari, de acordo com as normas então vigentes, apresentou ao Conselho Administrativo do Estado um projeto, com ampla justificativa, de nossa autoria, em que se dava o nome daquele antigo político à praça existente nesta cidade "entre a Praça Cel. José Brás e a Avenida Dr. Carlos Alves, em frente à estação da ferrovia Leopoldina", vale dizer, desmembrando a Praça Barão do Rio Branco em duas partes, a superior e a inferior da linha férrea. Em brilhante parecer do Conselheiro Dr. José Celso Valadares Pinto, com o apoio unânime do Conselho foi aprovado o Decreto-Lei n. 85, que daria o nome de Dr. Augusto Glória, à praça fronteiriça de um lar onde viveu toda a sua existência uma das mais queridas figuras são-joanenses, um fluminense, que, como poucos desta terra, tanto engrandeceu e amou.

MEMÓRIAS DE NOSSAS PRAÇAS: A Praça Floriano Peixoto

Crédito: A foto acima pertence a sjonline.com.br


"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições."



(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1964, nos microfones da ZYV-39, e no Jornal Voz de São João).



Quando se comemorava o Cinqüentenário da Proclamação da República Brasileira, um movimento patriótico, sob a inspiração do Governo Federal, sacudiu o país de norte a sul. Visava a salientar-se a figura de Floriano Peixoto, a quem a História houvera cognominado de Consolidador da República
São João não se equivocou àquelas homenagens ao Marechal de Ferro e ligou seu nome ao Largo existente no princípio da Rua Capitão Braz, entre esta e a linha férrea da Leopoldina. Para tanto, pelo decreto nº 32, de 14 de novembro de 1939, o prefeito Agenor Henriques Soares manifestou-se favorável à sugestão do poder público federal.


Praça Floriano Peixoto - o mais interessante é que no local não existe uma praça.


São unânimes em afirmar os historiadores que, apesar de tantos anos passados, ainda dividem-se os brasileiros em duas correntes, na apreciação da personalidade do Marechal Floriano Peixoto à daqueles que o julgam um traidor do Trono, "que faltara à confiança de Ouro Preto, que falhara no cargo em que estava, que não cumprira com seu dever de defender o governo, que confiava inteiramente em sua atuação", e a outra - a dos florianistas, os republicanos, para quem era "o herói, que evitara derramamento de sangue que impedira uma luta fratricida e que, em dado momento, conseguira salvar a República, conseguira consolidar a República. ("A História do Brasil", de Sérgio D. T. Macedo)
Era Floriano Peixoto um alagoano desconfiado, ensimesmado, de pouca cultura e se houvera distinguido nos campos de batalha, principalmente na Guerra do Paraguai. Euclides da Cunha já o chamara de Esfinge.
Salienta-se que Floriano era pessoa de confiança de Ouro Preto, presidente do último Conselho de Ministros, no Império, ocupando o elevado cargo de Ajudante General do Exército, alías, diga-se, o mais elevado cargo de confiança do governo. Acredita-se, no entanto, que estivera envolvido na trama que desejava a queda da Coroa, usando, para isso, de métodos de dissimulação, só exteriorizando sua real posição no instante em que caía o regime.
Sucedeu ao Marechal Deodoro da Fonseca na Presidência da República, na qualidade de Vice-Presidente, e sua atuação, naquela fase da vida nacional, foi das mais brilhantes.
Assim é que terminada sua posse, levantou o estado de sítio, que Deodoro havia decretado, restabelecendo o Congresso, dissolvido por seu antecessor, determinando que o mesmo voltasse a se reunir. Ao assim proceder, fazia desaparecer as áreas de atrito, permitindo o retorno da paz aos lares brasileiros.
Mas, se por um lado assim agia, por outro, não deixava esconder o espírito ditatorial de que era possuído, provocando a queda dos governos estaduais, substituindo-os por militares. Com isso, os pontos de fricção ressurgiram. Cindiu-se o Congresso Nacional. Movimentos de insurreição despontaram. A rebelião das Fortalezas de Santa Cruz e da Laje é uma das provas disso. Depois veio a rebeldia no Rio Grande do Sul. O levante da Marinha, sob o comando do Almirante Custódio José de Melo, e a adesão posterior de Saldanha da Gama, comandante da Escola Naval, foi outro movimento sedicioso que assinalou o Governo de Floriano Peixoto.
Registra a História os atos de selvageria que foram utilizados pelas tropas florianistas - verdadeiras chacinas, não se podendo mesmo esconder os pelotões de fuzilamento, que tiveram por palco o Estado do Paraná.
Todas essas rebeliões foram sufocadas por Floriano Peixoto com um pulso férreo, com uma vontade férrea, surgindo daí, para ele, o cognome de Marechal de Ferro. Não fora assim, pode-se mesmo até admitir a volta ao regime anterior, o retorno ao regime imperial. Mas, a decisão firme de nosso segundo Presidente permitiu que a República se firmasse, se consolidasse. Passou, por isso, à História como o Consolidador da República. A Deodoro cabem as glórias da Proclamação, da implantação de um novo regime, a Floriano - a Consolidação dele.

MEMÓRIAS DE NOSSAS PRAÇAS: A Praça Coronel José Braz

NOTA: Onde hoje é a Praça Dr. Carlos Alves, era a Praça Coronel José Braz







Texto de autoria de Dr. José de Castro Azevedo(Lido em 29/08/1964, às 18:25, nos microfones da ZYV-39 e publicado no Jornal Voz de São João)


Já contamos, em trabalho anterior, porque se chama, assim, hoje, a praça Doutor Carlos Alves. Como se sabe, esse não era, no passado, o seu nome.
Nos idos de 1901, a cidade oferecia aspecto diferente. Na confluência das Ruas Cel. José Dutra (Rua do Sarmento), Capitão Brás, Duque de Caxias e Heleno de Freitas, havia uma pracinha, onde, de acordo com os projetos traçados, se ergueria um dia um marco à memória de Carlos Alves. Era o Largo Triangular. Amplo arvoredo, cuidadosamente tratado dava-lhe encanto especial. Um majestoso gradil impedia-lhe o acesso público. Nivelara-se o Largo Triangular, de modo que a parte que fazia frente para a Rua Capitão Brás ( Rua do Totó) atingia elevada altura.

