SÃO JOÃO NEPOMUCENO - JAN NEPOMUCKY

134 ANOS OU 173 ANOS?



Por José Carlos Barroso

Desde que começamos a estudar profundamente a historia de nosso Município muito nos intrigou as controvérsias de datas, até que levado pelas explicações e estudos do historiador e professor Cláudio Heleno Machado, resolvemos suscitar questões, sabedores de que qualquer atitude poderia estar revolucionando uma historia contada há tempos nos bancos escolares.

Foi como Superintendente da Fundação Cultural São João Nepomuceno, e no ano de 2003, que escrevendo a história do Município, seus grandes vultos, e suas instituições através dos tempos, além de algumas curiosidades, com as quais nos deparamos ao longo de nosso trabalho, é que propusemos uma reconstrução, um resgate mesmo, dos fatos históricos esperando que nossas autoridades aceitassem nossas posições e ponderações em torno da questão e se unissem e comungassem conosco desse esforço.

Infelizmente assim não entenderam, e todo o nosso esforço, foi interrompido, até que somente agora no ano de 2010, que a Fundação Cultural, acatando os nossos estudos e, ainda do historiador André Cabral, aquela proposição revolucionaria da história foi levada até nossa Câmara de Vereadores, quando então vimos coroada nossa proposição, isto em 29 de abril de 2010.

Não passam elas de simples afirmações evasivas e desconexas, são todas oriundas de profunda pesquisa e estudo além de serem embasadas no relato e conhecimento de grandes nomes e de importantes historiadores, como o Cônego Raimundo Trindade, Celso Falabella de Figueiredo Castro, Dr. José de Castro Azevedo, Dr. Paulo Roberto Medina, Padre Dr. José Vicente César, Professor Cláudio Heleno Machado, Professor Antonio Henrique Duarte Lacerda do Arquivo Público de Juiz de Fora, e agora André Cabral, dentre outros, todos amparados por rica bibliografia oriunda de arquivos, jornais e livros.

O importante é que não esmorecemos e, sempre esperamos, que nossas autoridades permanecessem solidárias à nossa proposta e pudessem endossá-las unindo esforços na tentativa de reconstrução e recuperação da história de nossa São João Nepomuceno

Para que nossos jovens, e crianças em particular pudessem ter em mãos um compêndio contendo um pouco de nossa história, para suas pesquisas, e conhecimento, e que nossos professores deste trabalho se utilizassem para seus estudos e informações profissionais, apresentamos no ano de 2003 no Jornal O SUL DA MATA, a primeira edição dessa historia tão rica.


E foi com este mesmo pensamento que abraçamos a ideia e que só agora entregamos a todos por este blog São João Nepomuceno (JAM NEPOMUCKY como o fruto de uma união de pensamentos e esforços.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

SÃO JOÃO NEPOMUCENO - MINHA TERRA

Jose Carlos Barroso

Se você vier,
Estaremos onde quiser,
Onde possa querer,
Onde quisera estar.

Se você quiser,
nós estaremos,
No alto até aonde chegarmos,
No lugar mais bonito,
De alegrias entre colinas.

Eu lhe prometo sol,
Eu lhe prometo mais,
A beleza das águas,
Para se lavar mágoas,
Rolando nas pedras do tambor,
Molhando também o amor.

Nos estaremos numa praça,
Com a melhor cachaça,
Aos sons das cabaças,
De graça com as graças.

Em qualquer lugar,
Com violão mais canção,
Voando, cantando,
Brincando amando.

Eu lhe prometo alguém,
Que canta como os sinos,
E com todo o nosso amor,
Os nossos mais lindos hinos.

Se você aqui chegar,
Verá o pedaço de um lugar,
Para se amar e morar,
Ou qualquer lugar,
Para se trabalhar.

Neste nosso pedacinho,
Você estará sempre em festa,
Como a tristeza detesta,
Um lugar doce de doces,
Nosso pedacinho doce

Lugar que dá certo,
Nosso lugar bem perto,
Para você, que vai chegar,
Amar e ficar.



MINERO

Por José Carlos Barroso
Sê minero e sê puítico
É a mema coisa,
Pruque sê puítico.
É sê minero
O minero resorve
Pela puítica
Como come
Pela boca.
Dizem que puiticologia
É ciênça de minero
Já a isquina a facurdade
Donde minero vai istudá.
De Tiradente,
Eu sô parente
De Jucilino afiado
De Tranquedo aliado
Trem danado de bão
Sê minero puitico
Sê puítico minero
Mais mio memo é
Sê baita minerão
Aqui de São João.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

UAI!

