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"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições”
"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições”
(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1964, nos microfones da ZYV-39, Rádio Difusora e publicado em VOZ DE SÃO JOÃO).
Quem se propuser a estudar a vida da cidade de São João Nepomuceno encontrará, em determinado momento, um vulto que, à proporção que vai sendo analisado, irá crescendo à vista do pesquisador. É o doutor Antônio Justiniano Fortes Bustamante.
O papel que aquele eminente médico representou, no combate às epidemias que aqui graçaram, ao lado de um trabalho de medicina preventiva de real proveito, é algo de admirável, de sobre-humano. Ombreia-se com Carlos Alves e outros vultos históricos. Seu nome tem sido, no entanto, relegado a plano secundário, quando em verdade, está na primeira linha dos benfeitores são-joanenses.
Quem ler os seus relatórios, compulsando a coleção de "O Município", jornal de então, sentirá, em toda sua grandeza, a enormidade de Fortes Bustamante.
Não era do nosso São João, mas sim do ‘Del Rei', onde nascera em 1837. Diplomou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1865. Clinicou cerca de 25 anos na vizinha cidade de Rio Novo, onde ocupou cargos eletivos, com projeção. Em 1895 já estava em São João Nepomuceno exercendo, posteriormente, o cargo de suplente de juiz federal, de médico da Polícia e médico da Higiene, função criada pela Câmara Municipal para atendimento dos necessitados e para vacinação preventiva.
Mal chegado aqui irrompe a epidemia de febre amarela, dizimando vidas preciosas. Vê cair Carlos Del-Vecchio, médico ilustre. E dr. José Augusto Gomide que segue o mesmo destino. Depois é o grande Carlos Alves, que ainda "queria escrever a história, triste e lúgrube desta luta, que muito me tem servido para bem estudar a humanidade, que não supus tão pequena e tão egoísta". Um a um dos companheiros cai. E fica ele de pé a contar com umas poucas mãos de apóstolos, que o auxiliaram em sua sacrossanta missão. São dois anos de luta para afastar a morte e permitir a vida. E foi dessa época que lhe veio o apelido de ‘Médico da Pobreza', porque não via ele diferença entre os males dos nababos e os dos míseros indigentes que batiam à sua porta.
Cessada a hecatombe, ele não descansa. Põe em prática seus conhecimentos de medicina preventiva para que novas epidemias não voltassem a assolar esta terra, numa antevisão quase divina. Nem todos, porém, o ouvem. Nem todos querer seguir seus conselhos, tal como acontecia a Oswaldo Cruz. E de novo, em 1900, ressurge a febre amarela. Quatrocentos domicílios são visitados em São João, Descoberto e Rochedo. Ilustre colega contribui para que a moléstia se propague, porque não crê no quadro mórbido que se apresenta. Não cria fossem amarelentos os seus enfermos. Mas, infelizmente, certo estava Fortes Bustamante. A moléstia se propaga. Ficam a seu encargo 262 febrentos. Perde somente 14, vale dizer, pouco mais de 5% de doentes. A epidemia passa e os louros cobrem a fronte do já sexagenário médico.
Seu destino era, no entanto, lutar. Consegue, temeroso de novos males, o "trancamento do cemitério velho", para se usar uma expressão sua. Passam os sepultamentos a ser feitos no Cemitério Novo, local por ele estudado e que, à época, representava o ideal para a cidade. Mas, poucos anos são passados e uma nova epidemia surge. Agora é a varíola que dizima. Estamos em 1904. Sua atividade foi espantosa, como está a registrar a crônica da época. Sacrifica-se Fortes Bustamante em todos os terrenos para que o mal não prossiga. Luta dia e noite. É médico e enfermeiro. Sua saúde nada vale em comparação com a de seus semelhantes. Num gesto de nobreza, cede seu sítio e o transforma em isolamento dos doentes.
Foi assim, a vida de doutor Fortes Bustamante. Viveu por um ideal: a vida de seu próximo.
Quando em 12 de agosto de 1915 levaram seu corpo inerte para a sua última morada, no Cemitério Municipal, onde lá repousa, São João toda chorava!
Pela resolução nº 23, de 7 de outubro de 1937, assinada pelo Prefeito Agenor Henriques Soares, foi o seu nome dado à rua aberta e que liga a Coronel José Dutra à Avenida Zeca Henriques.