Pois bem. Em reunião da edilidade local, por proposta do então Agente do Executivo, nome que recebia o Prefeito Municipal daquela época, foi solicitado se desse o nome de "Coronel José Brás" àquele logradouro público. No ano anterior, vale dizer, em 1900, o Cel. José Brás houvera obtido uma das mais estrondosas vitórias na política municipal, pois, com o seu prestígio e tendo como bandeira o nome de Dr. Augusto Glória Ferreira Alves, obtivera a eleição desse homem público para o cargo de Agente do Executivo, derrotando as poderosas forças que apoiavam o nome de Eugênio Duarte da Silva Paiva àquele cargo. Também alcançava-se pela primeira vez, e naquele pleito, grande vitória em Santa Bárbara, hoje Carlos Alves, distrito em que o situacionismo era sempre derrotado. Tudo isso fazia polarizar sobre a figura de Cel. José Brás, que contava cerca de 50 anos de idade, as simpatias, a admiração e o respeito de seus concidadãos, que o levaram então à Presidência da Câmara Municipal.
Apresentada a proposta do Dr. Glória, contra ela se rebelou o próprio Cel. José Brás. Desejava ele, por modéstia ou por política que se desse o nome de Silviano Brandão à mesma Praça, ao invés do dele.
O doutor Francisco Silviano Brandão era o então Presidente do Estado de Minas Gerais, médico notável e que exercia grande ascendência no alto conselho dos dirigentes do Partido Republicano Mineiro e da administração, partido a que aliás, se achava filiado o próprio Cel. José Brás.
Entretanto, o projeto obteve a aprovação geral da Câmara, sendo afinal sancionada a lei.

A praça, com o passar dos tempos, foi se embelezando. Graças a um inteligente plano de Dr. Glória foi ela remodelada. Baixou-se lhe o nível e se lhe deu uma acentuada inclinação. Tirou-se lhe o amplo gradil, que circundava toda a praça e se o reduziu a uns poucos metros, em torno do busto de Carlos Alves. Procedeu-se ao ladrilhamento da Praça com meticulosodades tão próprias daquele saudoso administrador. E em 1915 era inaugurado ali o busto de Carlos Alves resultado de uma ampla subscrição popular. Do Rio, da Fundição Indígena, vieram os bancos de ferro e os artísticos postes em bronze, perfeitamente iguais àqueles que ornamentam a entrada do Palácio do Catete, na antiga Capital da República. Trabalhosa mesmo fora a colocação dos postes. Com que entusiasmo doutor Glória, recapitulava para nós a colocação deles... Dera tanto trabalho... Entendia o técnico no assentamento que os "abat-jours" deveriam jogar a luz para baixo, num verdadeiro chuveiro de "feerie, enquanto o administrador julgava que as luzes jorrariam para o alto. Diante do impasse só uma solução havias: a ida de um emissário ao Rio, para exata verificação, o que se fez, com a vitória do ponto de vista do Dr. Glória: realmente a luz se dirigia para o alto!
Mais tarde, para que se harmonizasse a nomenclatura de nossas praças, foi votado o projeto Dario Medina, transformado na lei 117, de 14 de fevereiro de 1953, dando-se o nome de Carlos Alves à então praça Cel José Brás.
Hoje, é um dos pontos de reunião de nossa cidade principalmente na época das campanhas políticas, pois ali se realizam os tradicionais comícios junto ao busto do grande são-joanense – o Doutor Carlos Alves, que, infelizmente, aqui não nasceu e nem tão pouco aqui repousam os seus restos mortais.