(Brincando com a mineirice)

José Carlos Barroso


Uai é coisa de mineiro
E se lhe pedem explicação
Diz logo que uai é uai, uai.
Quando desconhece ser interjeição
Ou quando fica mais fácil a justificação

Uai é uma palavra ou uma locução
Que pode exprimir uma admiração
Ou capaz de revelar uma irritação

Uai pode expor um sentimento de dor
De alegria, aplauso ou de amor.
Pode ainda exprimir espanto e terror

Uai pode traduzir uma surpresa
Por uma feiúra ou por uma beleza
Ou um sentimento de significativa pureza

Uai é algo bem especial
Modo de o mineiro falar, coisa sem igual.
Uai é uai, uai
Num é isso, uai!

UAI! NÃO É UAI!

UMA CURIOSIDADE
Por José Carlos Barroso
"No governo do presidente da república Juscelino Kubtschek uma pesquisa foi feita, e foi aí que se encontrou uma explicação, provavelmente confiável da origem do termo mineiro.

Os inconfidentes mineiros, patriotas, mas considerados subversivos pela coroa Portuguesa, comunicavam-se através de senhas para se protegerem da polícia lusitana.

Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam, os companheiros com as três batidas clássicas da maçonaria nas portas dos esconderijos.

Lá de dentro , perguntavam:

-Quem é? E os de fora respondiam:-UAI -(as iniciais de União, Amor e Independência).

Só mediante o uso desta senha a porta seria aberta aos visitantes. Terminada a Conjuração, da revolta, só sobrou a senha, que acabou virando costume entre o povo mineiro.

Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então. incorporaram ao vocabulário cotididano, quase tão indispensável como o tutu de feijão, a banda de musica e o trem."



sexta-feira, 14 de maio de 2010

A HISTORIA GLORIOSA DO GLORIOSO BOTAFOGO F.C.

PRIMEIRA PARTE:

Por Fábio de Campos Bastos,
com adaptações e curiosidades de José Carlos Barroso



O Botafogo Futebol Clube, teve sua fundação datada de 21 de abril de 1937, desempenhando suas atividades no antigo campo do Mangueira Futebol Clube, localizado no Largo da Matriz, onde hoje é utilizado para as exposições agropecuárias.

Nos conta a história que alguns diretores pressionavam para se fazer a mudança do nome do Clube, passando de BOTAFOGO F.C. para MANGUEIRA F.C., acabando por nascer aqui os dissidentes e o afastamento daqueles que não aceitavam a troca de nome, aqueles que viriam a reerguer o Botafogo F.C.

Capitaneados pelo Senhor Horacio Furtado de Mendonça uma plêiade de jovens passaram a viabilizar o ressurgimento do Botafogo Futebol Clube em 21 de abril de 1945, para tal decisão.

Aqui abrimos um parêntese para com prazer contarmos a todos uma curiosidade, de como eram as reuniões dos novos e velhos botafoguenses de São João, isto segundo dois dos fundadores do Botafogo, Ary Barroso Silva e Joaquim Paulo de Oliveira (Quinca): Contaram-nos, que as reuniões de soerguimento do Botafogo F.C. estavam sendo espionadas pelo então mangueirenses, e tudo que pensavam em realizar era descoberto. Assim tiveram a idéia de que as reuniões acontecessem pela ruas da cidade a noite, com o grupo andando, e assim fizeram, nunca estando em um lugar só, para que “as paredes não ouvissem”

Pois bem àquela altura era grande o numero de adeptos e simpatizantes ao Botafogo tendo sido então programadas diversas atividades, quando então foram considerados como fundadores do clube os senhores: Horácio Furtado de Mendonça, Humberto Nicodemos, Joaquim Paulo de Oliveira e Ary Barroso Silva.

Não tive a honra de conhecer o Senhor Horácio mas de seus casos e causos pude bem desfrutar, homem forte, de personalidade sem igual, destemido e empreendedor com características de grande benfeitor.

Quanto a Humberto Nicodemos, como não lembrar daquele velhinho, sim pequenininho, de cabelos ralos e brancos e, de letra de talhes invejáveis, que com gosto apreciava quando chegava em nossa casa um de seus cartões felicitando-nos pelos aniversários e , que logo nos apressava-nos para tentar imitá-lo – aliás de tanto tentar imitar aquela linda caligrafia acabei por esquecer a que aprendi a escrever nos bancos escolares – Escola Coronel José Braz - coisas de menino, o que sei é que acabei por ficar com a caligrafia parecida com a daquele simples e bondoso homem.

Curiosamente os troféus que o Botafogo ganhava eram enterrados por Humbeto em sua casa, "para não sumirem" diziam eles. Será que é isso mesmo...? Aliás todos os pertences do Botafogo F.C foram confiscados, e foi um odisseia reavê-los.

Até é possivel, porque as camisas do Botafogo, chegaram a ser tingidas e distribuidas, para trbalhadores da Prefeitura. Coisas da paixão clubistica que por aqui sempre existiu!