Quem se propuser a estudar a vida da cidade de São João Nepomuceno encontrará, em determinado momento, um vulto que, à proporção que vai sendo analisado, irá crescendo à vista do pesquisador. É o doutor Antônio Justiniano Fortes Bustamante.
O papel que aquele eminente médico representou, no combate às epidemias que aqui graçaram, ao lado de um trabalho de medicina preventiva de real proveito, é algo de admirável, de sobre-humano. Ombreia-se com Carlos Alves e outros vultos históricos. Seu nome tem sido, no entanto, relegado a plano secundário, quando em verdade, está na primeira linha dos benfeitores são-joanenses.
Quem ler os seus relatórios, compulsando a coleção de "O Município", jornal de então, sentirá, em toda sua grandeza, a enormidade de Fortes Bustamante.
Não era do nosso São João, mas sim do ‘Del Rei', onde nascera em 1837. Diplomou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1865. Clinicou cerca de 25 anos na vizinha cidade de Rio Novo, onde ocupou cargos eletivos, com projeção. Em 1895 já estava em São João Nepomuceno exercendo, posteriormente, o cargo de suplente de juiz federal, de médico da Polícia e médico da Higiene, função criada pela Câmara Municipal para atendimento dos necessitados e para vacinação preventiva.
Mal chegado aqui irrompe a epidemia de febre amarela, dizimando vidas preciosas. Vê cair Carlos Del-Vecchio, médico ilustre. E dr. José Augusto Gomide que segue o mesmo destino. Depois é o grande Carlos Alves, que ainda "queria escrever a história, triste e lúgrube desta luta, que muito me tem servido para bem estudar a humanidade, que não supus tão pequena e tão egoísta". Um a um dos companheiros cai. E fica ele de pé a contar com umas poucas mãos de apóstolos, que o auxiliaram em sua sacrossanta missão. São dois anos de luta para afastar a morte e permitir a vida. E foi dessa época que lhe veio o apelido de ‘Médico da Pobreza', porque não via ele diferença entre os males dos nababos e os dos míseros indigentes que batiam à sua porta.
Cessada a hecatombe, ele não descansa. Põe em prática seus conhecimentos de medicina preventiva para que novas epidemias não voltassem a assolar esta terra, numa antevisão quase divina. Nem todos, porém, o ouvem. Nem todos querer seguir seus conselhos, tal como acontecia a Oswaldo Cruz. E de novo, em 1900, ressurge a febre amarela. Quatrocentos domicílios são visitados em São João, Descoberto e Rochedo. Ilustre colega contribui para que a moléstia se propague, porque não crê no quadro mórbido que se apresenta. Não cria fossem amarelentos os seus enfermos. Mas, infelizmente, certo estava Fortes Bustamante. A moléstia se propaga. Ficam a seu encargo 262 febrentos. Perde somente 14, vale dizer, pouco mais de 5% de doentes. A epidemia passa e os louros cobrem a fronte do já sexagenário médico.
Seu destino era, no entanto, lutar. Consegue, temeroso de novos males, o "trancamento do cemitério velho", para se usar uma expressão sua. Passam os sepultamentos a ser feitos no Cemitério Novo, local por ele estudado e que, à época, representava o ideal para a cidade. Mas, poucos anos são passados e uma nova epidemia surge. Agora é a varíola que dizima. Estamos em 1904. Sua atividade foi espantosa, como está a registrar a crônica da época. Sacrifica-se Fortes Bustamante em todos os terrenos para que o mal não prossiga. Luta dia e noite. É médico e enfermeiro. Sua saúde nada vale em comparação com a de seus semelhantes. Num gesto de nobreza, cede seu sítio e o transforma em isolamento dos doentes.
Foi assim, a vida de doutor Fortes Bustamante. Viveu por um ideal: a vida de seu próximo.
Quando em 12 de agosto de 1915 levaram seu corpo inerte para a sua última morada, no Cemitério Municipal, onde lá repousa, São João toda chorava!
Pela resolução nº 23, de 7 de outubro de 1937, assinada pelo Prefeito Agenor Henriques Soares, foi o seu nome dado à rua aberta e que liga a Coronel José Dutra à Avenida Zeca Henriques.
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