MEMÓRIAS DE NOSSAS RUAS: A Rua Barão de São João

"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições"
(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 19/09/1964, às 18:25, nos microfones da ZYV-39 e publicado em Voz de São João).
A denominação de "Rua Barão de São João", dada a uma das mais antigas vias públicas de nossa urbe, ao que nos parece, remonta ao oitavo decênio do século XIX, quando São João Nepomuceno ainda não vestia as roupagens de cidade. Não existem nos arquivos municipais elementos que induzam afirmação em sentido contrário. Quem foi o Barão de São João ou, como mais corretamente o denominaram os juizforenses, o Barão de São João Nepomuceno?
Rua Barão de São João
Foi ele o Desembargador Pedro de Alcântara Cerqueira Leite, mineiro natural de Rocinha da Negra, localidade situada às margens do Rio Paraibuna, à época pertencente ao município de Barbacena e, posteriormente, ao de Juiz de Fora. Filho de José de Cerqueira Leite e de D. Ana Maria da Fonseca, nasceu o Barão de São João a 28 de junho de 1.807. Diplomou-se em direito em 1.833, sendo nomeado juiz municipal de Barbacena. Posteriormente foi nomeado juiz de direito de Sabará e, de lá, removido para sua primitiva comarca. Pelo seu valor moral, pelos seus profundos conhecimentos jurídicos, foi em 1.854 nomeado Desembargador do Tribunal da Relação de Pernambuco, no qual se aposentou sem vencimento por não desejar transferir-se de sua terra natal.
Um dos traços marcantes de sua personalidade, de sua fibra, está no fato de que, mesmo como magistrado, militava às escâncaras na política, como membro do Partido Liberal, sem que com isso enodoasse sua toga. Teve assento como deputado, na Assembléia Legislativa Provincial, por várias vezes, e na Assembléia Geral, de 1.838 a 1.848, como representante de Minas Gerais.
Pouco a pouco foi-se irradiando o seu valor, impondo-se perante os co-estaduanos, até que atingiu as culminâncias ao assumir a Presidência da Província, no período compreendido entre 26 de setembro de 1.864 e 18 de dezembro de 1.865. Relembre-se que nesse período achava-se o Brasil em guerra com o Paraguai, cabendo ao Barão de São João Nepomuceno, à época apenas Desembargador Cerqueira leite, enviar tropas provinciais ao campo de batalha, conseguindo arregimentar de 5.650 a 6.000 voluntários.
Depois disso, recolhia se ele a seus penates, dedicando-se ao trato da lavoura, e, como ele próprio dizia "na leitura dos livros, que ainda não me desgostaram, neste sítio da Gruta". E numa confissão que era a síntese de sua própria vida: "Não corrompi a ninguém, não pratiquei violências, naquela época anormal", como se poderá verificar em seu testamento.
Mais tarde foi Presidente da Diretoria da Estrada de Ferro União Mineira, depois incorporada à Empresa Leopoldina, que viria posteriormente ser a Estrada de Ferro Leopoldina. É desse momento de sua vida que lhe veio o título nobiliárquico, que lhe concederam.
De acordo com os planos traçados pela engenharia, na altura do hoje chamado "Quilômetro 44", na confluência dos atuais municípios de Bicas, Mar de Espanha e Guarará, declinaria a ferrovia para a direita, entrando pelo município de Guarará, passando por Maripá, sem descer a íngreme serra, que ali perto se levanta. Acontece, porém que a isso se opusera opulento fazendeiro daquele município, porque a passagem dos trilhos da estrada de ferro pelos seus terrenos os desvalorizaria, os inutilizaria, no seu entender. A solução seria, então, descer a serra. Mas, e os recursos financeiros para esse empreendimento? Para se solucionar o impasse, as figuras mais destacadas deste municípios e de Bicas se cotizaram e foram levar a Cerqueira Leite o numerário bastante para concretizar o ideal: ver varadas as terras são-joanenses e biquenses pela própria civilização, pelo caminho de ferro, permitindo se, assim fazer face à despesa com o caminhamento pela serra. Soma-se a isso o empenho de Cerqueira Leite em ver a Leopoldina atingindo nosso município, o que realmente se conseguiu com a inauguração da estação local em 24 de junho de 1.880.
O reconhecimento de nosso povo se fez sentir. Foram os são-joanenses até Sua Alteza – O Imperador Dom Pedro II e dele solicitaram concedesse ao Desembargador Pedro de Alcântara Cerqueira Leite o título de Barão de São João Nepomuceno, com o que realmente foi agraciado.
O Barão de São João veio a falecer em 24 de fevereiro de 1.883.
Homem de grande cultura, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, mas, não se sabe se mais há de admirar nele a integridade moral, o saber, ou a modéstia, elevada a último grau. A denominação de "Rua Barão de São João", dada a uma das mais antigas vias públicas de nossa urbe, ao que nos parece, remonta ao oitavo decênio do século XIX, quando São João Nepomuceno ainda não vestia as roupagens de cidade. Não existem nos arquivos municipais elementos que induzam afirmação em sentido contrário. Quem foi o Barão de São João ou, como mais corretamente o denominaram os juizforenses, o Barão de São João Nepomuceno?
Rua Barão de São João
Foi ele o Desembargador Pedro de Alcântara Cerqueira Leite, mineiro natural de Rocinha da Negra, localidade situada às margens do Rio Paraibuna, à época pertencente ao município de Barbacena e, posteriormente, ao de Juiz de Fora. Filho de José de Cerqueira Leite e de D. Ana Maria da Fonseca, nasceu o Barão de São João a 28 de junho de 1.807. Diplomou-se em direito em 1.833, sendo nomeado juiz municipal de Barbacena. Posteriormente foi nomeado juiz de direito de Sabará e, de lá, removido para sua primitiva comarca. Pelo seu valor moral, pelos seus profundos conhecimentos jurídicos, foi em 1.854 nomeado Desembargador do Tribunal da Relação de Pernambuco, no qual se aposentou sem vencimento por não desejar transferir-se de sua terra natal.
Um dos traços marcantes de sua personalidade, de sua fibra, está no fato de que, mesmo como magistrado, militava às escâncaras na política, como membro do Partido Liberal, sem que com isso enodoasse sua toga. Teve assento como deputado, na Assembléia Legislativa Provincial, por várias vezes, e na Assembléia Geral, de 1.838 a 1.848, como representante de Minas Gerais.
Pouco a pouco foi-se irradiando o seu valor, impondo-se perante os co-estaduanos, até que atingiu as culminâncias ao assumir a Presidência da Província, no período compreendido entre 26 de setembro de 1.864 e 18 de dezembro de 1.865. Relembre-se que nesse período achava-se o Brasil em guerra com o Paraguai, cabendo ao Barão de São João Nepomuceno, à época apenas Desembargador Cerqueira leite, enviar tropas provinciais ao campo de batalha, conseguindo arregimentar de 5.650 a 6.000 voluntários.
Depois disso, recolhia se ele a seus penates, dedicando-se ao trato da lavoura, e, como ele próprio dizia "na leitura dos livros, que ainda não me desgostaram, neste sítio da Gruta". E numa confissão que era a síntese de sua própria vida: "Não corrompi a ninguém, não pratiquei violências, naquela época anormal", como se poderá verificar em seu testamento.
Mais tarde foi Presidente da Diretoria da Estrada de Ferro União Mineira, depois incorporada à Empresa Leopoldina, que viria posteriormente ser a Estrada de Ferro Leopoldina. É desse momento de sua vida que lhe veio o título nobiliárquico, que lhe concederam.
De acordo com os planos traçados pela engenharia, na altura do hoje chamado "Quilômetro 44", na confluência dos atuais municípios de Bicas, Mar de Espanha e Guarará, declinaria a ferrovia para a direita, entrando pelo município de Guarará, passando por Maripá, sem descer a íngreme serra, que ali perto se levanta. Acontece, porém que a isso se opusera opulento fazendeiro daquele município, porque a passagem dos trilhos da estrada de ferro pelos seus terrenos os desvalorizaria, os inutilizaria, no seu entender. A solução seria, então, descer a serra. Mas, e os recursos financeiros para esse empreendimento? Para se solucionar o impasse, as figuras mais destacadas deste municípios e de Bicas se cotizaram e foram levar a Cerqueira Leite o numerário bastante para concretizar o ideal: ver varadas as terras são-joanenses e biquenses pela própria civilização, pelo caminho de ferro, permitindo se, assim fazer face à despesa com o caminhamento pela serra. Soma-se a isso o empenho de Cerqueira Leite em ver a Leopoldina atingindo nosso município, o que realmente se conseguiu com a inauguração da estação local em 24 de junho de 1.880.
O reconhecimento de nosso povo se fez sentir. Foram os são-joanenses até Sua Alteza – O Imperador Dom Pedro II e dele solicitaram concedesse ao Desembargador Pedro de Alcântara Cerqueira Leite o título de Barão de São João Nepomuceno, com o que realmente foi agraciado.
O Barão de São João veio a falecer em 24 de fevereiro de 1.883.
Homem de grande cultura, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, mas, não se sabe se mais há de admirar nele a integridade moral, o saber, ou a modéstia, elevada a último grau.