Quanto ao Joaquim Paulo de Oliveira, o Quinca, posso dizer que eu não sabia nada da historia desse glorioso clube, e foi ele que me abriu os olhos para que eu pudesse admirar aqueles que fizeram por esta cidade em tempos tão difíceis. Intrigava-me vê-lo conversando sempre, com meu tio Ary Barroso, até que desinibido cheguei perto dos dois e eles falavam justamente do Botafogo a paixão dos dois. Parei e fiquei ouvindo aquelas historias e quanto mais contavam, mais eu mostrava-me interessado. Foi assim é que comecei a admirá-lo.

Já de meu Tio Ary Barroso Silva foi e é um orgulho nosso, aquele pequenino homem de grandes valores, orgulho da família. Digo que gosto de ficar olhando para ele, pois é como estar a admirar uma miniatura de meu pai. Calmo, bondoso, hilário e espirituoso ao extremo. Saber que foi um dos fundadores de meu clube do coração, sempre me deixou orgulhoso, e não me era nada estranho saber deste seu precioso dom empreendedor, pois sua vida foi sempre assim, se alternando entre as lutas e as vitórias.

Mas voltemos a historia escrita por Fábio Campos Bastos, que por sinal é idêntica a que ouvimos de nossos fundadores Ary Barroso e Quinca.

Enormes dificuldades foram vencidas, para hoje nós botafoguenses nos sentirmos orgulhosos do patrimônio moral e físico que desfrutamos.

A primeira providencia foi adquirir parte de vários quintais existentes na Rua dos Henriques, para mais tarde transformar aquele brejo agreste em um campo de futebol.

Neste particular, nada melhor do que tomarmos conhecimento do que escreveu Helio Velasco, sob o pseudônimo de John Bull, publicado no jornal Voz de São João, no dia 25 de junho de 1988, sob o título de “Flashes” Vejamos o que escreveu Helio Velasco, o John Bull.

Relembrando a saga do nosso Bota, eu revejo Horácio Furtado de Mendonça, rodeado de um punhado de jovens olhando para aquele com olhos brilhantes para aquele brejo agreste, cada um imaginando como a seu modo como aquilo seria transformado em um campo de futebol. Sentia-se nele, de modo claro e determinação e levar a cabo uma obra perfeita e duradoura capaz de manter sempre vivo o amor pela construção que ali se iniciava.

Vamos fazer neste terreno o melhor e mais perfeito trabalho de drenagem de um terreno em São João Nepomuceno, jamais visto exclamou o mentor principal, cuja palavra para nós era ordem.

Da minha parte, pensava com meus botões: Sr. Horacio vai trazer para cá uma equipe de engenheiros para por em pratica o que aprendemos nos livros de física do ginásio. Eles vão rasgar este terreno colocar camadas superpostas de pedra cascalho e areia e vão cobrir tudo de terra e plantar a grama.

Sem gramar não vai ter graça. E arrematava meus pensamentos: será que os cinqüenta anos darão para isto? Santa ignorância a minha!

Ele mandou rasgar três ou mais valetas no sentido transversal do campo, com cerca de um metro de profundidade até alcançarem um pequeno rego permanente que acompanhava a parte mais baixa do terreno, onde hoje se localiza a arquibancada no mesmo tempo em que comandou “agora tragam-me bambu e a graminha Banbuzia Vulgaria, quase extinta nas imediações da cidade.

A proporção em que os carros e mais carros de bambus iam chegando, a água ia se aflorando no fundo s valetas e, rápido começava a correr em direção ao rego coletor geral. Os bambus amarados em feixes grossos eram depositados no fundo dessas valetas, ponta a ponta, em toda a sua extensão e, em seguida cobertos com terra, formando um túnel subterrâneo. Pouco tempo após, toda a área estava praticamente seca, praticamente drenada.

Lá estão, até hoje, para quem quiser ver , bastando para isto cavar em locais certos, feixes de bambus, utilizados pela engenharia simples, eficiente e duradoura do saudoso patrono de nosso clube. Aprendemos todos uma lição inesquecível.

Mas, como desmontar metade da área que iría formar barrancos de três metros de altura, em média, apenas com a energia para se obter o nivelamento do terreno?
Aí, teve inicio nova epopéia.

Brasília, maio de 88
John Bull – Hélio Velasco

Assim teve inicio a obra consagrada do glorioso Botafogo.

Continua...

terça-feira, 11 de maio de 2010

SÔ MINERO UAI

José Carlos Barroso

Das montanha iscurreguei
Mais daqui não imbarquei
Essa é minha devoção
Sô minero uai
Da mesma terra qui meu pai

Sô da terra dos quejo bão
Das festança
Das muié de vestido de chita
Sempre a rodá, a pulá, a dançá.

