Autor: Dr. José de Castro Azevedo
Quando se aproximavam os últimos dias do Império, nitidamente delineavam em nossa Câmara Municipal duas correntes a dos Conservadores e a dos Republicanos.
Entre esses se destacavam o Dr. Henrique Vaz, que posteriormente se projetaria na política estadual, e o Sr. Prestes Pimentel. Por seu turno, no cenário estadual fulgurava o vulto do Conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, que provincial de Minas Gerais. Ressalta-se que Saldanha Marinho ao lado de Quintinho Bocaiuva e Salvador de Mendonça, iniciara o movimento republicano no Brasil. Saldanha Marinho era influente figura no meio maçônico, já tendo ocupado o cargo de Grão-Mestre, pelo que possuía em São João um elevado número de admiradores e de seguidores de suas pregações. Assim é que, na sessão da Câmara, realizada em 20 de agosto de 1889, os então vereadores Dr. Henrique Vaz e Prestes Pimentel apresentavam um projeto em que mandavam se desse o nome de Saldanha Marinho à Praça da Estação. Aprovado o projeto, ao homenageado se deu conhecimento da lei, o que levou Saldanha Marinho a se dirigir à Câmara Municipal, por carta de 9 de outubro do mesmo ano, em que dizia que "a homenagem é um grito aos são-joanenses para que se aliem àqueles que se batem pelos postulados de uma nova ordem, que se espera haver de vir". Realmente, um mês depois, raiava a República. Quem se der ao trabalho de folhear álbuns daquela época verá gravado o nome de Saldanha Marinho na Praça, ao lado de amplos coqueiros, a lhe delinear os contornos. Em 1895, Saldanha Marinho era levado à sepultura. Pouco depois era esquecido pelos são-joanenses.
Por outro lado, desde os princípios do século XX um nome começava a surgir na política são-joanense: o de Doutor Augusto Glória Ferreira Alves. Em 1901, já empossava ele no cargo de Agente Executivo, com um asto plano de governo. Vencido o seu mandato, quis o povo testemunhar-lhe seu reconhecimento. Tanto assim que, em sessão de 1 º de dezembro de 1906, do legislativo municipal, os vereadores Vicente da Costa de Oliveira, Sebastião de Souza Lima e Antônio da Fonseca Lobão apresentavam à Câmara um projeto, que se transformaria na lei 291, de 6 do mesmo mês , no qual o nome da Praça Saldanha Marinho era mudado para Praça Dr. Augusto Glória.
E assim foi até 1917. Naquele ano, em uma das reuniões da edilidade, o vereador doutor Augusto Glória requereu fosse substituída a denominação do logradouro público que tinha o seu nome pelo do grande brasileiro – o Barão de Rio Branco. Devotava doutor Glória profunda admiração pela figura daquele grande estadista e cultuava, respeitosamente, sua memória. Lido o projeto contra ele protestou, em uníssono, toda a Câmara. E a cidade se levanta em coro contra aquele ato. Um abaixo-assinado corre nossas ruas, procurando fulminar o projeto. Tudo em vão. Inflexível permanece Dr. Glória. Para contornar a situação, o vereador dr. Antonio de Moraes Sarmento apresenta emenda ao projeto: que se desse o nome do Barão do Rio Branco à Praça 13 de Maio, mas, que se mantivesse o nome aureolado de Dr. Glória na antiga Praça Saldanha Marinho. Dr. Glória não sabia transigir, se bem pregasse até o fim de sua vida que a política era a ciência de se saber transigir... Parece-nos vê-lo, ainda metido em seu impecável terno de linho branco, colarinho alto, bengala castão de ouro, o rosto a arder em fogo, dedo em riste. Exigia de seus pares a aprovação da proposição, pois "eram irrevogáveis os motivos que o levaram à apresentação daquele projeto e pedia a seus colegas vereadores que o aprovassem por uma consideração à sua pessoa." Diante mesmo de uma possível renúncia à sua cadeira, capitulou a Câmara. Daí o decreto 48, de 13 de outubro de 1917, que mudava para Praça Barão do Rio Branco a denominação da Praça Doutor Augusto Glória.
Em 1946, ocupava o cargo de Prefeito Municipal de São João Nepomuceno o Dr. Francisco Zágari, que se achava ligado à veneranda figura de Dr. Glória pelos mais afetivos laços de estima. Já trôpego, admirava-se nossa gente em ver aquele velhinho de 82 anos de idade quase diariamente, subir a ladeira que demanda o Ginásio para ainda exercer, com profunda serenidade o cargo de fiscal federal junto ao Ginásio S. João e à Escola de Comércio. Por isso mesmo, em 15 de agosto, quando completava Dr. Glória 82 anos de vida, Dr. Zágari, de acordo com as normas então vigentes, apresentou ao Conselho Administrativo do Estado um projeto, com ampla justificativa, de nossa autoria, em que se dava o nome daquele antigo político à praça existente nesta cidade "entre a Praça Cel. José Brás e a Avenida Dr. Carlos Alves, em frente à estação da ferrovia Leopoldina", vale dizer, desmembrando a Praça Barão do Rio Branco em duas partes, a superior e a inferior da linha férrea. Em brilhante parecer do Conselheiro Dr. José Celso Valadares Pinto, com o apoio unânime do Conselho foi aprovado o Decreto-Lei n. 85, que daria o nome de Dr. Augusto Glória, à praça fronteiriça de um lar onde viveu toda a sua existência uma das mais queridas figuras são-joanenses, um fluminense, que, como poucos desta terra, tanto engrandeceu e amou.