MEMÓRIAS DE NOSSAS RUAS: A Rua e a Praça Daniel Sarmento

Foto da Praça Daniel Sarmento em 1016





"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições”


(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1964, nos microfones da ZYV-39, Rádio Difusora e publicado em VOZ DE SÃO JOÃO).


Se se constituísse um quadro de benfeitores do município de São João Nepomuceno, formado por filhos de outras plagas, que para aqui vieram trabalhar pelo engrandecimento deste pedaço de Minas, o nome de Daniel de Moraes Sarmento Júnior se colocaria na primeira linha
Natural do município de Rio Novo, onde nascera em 5 de novembro de 1864, vale dizer, há um século, desde cedo se empenhou na luta pela vida. Foi telegrafista da Estrada União Mineira, como foi agente da estação de Filgueiras. Entretanto, essa não era a sua verdadeira profissão. Tinha sonhos e aspirações mais altos.
Homem de profunda visão comercial, inaugurou em nosso meio um novo sistema de negócios: vender barato, mas só a dinheiro. Foi assim que fundou a Casa Sarmento, que abasteceria a cidade de gêneros, armarinho e etc., a preços tão baixos que carrearia para a nossa cidade o comércio das cidades vizinhas. Aquele seu estabelecimento comercial, situado à Rua Cel. José Dutra, tanto se popularizou que, extra oficialmente, ninguém conhece até hoje aquela via pública por outro nome que não seja "Rua do Sarmento" em razão de sua casa de comércio.
Aliando-se a outros idealistas, fundava em nossa cidade, em 20 de janeiro de 1894 uma sociedade, para o fabrico de tecidos de algodão, com um capital social de cento e trinta contos de réis, cabendo a presidência dela o Cel. José Brás de Mendonça e a gerência a Daniel Sarmento. Entretanto, dada a exiguidade do capital, teve pouco tempo depois, suas atividades paralisadas. No ano seguinte, aliando-se Daniel Sarmento a seus irmãos Francisco Daniel e Emydio conseguiu constituir a razão social: Fábrica de Tecidos Mineiros, de Sarmento Irmãos & Cia, da qual era presidente o Dr. Carlos Alves e que , em 9 de setembro de 1905, se transformava na Companhia Fiação e Tecidos Sarmento, da qual foi o incorporador e que até hoje é o orgulho de nossa cidade.



Foi Daniel Sarmento o precursor da iluminação eletrica em nossa terra, tendo para isto instalado uma rede de força, luz e telefone não só em sua grande industria, mas também para a sua residencia.




A par dessa atividade no campo industrial, não negou Daniel Sarmento sua colaboração no campo político, tendo sido eleito vereador à Câmara Municipal em 1º de novembro de 1897, pelo Partido Republicano, e em 1 º de janeiro do ano imediato, vice-presidente da mesma edilidade, sendo reeleito para esse cargo durante toda a legislatura. Votava o povo em seu nome novamente em 1900, reconduzindo-o ao legislativo municipal a este, por seus pares, à vice-presidência, lugar em que foi conservado até o término de seu mandato.
Faleceu Daniel Sarmento, em 17 de dezembro de 1908, vítima de terrível uremia.
Quando se encontrava à testa do executivo municipal o Dr. Augusto Glória Ferreira Alves, nos idos de 1901, foi proposto pelo então Agente Executivo se desse o nome de Praça Daniel Sarmento à então Praça da Indústria, situada na parte fronteira da Fábrica de Tecidos. Recebia, em vida, Daniel Sarmento a consagração de um povo. Por outro lado , em 1915, quando Agente Executivo o Dr. Péricles de Mendonça, sem maiores solenidades era inaugurado o busto em bronze de Daniel Sarmento, artístico trabalho do professor Correia Lima, bronze que se assenta sobre um pedestal de granito.
A época era a praça circundada por um artístico gradil, que contornava toda a parte externa, e em seu interior bem trabalhados bancos de ferro, de fabricação da Fundição Indígena, do Rio de Janeiro, trazendo em seu centro um repuxo.
À direção da Fábrica ficaria entregue, por longos anos, a conservação daquele logradouro público. Entretanto, a empresa se descuidava, dia a dia, de sua conserva, de modo que, na administração do Farmacêutico Agenor Henriques Soares, após entendimentos, foi retirado o gradil, abrindo-se ao público e se conservando condignamente, transformando-o num dos recantos aprazíveis de nossa cidade.
Nova homenagem se lhe prestou, quando, em sessão da edilidade, por indicação dos edis Vicente da Costa Oliveira, Sebastião de Souza Lima e Antônio da Fonseca Lobão, indicação essa transformada na lei n º 291, teve seu nome ligado a uma outra via pública, que até hoje se conserva, a Rua Daniel Sarmento. A razão dessa homenagem está no fato de que foi naquela rua o local em que instalou sua primeira casa comercial, justamente local em que é hoje a residência do Sr. Mauro Furtado e que girava sob a razão social de Correia Netto & Sarmento. Posteriormente é que a transferiria para a rua Cel. José Dutra, já sob a outra firma, instalando-se no prédio onde agora funciona a Casa São Vicente de Paulo.