Donde a musga é o calango
Donde tem rela bucho
Pra nois rodopiá

No pé da serra nadei nos rio
Nos riberão só pesquei
Foi nus córrego donde brinquei
Mais nas cachueira estivi tumem
Eu meus amigo, minha véia e meu bem

Pro arto subi pra orá
Fui lá vê congada e diverti
Tumem fui lá pidí pra Jesuis
Pra mode Ele mi ajudá
E toda a mardade de mim tirá

Sô das artura e das igreja
Aqui eu trabaio pra disgraçá
Prá minha minina sustentá
Eu, a muié meu fio minha nora

Tudo no mesmo lugá

Sô da terra do poeta do Zé
Sô do lugá das pedra
E elas são minhas onda.

Mi inspiro no alejadinho
E foi com as pintura de Atayde
Que eu cubri meu ninho

Sô da terra dos tropero
Qui inventaram o fejão
Com aio, cebola e tempero

Sô da roça memo
Dos caminho verdi
Donde o chapéu
E o que se pita é de paia

Sô assim bem minero
Do lugá do jeitinho
Donde se vive mió
Quem vive quetinho
Sô Sô da terra das cachaça boa
Pra se bebe e cume com torremo
E é daqui que o sol nasce amarelinho
Só pra podê quentá o meu benzinho

Sô caboclo das mata
Sô matutu das montanha
E elas são o meu mar
Sô minero das gerais
E daqui não saio mais

Intonci pro papai do céu vô pidi
Pra eu aqui sepri vivê
Com os fio e com a muiê
Pra só coisa boa eu tê
Pra vivê e pra cumê
E pra quando Ele quisé
Eu aqui tumem morrê.


TUDO AQUI É DE DAR ÁGUA NA BOCA


José Carlos Barroso

Por entre as verdes montanhas de Minas revelam-se muitos segredos.
E entre esses profundos mistérios cá estamos aos contrafortes das serras e banhados pelo rio que reflete nossas tradições. Cá estamos com nosso jeitão simples de mineiro em meio aos aromas, que sobem junto à fumaça quente dos velhos fogões a lenha seduzindo paladares.
Mas que mistério envolve esta bendita comida? Como o nosso tutu, o frango com quiabo, o feijão tropeiro, a dobradinha, a canjiquinha com costela de porco, o lombo bem mineiro, com couve picada bem fininha, a farofa de farinha de milho de moinho de pedra d’agua, o angu preparado com fubá de moinho d’agua, o torresmo com mandioca, os deliciosos caldos, como: o de inhame, de feijão branco com dobradinha, de legumes, de feijão, de mocotó, de ervilhas etc., as deliciosas lingüiças defumadas, o leitão a pururuca, a galinha caipira, a feijoada, a rabada, o pão de queijo, o arroz ao alho, o feijão com “trupicão” de porco e os nossos doces de frutas, como: o de mamão, de goiaba, de leite, manga, abóbora, figo, banana, a rapadura com mamão ou com amendoim, o pé de moleque, a canjica, o arroz doce, o melado de cana com farinha de mandioca ou angu, e olhem que tudo fica ainda mais gostoso, com um bom e gostoso pedaço de queijo mineiro fresquinho.
O grande mistério está nas mãos abençoadas da simplicidade, que juntamos com uma porção de carinho e mais os temperos tradicionais e próprios da região completando assim as receitas antigas da vovó.
Ao final tudo se transforma na boa e gostosíssima comida caseira mineira, sempre regada a um bom aperitivo, que pode ser um licor, uma caipirinha ou uma boa cachaçinha fermentada com milho e curtida em tonéis de madeira de lei, tudo seguindo a tradição e a simplicidade do homem da roça.
Mas aqui neste pedacinho do Brasil que dá certo a colonização italiana foi muito marcante e foi ela que nos reservou a outra parte da magia de nossa culinária, que se aliou a uma dose bem picante de alegria, formando assim o que há de melhor para se agregar a um bom papo.
E de dar água na boca, a famosa polenta, que até hoje se corta seguindo a tradição de nossas nonas, a macarronada, as pizzas, o ravióli, o rigatoni, o fettuccine, a lazanha, o canelone, os ninhos de cabelos de ângelo com polpeta regada ao molho basílico, o calzone, a palha e a caçarola italiana que é um doce bem comum por aqui e que toda nossa gente prepara com maestria.
É a comida italiana com jeitinho e sabor bem mineiro.
Conheça São João Nepomuceno.
Você com certeza ficará preso a esta terra... pela boca.


sexta-feira, 7 de maio de 2010

O HINO

O Hino Oficial do Município de São João Nepomuceno

Lei nº 1.286, de 24 de novembro de 1983

Fica declarado Hino Oficial do Município de São João Nepomuceno,

Terra São-Joanense, de autoria de Arlindo José dos Santos.