Entre esses se destacavam o Dr. Henrique Vaz, que posteriormente se projetaria na política estadual, e o Sr. Prestes Pimentel. Por seu turno, no cenário estadual fulgurava o vulto do Conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, que provincial de Minas Gerais. Ressalta-se que Saldanha Marinho ao lado de Quintinho Bocaiuva e Salvador de Mendonça, iniciara o movimento republicano no Brasil. Saldanha Marinho era influente figura no meio maçônico, já tendo ocupado o cargo de Grão-Mestre, pelo que possuía em São João um elevado número de admiradores e de seguidores de suas pregações. Assim é que, na sessão da Câmara, realizada em 20 de agosto de 1889, os então vereadores Dr. Henrique Vaz e Prestes Pimentel apresentavam um projeto em que mandavam se desse o nome de Saldanha Marinho à Praça da Estação. Aprovado o projeto, ao homenageado se deu conhecimento da lei, o que levou Saldanha Marinho a se dirigir à Câmara Municipal, por carta de 9 de outubro do mesmo ano, em que dizia que "a homenagem é um grito aos são-joanenses para que se aliem àqueles que se batem pelos postulados de uma nova ordem, que se espera haver de vir". Realmente, um mês depois, raiava a República. Quem se der ao trabalho de folhear álbuns daquela época verá gravado o nome de Saldanha Marinho na Praça, ao lado de amplos coqueiros, a lhe delinear os contornos. Em 1895, Saldanha Marinho era levado à sepultura. Pouco depois era esquecido pelos são-joanenses.
Por outro lado, desde os princípios do século XX um nome começava a surgir na política são-joanense: o de Doutor Augusto Glória Ferreira Alves. Em 1901, já empossava ele no cargo de Agente Executivo, com um asto plano de governo. Vencido o seu mandato, quis o povo testemunhar-lhe seu reconhecimento. Tanto assim que, em sessão de 1 º de dezembro de 1906, do legislativo municipal, os vereadores Vicente da Costa de Oliveira, Sebastião de Souza Lima e Antônio da Fonseca Lobão apresentavam à Câmara um projeto, que se transformaria na lei 291, de 6 do mesmo mês , no qual o nome da Praça Saldanha Marinho era mudado para Praça Dr. Augusto Glória.
E assim foi até 1917. Naquele ano, em uma das reuniões da edilidade, o vereador doutor Augusto Glória requereu fosse substituída a denominação do logradouro público que tinha o seu nome pelo do grande brasileiro – o Barão de Rio Branco. Devotava doutor Glória profunda admiração pela figura daquele grande estadista e cultuava, respeitosamente, sua memória. Lido o projeto contra ele protestou, em uníssono, toda a Câmara. E a cidade se levanta em coro contra aquele ato. Um abaixo-assinado corre nossas ruas, procurando fulminar o projeto. Tudo em vão. Inflexível permanece Dr. Glória. Para contornar a situação, o vereador dr. Antonio de Moraes Sarmento apresenta emenda ao projeto: que se desse o nome do Barão do Rio Branco à Praça 13 de Maio, mas, que se mantivesse o nome aureolado de Dr. Glória na antiga Praça Saldanha Marinho. Dr. Glória não sabia transigir, se bem pregasse até o fim de sua vida que a política era a ciência de se saber transigir... Parece-nos vê-lo, ainda metido em seu impecável terno de linho branco, colarinho alto, bengala castão de ouro, o rosto a arder em fogo, dedo em riste. Exigia de seus pares a aprovação da proposição, pois "eram irrevogáveis os motivos que o levaram à apresentação daquele projeto e pedia a seus colegas vereadores que o aprovassem por uma consideração à sua pessoa." Diante mesmo de uma possível renúncia à sua cadeira, capitulou a Câmara. Daí o decreto 48, de 13 de outubro de 1917, que mudava para Praça Barão do Rio Branco a denominação da Praça Doutor Augusto Glória.
Em 1946, ocupava o cargo de Prefeito Municipal de São João Nepomuceno o Dr. Francisco Zágari, que se achava ligado à veneranda figura de Dr. Glória pelos mais afetivos laços de estima. Já trôpego, admirava-se nossa gente em ver aquele velhinho de 82 anos de idade quase diariamente, subir a ladeira que demanda o Ginásio para ainda exercer, com profunda serenidade o cargo de fiscal federal junto ao Ginásio S. João e à Escola de Comércio. Por isso mesmo, em 15 de agosto, quando completava Dr. Glória 82 anos de vida, Dr. Zágari, de acordo com as normas então vigentes, apresentou ao Conselho Administrativo do Estado um projeto, com ampla justificativa, de nossa autoria, em que se dava o nome daquele antigo político à praça existente nesta cidade "entre a Praça Cel. José Brás e a Avenida Dr. Carlos Alves, em frente à estação da ferrovia Leopoldina", vale dizer, desmembrando a Praça Barão do Rio Branco em duas partes, a superior e a inferior da linha férrea. Em brilhante parecer do Conselheiro Dr. José Celso Valadares Pinto, com o apoio unânime do Conselho foi aprovado o Decreto-Lei n. 85, que daria o nome de Dr. Augusto Glória, à praça fronteiriça de um lar onde viveu toda a sua existência uma das mais queridas figuras são-joanenses, um fluminense, que, como poucos desta terra, tanto engrandeceu e amou.
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