MEMORIAS DE NOSSAS RUAS: Rua Joaquim Murtinho

Foto: Com os devios créditos a sjonline.com.br

"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições”



(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1964, nos microfones da ZYV-39, Rádio Difusora e publicado em VOZ DE SÃO JOÃO).

De quando em vez amigos nossos têm pedido que tracemos ligeira biografia da figura de Joaquim Murtinho praticamente desconhecida até mesmo dos meios intelectuais locais.
Lembraríamos primeiro as razões que levaram o Poder Público Municipal a dar a um de nossos logradouros o nome daquele que foi considerado como o salvador das finanças brasileiras, o mais notável financista de sua época.
Em 1948, o Instituto Histórico de Mato Grosso enviou um ofício a todas as comunas brasileiras, lembrando-as de que naquele ano se comemoraria o centenário de nascimento de Joaquim Murtinho e que o melhor meio de se reverenciar sua memória seria dar seu nome a uma das vias públicas da localidade. Ocupava a chefia do Poder Executivo, à época, o Prefeito Joaquim Ferreira Campos, que, pela Resolução nº 19, de 3 de novembro de 1948, mandava denominar Rua Joaquim Murtinho a via pública, em prosseguimento à Avenida Zeca Henriques, entre as Ruas Guarda-Mor Furtado e Comendador José Soares.
Falemos, então, rapidamente sobre ele. Seu nome completo era Joaquim Duarte Murtinho. "Doublé" de médico e de estadista não se pode dizer em qual dos ramos de atividade mais se projetou seu nome.
Era um matogrossense dos mais ilustres que já se firam naquelas plagas. Nascera em Cuiabá, em 7 de dezembro de 1848. Como médico, e médico homeopata alcançou renome como um dos mais notáveis clínicos da América. Dele disseram ao morrer: "O médico, em Joaquim Murtinho não era somente o cientista ilustrado, era sobretudo a extraordinária perspicácia, de tal acuidade era o seu tino, tal a sua penetração, que ele parecia adivinhar, às vezes, quando a propedêutica, com todas as suas regras de exame e de inquérito na busca do diagnóstico, conseguia gaguejar apenas. Daí a segurança de seus juízos; daí o estupendo e surpreendente de suas curas."
Foi Ministro da Fazenda no governo de Prudente de Morais, quando já quase se expirava o período governamental. O estado financeiro do país era calamitoso, em virtude da dívida dos credores ingleses. Estava o Brasil às portas da bancarrota.
Com a subida de Campos Salles ao poder, de novo foi-lhe entregue a pasta da Fazenda, no quatriênio que vai de 1898 a 1902. Um de seus biógrafos assim o retrata: "Era o momento da mais séria crise financeira e econômica do Brasil. Desacreditado e onerado o tesouro, incapaz de pagar os juros das dívidas, acorrentado por uma moratória e pela hipoteca das próprias rendas, descera o câmbio à taxa de 5.
Foi com tamanha responsabilidade que Joaquim Murtinho assumiu a pasta. Confiava em si e através de doestos, calúnias, contra uma oposição sistemática e intolerante, executou as suas idéias, e antes de três anos havia refeito o crédito, aumentado as rendas, elevado o câmbio à taxa de 14, reduzido o numerário excessivo e instituído os fundos de reserva e resgate do papel moeda. Recomeçou o pagamento dos juros e na segunda presidência pôde o país, sem nenhum estorvo, realizar as grandes obras de saneamento e aformoseamento da capital do país".
Faleceu Joaquim Murtinho em 17 de novembro de 1911 no Rio de Janeiro.
Como se está a ver, a homenagem, que se prestou a esse vulto tão pouco conhecido de nossa história pátria, fora das mais justas e seria, muito mais agora, do que à época em que foi prestada, como uma lembrança, como um aceno, àqueles a quem estão entregues a direção e a limpeza das finanças do Brasil, quando se põe em jogo no exterior, o nome de nossa querida Pátria, tão saudosa de uma política financeira à Joaquim Murtinho.


sábado, 20 de novembro de 2010

MEMÓRIAS DE NOSSAS RUAS: Rua André Gotti




"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições”
(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1964, nos microfones da ZYV-39, Rádio Difusora e publicado em VOZ DE SÃO JOÃO).