A Câmara Municipal de São João Nepomuceno, aprovou e eu sanciono a seguinte lei:

Art.1º Fica declarado Hino Oficial de São João Nepomuceno, o samba Terra São-Joanense, de autoria do Sr. Arlindo José dos Santos.

Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário, entrando esta lei em vigor na data de sua publicação.

Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução desta lei pertencerem, que a cumpram e façam cumprir inteiramente como nela se contém.

Paço da Municipalidade, 24 de novembro de 1983.

José Wagner Fávero
Prefeito Municipal


Terra São-Joanense
Samba-Letra e Música de Arlindo José dos Santos

Terra São-Joanense querida
Lindo berço que me viu nascer
Minha garbosa florida
Longe de você eu não posso viver.
Seu povo é culto e leal
Nossa cidade é sem igual
Tem lindas morenas
Lourinhas também tem
Seu clima é bom
Sua água nos faz bem
Só não sabe quem vive de déo em déo
Porque francamente
Isto é um pedaço do céu.

A ARTECA

Associação dos Artesãos, Artistas e Produtores Caseiros

Por José Carlos Barroso


Ano de 2003, chegamos à XVIII Semana da Cultura e XIII Expo Arte. Ao longo desses anos foi preocupação constante da Fundação Cultural a promoção da cultura, o intercâmbio cultural e o fomento das atividades artísticas, nos tornando sempre instrumentos facilitadores das ações culturais. A determinação em agirmos sempre com finalidade de criarmos oportunidades aos artistas são-joanenses, abrindo-lhes espaços para o desenvolvimento de seu potencial criativo, como também gerando oportunidades, para a descoberta de novos valores ou conquistando oportunidades diversas para comercialização de seus trabalhos, uma formula a mais na obtenção de novos recursos aumentando por conseguinte sua renda familiar; foi sempre uma preocupação.
E foi assim e com estes propósitos, que no ano de dois mil nasceu junto a X Expo Arte a ARTECA, que veio somente a funcionar em dezembro do ano de 2002 com a conquista de um grande presente ofertado pelo Prefeito Célio Ferraz por ocasião da XII Expo Arte ou seja a seção do antigo mercado do produtor da Avenida Tiradentes.
E em abril de 2003 a ARTECA passa a funcionar devidamente registrada, com personalidade jurídica, com uma diretoria devidamente constituída, sendo presidente da entidade a Sra Fátima Vieira Vieira quando então os trabalhos se iniciam de forma acelerada, com mudanças significativas, como grades e portões para darem maior segurança.
Foi a partir da Expo Arte que vieram as conquistas, muitos os valores que se tornaram conhecidos e é grande nossa satisfação por termos catalogados hoje pela Fundação Cultural cerca de cento e vinte artistas e junto a ARTECA cerca de cinqüenta e seis, entre artesãos, artistas e produtores caseiros, que estão distribuídos ao longo da Avenida Tancredo Neves em vinte e quatro box.
Por ocasião da Exposição Agropecuária os associados da ARTECA também lá expõem seus trabalhos dando vida ao galpão comercial industrial e cultural.
Durante toda a semana, algumas lojas funcionam normalmente no horário comercial, mas o forte mesmo acontece a partir de quinta feira quando todas funcionam das 13 às 18 horas e aos sábados das 8:00 as 12:00. Nos feriados o horário é previamente anunciado e de acordo com a maioria dos associados.
Com o funcionamento da ARTECA São João Nepomuceno se prepara para receber o turista e surge novo ponto comercial e turístico.
Você vai se encantar com tanta criatividade com a diversidade de trabalhos e produtos, muitos lá mesmo confeccionados.