Crédito: A foto ao lado é do Site www.sjonline.com.br
No princípio deste século, no local em que se levantou o prédio da Escola Normal, abriam-se os braços de uma Cruz, a derramar suas benções sobre a cidade que crescia.
Os planos que vinham sendo traçados para a construção do edifício, obrigaram sua derrubada. Atiraram-na a um canto e ali a deixaram. Um jovem dotado de espírito profundamente cristão, via-a assim. Veio-lhe ao espírito fase de sua infância, quando a epidemia quase o levara ao túmulo, e dela se salvara graças às orações maternas. Prometia um dia reerguê-la. Com o tempo alicerçaram-se suas convicções religiosas. E foi assim que, mais tarde, auxiliado por sua irmã Sarah, saía às ruas da cidade a pedir um óbulo pra a igrejinha que iria construir, no alto de uma de nossas colinas, em louvor a Santo Antônio e que teria ao lado um cruzeiro. Realmente, na segunda década deste século , erguia-se a ermida que todos chamavam de Igrejinha do André Gotti. Ele mesmo a construíra com os conhecimentos que tinha da arte.
Homem dotado de uma fibra inquebrantável, sempre levou a termo todos os empreendimentos que lhe eram cometidos. Funcionário da Câmara Municipal, André Gotti impôs seu nome à posteridade chefiando a construção da estrada que liga São João a Rio Novo, obra concluída em 1922. A concretização deste empreendimento valeu-lhe não só aplausos populares, mas também as mais encomiásticas referências da imprensa carioca. O Instituto Técnico Industrial do Rio de Janeiro, pela realização desta obra, espontaneamente, aclamou-o membro daquela sociedade e lhe conferiu o diploma de 1ª classe, de acordo com o parecer da Diretoria de Estradas pela “excelente obra de engenharia” realizada. Vai mais além o Instituto. Exige dele a fotografia para estampá-la na primeira página de sua revista.

André Gotti, no entanto, vivia humildemente, metido no seu terno de brim cáqui, indiferente aos aplausos. Nada de exaltação. Nada de vanglória.

Chefe do Serviço de Obra, vivia pelas estradas a remendá-las, a reconstruí-las, a pô-las em condições de permitir a passagem de veículos e pessoas.

Na cidade era “pau pra toda obra’, falando menos e fazendo mais. Aliado à Congregação das Filhas de Maria, executou a bela gruta de Nossa Senhora de Lourdes, em nossa Igreja Matriz, cópia fiel dos arredores da Capela de Lourdes, nos Pirineus, em território francês. Para aquela obra de arte teve a colaboração do pincel mágico de George Heughebaert, como de novo o viria ter, quando da construção da Capela de Nossa Senhora Aparecida”.

Aliado àquele artista, viria também em 1926, construir o majestoso “Arco de Triunfo”, quando da recepção ao Presidente Antônio Carlos, em visita à nossa cidade.A prefeitura de Rio Pomba, conhecedora de seu gosto artístico, de sua arte, de seu “savoir faire”, veio buscá-lo para a construção de um obelisco e um jardim, que ainda hoje ornamentam aquela próspera cidade.

E aquele velho funcionário, que viera de Rovigo, na Itália, com apenas oito anos de idade, se integrava, dia a dia, na comunidade são-joanense. Naturalizara-se brasileiro e trabalhou muito mais por esta terra do que muitos que tinha dever de fazê-lo.As pontes existem a mancheias para atestar sua atividade. Uma delas na rua que viria ter o seu nome, veio chamar, “Ponte André Gotti, numa homenagem em vida a um funiconário-dínamo, que não via horas de serviço, nem aguardava horário de expediente para o trabalho.

Faleceu André em 15 de maio de 1943 e era dado à sepultura no ‘Dia do Município”, justamente no dia daquele município que ele tanto amara e para o qual tanto trabalhara.Como honra ao mérito, ao ensejo de sua passagem pela Prefeitura Municipal, o Dr. Francisco Zágari baixou o decreto-lei nº 80, em 29 de setembro de 1946, dando o nome de André Gotti à via pública que liga a Rua Comendador José Soares à Guarda Mor Furtado.


MEMÓRIAS DE NOSSAS RUAS: Rua Dr. Fortes Bustamante



CREDITO:
As fotos acima são do Site: www.sjonline.com.br (navegue )

"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições”

(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1964, nos microfones da ZYV-39, Rádio Difusora e publicado em VOZ DE SÃO JOÃO).

Quem se propuser a estudar a vida da cidade de São João Nepomuceno encontrará, em determinado momento, um vulto que, à proporção que vai sendo analisado, irá crescendo à vista do pesquisador. É o doutor Antônio Justiniano Fortes Bustamante.
O papel que aquele eminente médico representou, no combate às epidemias que aqui graçaram, ao lado de um trabalho de medicina preventiva de real proveito, é algo de admirável, de sobre-humano. Ombreia-se com Carlos Alves e outros vultos históricos. Seu nome tem sido, no entanto, relegado a plano secundário, quando em verdade, está na primeira linha dos benfeitores são-joanenses.
Quem ler os seus relatórios, compulsando a coleção de "O Município", jornal de então, sentirá, em toda sua grandeza, a enormidade de Fortes Bustamante.
Não era do nosso São João, mas sim do ‘Del Rei', onde nascera em 1837. Diplomou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1865. Clinicou cerca de 25 anos na vizinha cidade de Rio Novo, onde ocupou cargos eletivos, com projeção. Em 1895 já estava em São João Nepomuceno exercendo, posteriormente, o cargo de suplente de juiz federal, de médico da Polícia e médico da Higiene, função criada pela Câmara Municipal para atendimento dos necessitados e para vacinação preventiva.
Mal chegado aqui irrompe a epidemia de febre amarela, dizimando vidas preciosas. Vê cair Carlos Del-Vecchio, médico ilustre. E dr. José Augusto Gomide que segue o mesmo destino. Depois é o grande Carlos Alves, que ainda "queria escrever a história, triste e lúgrube desta luta, que muito me tem servido para bem estudar a humanidade, que não supus tão pequena e tão egoísta". Um a um dos companheiros cai. E fica ele de pé a contar com umas poucas mãos de apóstolos, que o auxiliaram em sua sacrossanta missão. São dois anos de luta para afastar a morte e permitir a vida. E foi dessa época que lhe veio o apelido de ‘Médico da Pobreza', porque não via ele diferença entre os males dos nababos e os dos míseros indigentes que batiam à sua porta.
Cessada a hecatombe, ele não descansa. Põe em prática seus conhecimentos de medicina preventiva para que novas epidemias não voltassem a assolar esta terra, numa antevisão quase divina. Nem todos, porém, o ouvem. Nem todos querer seguir seus conselhos, tal como acontecia a Oswaldo Cruz. E de novo, em 1900, ressurge a febre amarela. Quatrocentos domicílios são visitados em São João, Descoberto e Rochedo. Ilustre colega contribui para que a moléstia se propague, porque não crê no quadro mórbido que se apresenta. Não cria fossem amarelentos os seus enfermos. Mas, infelizmente, certo estava Fortes Bustamante. A moléstia se propaga. Ficam a seu encargo 262 febrentos. Perde somente 14, vale dizer, pouco mais de 5% de doentes. A epidemia passa e os louros cobrem a fronte do já sexagenário médico.
Seu destino era, no entanto, lutar. Consegue, temeroso de novos males, o "trancamento do cemitério velho", para se usar uma expressão sua. Passam os sepultamentos a ser feitos no Cemitério Novo, local por ele estudado e que, à época, representava o ideal para a cidade. Mas, poucos anos são passados e uma nova epidemia surge. Agora é a varíola que dizima. Estamos em 1904. Sua atividade foi espantosa, como está a registrar a crônica da época. Sacrifica-se Fortes Bustamante em todos os terrenos para que o mal não prossiga. Luta dia e noite. É médico e enfermeiro. Sua saúde nada vale em comparação com a de seus semelhantes. Num gesto de nobreza, cede seu sítio e o transforma em isolamento dos doentes.
Foi assim, a vida de doutor Fortes Bustamante. Viveu por um ideal: a vida de seu próximo.
Quando em 12 de agosto de 1915 levaram seu corpo inerte para a sua última morada, no Cemitério Municipal, onde lá repousa, São João toda chorava!
Pela resolução nº 23, de 7 de outubro de 1937, assinada pelo Prefeito Agenor Henriques Soares, foi o seu nome dado à rua aberta e que liga a Coronel José Dutra à Avenida Zeca Henriques.

MEMÓRIAS DE NOSSAS RUAS: A Rua Coronel José Dutra

A foto acima é de 1905 uma preciosidade pois o fotografo era o pintor belga são-joanense George Heughebaert, responsável por inumeras obras, perdidas atualmente, sendo uma apenas conhecida a de Mater Dolorosa, guardada a sete chaves.






"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições”




(O texto abaixo é de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1964, nos microfones da ZYV-39 e publicado no Jornal VOZ DE SÃO JOÃO").

Quem leu as "Memórias da Rua do Ouvidor", de Joaquim Manoel de Macedo, e conhece a nossa Rua Coronel José Dutra, apelidada de Rua Sarmento, verá, guardadas as devidas proporções, que existe entre ambas uma certa afinidade, uma semelhança bem acentuada. Para o autor de "A Moreninha", é a "Rua Do ouvidor a mais passeada e corrida, a mais leviana, indiscreta, bisbilhoteira, fútil, noveleira, poliglota e enciclopédica de todas as ruas da cidade. Em verdade, a nossa Rua Sarmento sempre foi o ponto de convergência de nosso povo, dos encontros programados ou previstos. É ali, desde o princípio deste século, o local preferido para o footing, à noite, de nossa mocidade, das moçoilas casadoras, do bate-papo do fim do dia. Para ela se convergiu a parte mais importante do comércio local. A Origem de seu nome se perde pelo século XIX pois, é certo que, na documentação se refere ao ano de 1889, já se encontra sua toponímia como sendo Rua Coronel José Dutra. A instalação naquela rua, da firma comercial de Daniel de Moares Sarmento, no prédio onde estão hoje a Casa São Vicente de Paulo e o Bar Dia-e-noite, fez apagar bastante o nome primitivo da rua, para em seu lugar, surgir a Rua Sarmento, fenômeno esse que se repete com outros logradouros de nossa cidade.


Mas, quem foi o Coronel José Dutra?