A HISTÓRIA DAS TRES PRAÇAS

Por José Carlos Barroso


Dando continuidade aos estudos sobre São João Nepomuceno e valendo-me de peças preciosas, hoje verdadeiras relíquias, como a “História de Minha Rua” do grande professor, magistrado e historiador Dr. José de Castro Azevedo e outras de igual valor, observamos que a historia de algumas de nossas praças está recheada de curiosidades, personalidades importantes da época em que foram construídas, como também de uma história rica em detalhes.
Assim foi o que ocorreu com as Praças: Coronel José Brás, Carlos Alves e Praça 13 de maio.
Antes de 1880, antes portanto da instalação definitiva do Município de São João Nepomuceno muitas vias públicas já haviam recebido denominação oficial, como era o caso da Rua Nazaret, da Duque de Caxias, da Rua Visconde do Rio Branco, da Rua Coronel José Dutra e tantas outras.
Vejamos uma troca de nomes de praças interessante: A praça onde se construiu o antigo Fórum (construído na administração do Dr. Carlos Alves) chama-se Largo Municipal e a Praça onde está a Escola Municipal Coronel José Brás, chamava-se Largo do Rosário.
Em 12 de junho de 1889, alguns meses antes da proclamação da república em reunião da Câmara de Vereadores através de propositura subscrita pelo Vereador Dr. Henrique Vaz, esta alterou a primeira para Praça da Inconfidência e a segunda para Praça 13 de Maio, tendo como justificativa aos demais pares o registro de dois momentos históricos importantes da vida nacional ou seja, o movimento de libertação deflagrado em Minas e a abolição da escravatura através da Lei Áurea.
Se fatos da vida nacional alteraram a vida municipal são-joanense , um fato porém veio modifica-la ainda mais, ou seja a morte aos 6 de fevereiro de 1896 do Dr. Carlos Ferreira Alves.
Entre as diversas homenagens que lhes são prestadas pelo povo são-joanense uma foi de grande importância para eterniza-lo ou seja o de lhe reservar nome de um logradouro público, passando então a Praça da Inconfidência (antes Largo Municipal ) a se chamar Praça Dr. Carlos Alves e a Praça 13 de Maio ( o antigo Largo do Rosário ) permaneceria com o mesmo nome não tendo a mesma sorte as pequenas casinhas, o cemitério (existente onde hoje é a Escola Coronel José Brás) e o velho cruzeiro ali cravado, que sofreram com as mudanças do tempo e por isso mesmo desapareceram.
Mas em 7 de setembro de 1926 quando Minas Gerais era governado por Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, um nome que dividia a opinião publica são-joanense, um grupo de cidadãos pertencentes ao grupo dissidentes ao grupo que era maioria na Câmara ou seja os Periclistas achou por bem trocar o nome da Praça 13 de Maio para Praça dos Andradas sem o referendo do poder publico tendo pelo fato constituído o maior engano da vida publica municipal são-joanense e a cidade foi notícia pelas ações momentâneas tomadas no calor das discussões.
O grupo de dissidentes em comissão saiu em direção à praça com sua banda de música (Banda da Fábrica de Tecidos) e ao espocar de foguetes quando ali tentaram afixar a placa com o novo nome em momento em que os chefes dos dois partidos haviam se ausentado da cidade pra assistirem a posse do Presidente do Estado. Com conseqüências dolorosas o fato transformou a praça em campo sangrento de batalha, com discussões e troca de tiros o que levou a morte de quatro cidadãos. Esse episódio marcou nosso povo e a cidade parou em razão do acontecimento.
Transcrevemos abaixo como o jornal A Voz do Povo em 07 .11. 1926, que resumiu o episódio utilizando uma forma poética modelar, impregnada de saudades, chorando o infortúnio, nos ombros da família são-joanense:
“Azas pandas enfunadas pela nortada rija do infortúnio, a alegria completa emigrou de nosso meio: no ar, volteando como farrapos negros, os corvos voejam, farejando a reputação alheia e nela fincando suas garras aduncas, enquanto a discórdia – essa megera terrível- faz o seu trabalho deliqüescente, invadindo os lares, separando os pais dos filhos, partindo afetos, desligando amigos de infância e de muitos anos, fazendo esquecida a gratidão, refletindo-se nas relações de família, para a construção de uma Babel nova e ainda mais perniciosa que a da lenda cristã. E conclui: O sangue humano não alicerça partidos. O seu derramamento injustificado quebrou a harmonia e a paz reinantes na honrada família são-joanense, produzindo o desagregamento de energias poderosas vinculadas aos sãos preceitos do perdão, do amor e da caridade”
Mesmo a contragosto de alguns e malgrado todo o acontecido à praça continuou a se chamar 13 de Maio. Mais tarde e curiosamente nela se era erguido o busto do Coronel José Braz, enquanto que na Praça Coronel José Brás (hoje Carlos Alves) construída nos idos de 1905 se erguia a herma em honra a Dr. Carlos Alves permanecendo a Praça Carlos Alves desnuda.
O Vereador Dario de Castro Medina (pai do ex Vice Prefeito Heleno de Gouvêa Medina e do Dr. Paulo Roberto de Gouvêa Medina), que em 14 de fevereiro de 1953 apresentou projeto de lei, depois transformado em lei de nº 117. A nova lei modificava e reparava erros e enganos, tendo assim ficado as praças: A Praça Carlos Alves passou a se chamar Praça 13 de Maio, a Praça 13 de Maio passou a se chamar Praça Coronel José Brás e a Praça Coronel José Braz passou a se chamar Praça Dr. Carlos Alves, harmonizando-se assim a questão.
As construções das ditas praças, bem como as homenagens prestadas envolvem nomes de figuras eminentes, como também curiosidades, enganos e acertos.
Vejamos outro fato interessante da história.
Por volta de 1901, na confluência das Ruas Coronel José Dutra (Rua do Sarmento assim conhecida por nela ter se estabelecido a Sarmento e Cia) com a Capitão Brás (pai do Coronel José Brás) ou Rua do Totó (assim conhecida de totó porque o proprietário da mais famosa casa desta rua o sr. Lincon de Freitas assim era conhecido) e a Rua Heleno de Freitas, ficava situada um grande largo, o Largo Triangular, foi construída uma praça, mais tarde Praça Coronel José Brás e depois Praça Dr. Carlos Alves de contorno original. Fato interessante é que o antigo Largo Retangular que contava com gradis à sua volta, que impediam acesso do público, foi nivelado para receber a praça, aquela que mais tarde se homenagearia Dr. Carlos Alves de sorte que a parte da praça com frente para a rua Capitão Brás ganhava nova altura.
A aquele logradouro em reunião da Câmara Municipal foi apresentada proposição do vereador Presidente e Agente Executivo (nome dado ao Prefeito Municipal da época) Dr. Augusto Glória Ferreira Alves dado-lhe nome de Praça ao Coronel José Brás. Vale o registro que no ano de 1900 havia o Coronel José Brás recebido uma das maiores votações para o seu candidato ao cargo de mandatário do município valendo-lhe como bandeira o seu prestigio político e o conceito de que gozava o Dr. Augusto Gloria como grande médico, derrotando assim poderosas forças oposicionistas que apoiavam o nome de Eugênio Duarte da Silva Paiva àquele cargo maior.
Tendo então o Dr. Glória, apresentado sua propositura, contra ela se rebelou o próprio Coronel José Brás, que por modéstia ou por questões políticas se declinou da honraria em tono do nome de Silviano Brandão Presidente do Estado de Minas Gerais, do partido Republicano Mineiro, partido a que se achava filiado o próprio Coronel José Brás, mas perdeu Coronel José Brás a questão e a Praça recebeu o seu nome com aprovação de todos do legislativo.
A Praça passou então a ser remodelada, os gradis do entorno foram retirados, colocando-se belíssimos ladrilhos, os recebendo nivelamento e novos gradis (hoje colocados no adro da Igreja do Rosário) em torno do busto de bronze do inolvidável médico sanitarista Dr. Carlos Ferreira Alves e no ano de 1915 era ali inaugurado o busto de Dr. Carlos Alves, resultado de ampla subscrição popular. Da Fundação Indígena no Rio de Janeiro antiga Capital da Republica vieram os postes (Hoje a base destes foi assentada junto à escadaria da Igreja Matriz, já os postes tiveram destino ignorado) idênticos aos que ornamentavam os jardins da entrada do Palácio do Catete, e os bancos em ferro, tudo conforme planejara o Dr. Augusto Gloria,
Segundo o historiador Dr. José de Azevedo o Dr. Gloria assim se referia sobre a colocação dos postes naquela Praça: - deram tanto trabalho... Referia-se ao seguinte: o técnico em iluminação encarregado do assentamento dos mesmos, dizia que os abat-jours deveriam jogar a luz para baixo, enquanto o Dr. Glória dizia que estes deveriam jogar o feixe de luz para cima, quando então providenciou uma viagem de um emissário ao Rio de Janeiro para exata verificação. O Dr. Glória tinha mesmo razão os feixes de luz deveriam estar posicionados para cima segundo o que se constatou.
A partir daí foram inúmeras as transformações nela promovidas pelos Prefeitos, parecia uma sina de todos os políticos. Um plantava arvores o outro as cortava, daí surgindo até crônica jocosa de Chicot (Sidney Baptista de saudosa memória) em Voz de São João. Escreveu ele mais ou menos assim logo após ter sido retirado da praça o busto do Dr. Carlos Alves, pra que se cortassem as árvores: cortaram as “Arves” da praça e o “Carlos Arves” com medo de cortarem-lhe a cabeça deu no pé. E assim continuaram um acrescentava partes outro as retirava, como um plantava novas arvores outro as retirava até que no governo José Zeferino Barbosa substituíram a praça por um circulo central e nele um “pirulito” contendo propagandas do comercio e dentro dele uma televisão para populares. Já no governo de Antonio Cavaleiro se construiu a atual praça e nela não se mexeu mais a não ser na tentativa inócua de dar-lhe mais beleza.
Por que não voltamos a modificar a praça ? Já está na hora. Só que de forma contraria, ou seja na tentativa de reconstruí-la aos moldes de sua construção no ano de 1905. Faria uma grande diferença, pois estaríamos recompondo a história assim como aconteceu com a Praça Daniel Sarmento, que recebeu o seu gradil de volta tal como era no ano de 1916 e o pleno funcionamento do chafariz que é peça ornamental desde a sua construção e quando a água nele utilizada vinha da Fabrica de Tecidos, bem como a colocação no mesmo local de antes do busto do ilustre Daniel Sarmento.