O Coronel José Dutra Nicácio foi um chefe político de enorme prestígio, que militou nas fileiras do Partido Liberal. Quando o Partido Liberal Mineiro ("Genealogia dos Fundadores de Cataguazes, de Arthur Resende) orientado por Teófilo Ortoni se- rebelou contra o governo em 1842, o Cel. José Dutra chefe em São João Nepomuceno, e seu cunhado Cel. João Bento Pereira Salgado, chefe no Pomba, trataram de reunir forte contingente para auxiliar os rebeldes e só não entraram em luta pelo motivo da derrota dos rebeldes em Santa Luzia, pelas forças de Caxias,..."ambos foram perseguidos e ameaçados de processo do qual se livraram em virtude da anistia então concedida."
Era o Coronel José Dutra natural do distrito de Lamim, município de Queluz, tendo nascido em 13 de abril de 1796 e batizado em 14 de março de 1797.
Foi casado, em primeiras núpcias, com D. Antônia de Lopes Dutra, com quem teve sete filhos; em segundo matrimônio com D. Antônia Vieira de Silva Pinto, ou D. Antônia Maria de São José, que veio a falecer devido ao impacto sofrido com o movimento revolucionário de 1842, e com ela houve uma única filha, e , finalmente, com D. Joaquina Medina Dutra, de cujo enlace nasceram três descendentes. Possuiu aqui a Fazenda do Ribeirão, nas proximidades da cidade. Fundou, no Espirito Santo, o Arraial de São José dos Calçados, hoje florescente cidade capixaba. Faleceu em 23 de Janeiro de 1873 em nossa cidade, quando contava setenta e sete anos de idade, sendo inumado no chamado Cemitério Velho, onde se encontra até hoje, sua sepultura. É ele o tronco da família Dutra em nossa cidade.
Salienta-se que a patente de "Coronel" que lhe deram, lhe foi concedida no Pomba, pelas tropas rebeldes, como comandante de uma das Legiões, que lá se formaram.
Inegável era o prestígio que desfrutava o Coronel José Dutra, mas a Revolução de 1842 desgastou-o sobremaneira, de modo que, só com o passar dos tempos, pôde de novo congregar em torno de sua pessoas os elementos que o apoiariam em sua carreira política, recuperando-o novamente e conseguindo o lugar de vereador à Câmara Municipal.
Para que se possa ter realmente uma idéia perfeita do papel representado por Coronel José Dutra, necessário se torna a leitura da História do Movimento Político, que no ano de 1842 teve lugar na Província de Minas Gerais, do Cônego José Antônio Marinho onde se retrata com bastante fidelidade aquela fase da vida do Estado e de nosso Município.Temos para nós que foi o Coronel José Dutra a primeira figura que fez sair do anonimato o nome de São João Nepomuceno, um rincão, àquela época, quase desconhecido.

NOTA: Atualmente parte da Rua Coronel José Dutra abriga o Calçadão da cidade. Os estabelecimentos comerciais citados no texto do Dr. José de Castro Azevedo já não existem mais, bem como o Cemitério antigo, que ficava situado no Largo da Matriz, nos fundos do Parque de Exposições.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ORQUESTRA ELDORADO ORGULHO DA GARBOSA


Por Nei Medina


Bons tempos!

Bailes com orquestras; espetaculares orquestras. Aqui em São João Nepomuceno, a Orquestra Eldorado iniciou suas atividades nos anos 40. Meu Tio, João Baptista Furlan, músico, arranjador e pistonistas dos melhores, começou sua carreira na na Orquestra Eldorado no início dos anos 50 com apenas 17 anos. Orgulhoso, me conta muitas histórias relacionadas à Orquestra. Diz que na antiga linha férrea, de Ponte Nova ao Rio de Janeiro, a Orquestra tocou em praticamente todas as cidades. Além do Carangola Tênis Club, Petropolitano, Hotel Quitandinha, São Paulo, Uberlândia...Um fato marcante foi se apresentar(anos 50) no Petropolitano, sábado de carnaval.

A capital da República era o Rio de Janeiro, e nesta época, era costume fazer 4 bailes de Gala: sábado no Petropolitano; domingo no Hotel Glória; segunda no Hotel Quitandinha e finalmente na terça no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Isso mesmo! Uma Orquestra de São João Nepomuceno tocando músicas de carnaval para a elite dos Políticos e sociedade Fluminense.

Outro fato marcante mas lamentável, foi recusar o convite para se apresentar na Sede Social do Fluminense em Álvaro Chaves. Os compromissos agendados anteriormente impossibilitaram que o Tricolor João Furlan fechasse este contrato. A Orquestra era muito solicitada.Em resumo, com Heleno de Freitas, Alírio Guazi(Fluminense), Helenize de Freitas(Makienze e Seleção Brasileira de Volei),Rubens Paixão (treinador de Futsal - Grajaú e Seleção Carioca), Piorra, Simão, Wellington Fajardo, Adil(Corinthians), Ayupe(Vasco), Zé Luiz(Cruzeiro), Herilene de Freitas (natação), Emmerson Nogueira, Ricardo Itaboray, Pablo(Cruzeiro), Ricardo Sporch(bicicross), Osni Júnior(motocross) e tantos outros, antes de todos estes, a Orquestra Eldorado tocava, cantava e encantava milhares de brasileiros.

Na foto que ilustra este blog vemos: Rui Barbosa na sanfona; José do Baixo no baixo, Sr. Jura e João Furlan no Sax, Noé e José Carlos Furlan no Piston, João "mamão" Erasmo no trombone, Pisca no violão, entre outros.


Obrigado ao amigo Nei Medina que em seu blog ofertou-nos esta preciosidade e esta rica lembrança desta que foi uma das maiores orquestras de Minas.

CAPELINHA DE SANTO ANTONIO 1925

CAPELINHA DE SANTO ANTONIO 1925

CAPELINHA DE SANTO ANTONIO

CAPELINHA DE SANTO ANTONIO

NOSSAS MONTANHAS

NOSSAS MONTANHAS
UAI! SÃO AS MONTANHAS DE MINAS

TURMA DA 8ª SÉRIE DA E.M.CORONEL JOSÉ BRAZ

TURMA DA 8ª SÉRIE DA E.M.CORONEL JOSÉ BRAZ

SEM PALAVRAS!

SEM PALAVRAS!

A FABRICA DE TECIDOS

A FABRICA DE TECIDOS
FUNDADA EM 1895

ESCOLA CENTENÁRIA

ESCOLA CENTENÁRIA
ESCOLA MUNICIPAL CORONEL JOSÉ BRAZ

FANFARRA DO INSTITUTO BARROSO

FANFARRA DO INSTITUTO BARROSO
EM SEU INICIO

VISTA PARCIAL

VISTA PARCIAL
vista da matriz -São João a noite

A PREFEITURA HOJE

A PREFEITURA HOJE

O SOBRADO DE DONA PRUDENCIANA

O SOBRADO DE DONA PRUDENCIANA
O que restou da historia? UMA FOTO!!!