HELENIZE DE FREITAS

A ETERNA CAPITÃ DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE VOLEI:

Por José Carlos Barroso

De Heleno de Freitas o grande craque de futebol do Botafogo Futebol e Regatas do Rio de Janeiro e da Seleção Brasileira até Helenize de Freitas São João Nepomuceno viveu a época áurea da fama de seu filho mais ilustre, mas da mesma família surge a grande Helenize, que nas redes de vôlei impunha com maestria toda a sua fenomenal genialidade.
Helenize nasceu em São João Nepomuceno, em 08 de junho de 1945, filho de Heraldo de Freitas e de Celeste Henriques de Freitas. Formada em magistério pela Escola Normal Dona Prudenciana também se formou em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Helenize é categórica ao dizer que o esporte sempre foi o seu objetivo e que se espelhou na gloriosa carreira de seu tio o famoso craque galã da Seleção Brasileira de Futebol, Heleno de Freitas seu maior ídolo tendo como sonho e determinação alcançar glorias no esporte tal como fez o goleador Heleno.
Tal como o tio, começou sua carreira no Mangueira Futebol Clube de São João Nepomuceno, mas como nadadora, optando mais tarde pelo vôlei também iniciando neste esporte no Mangueira.
Mais tarde Helenize veio a integrar as equipes de vôlei do Minas Tênis Clube de Belo Horizonte e do Tijuca do Rio de Janeiro.
Em 1967 foi convidada para integrar a Seleção Brasileira de vôlei e dela fazendo parte até o ano de 1975, tendo brilhante participado em vários campeonatos como: Sul Americano em Santos, Brasil; Pan-Americano no Canadá; Sul-Americano da Venezuela; Mundial de Vôlei na Bulgária; Universsíade na Itália; Universíade da Rússia; Pan-Americano do México e Torneio Internacional no Japão.
Helenize fala de seus inúmeros títulos com grande orgulho pois foram eles frutos de muita luta, perseverança, sacrifícios e renuncias, tais como: Campeã Brasileira Juvenil pela Seleção Mineira; bicampeã Brasileira Adulto por Minas Gerais; Bicampeã brasileira adulto pelo Rio de Janeiro; Bi campeã sul Americana de Clubes pelo Fluminense; Campeã Sul Americana pela Seleção Brasileira; Melhor Atleta Juvenil Brasileira; Melhor atleta adulto brasileira; Melhor Atleta Sul Americana; Segunda Melhor Atleta durante a Universíade realizada em Moscou na Rússia.
Em 1980 resolve voltar a sua São João Nepomuceno se tornando professora da Escola Péricles Vieira de Mendonça e de natação, vôlei e professora de ginástica rítmica do Botafogo Futebol Clube de São João
.

Prezado Zé Carlos

E com prazer que tomo conhecimento deste seu blog, cheio de histórias e reminiscências da nossa São João.
Seu relato acima resume brilhantemente a trajetória da campeoníssima Helenize e como testemunha ocular, gostaria de acrescentar um ponto da maior importância para complementar a história.
Helenize, de fato, começou sua carreira vitoriosa como jogadora, no Mangueira, que era um clube regulamentado e participante de competições oficias.
Mas seus treinamentos, paralelamente, começaram por volta de 1960, na recem-construída quadra do Ginásio São João, tendo como "técnica", a querida professora Rizzah Lamah.
Confira com elas.
Abraços,
Heloisio Rodrigues
heloisiorodrigues@yahoo.com

quinta-feira, 6 de maio de 2010

DANIEL SARMENTO

Daniel de Moraes Sarmento Junior e a fábrica de tecidos. Sua importância no desenvolvimento econômico de São João Nepomuceno:

Por José Carlos Barroso

Natural do Município de Rio Novo tendo nascido em 05 de novembro de 1864, era filho de Daniel de Moraes Sarmento e de D. Anna Luiza de São José. Aos dez anos iniciou seus estudos na fazenda de seus pais e depois os Colégios “Noronha” e “Cavalcante” na cidade de Rio Novo. De 1881 a 1882 dedicou-se à agricultura na fazenda de seus pais, mas no ano de 1883 passa a exercer o cargo de telegrafista na Estrada de Ferro União Mineira onde serviu também como auxiliar de agente e em 1884 foi nomeado agente de uma estação na Estrada de Ferro Juiz de Fora – Piau até o ano de 1886.
Foi em 1º de julho de 1886 que veio para São João Nepomuceno estabelecendo-se aqui com um comercio com os recursos economizados daquilo que percebia na estrada de ferro e também ajudado por seu pai.
Aqui em São João inaugurou então uma nova modalidade de comercio ou seja o de vender somente a dinheiro a preço fixo.
Em 09 de setembro de 1889 casou-se com a Sra. Dona Maria Petronilha de Moraes Sarmento (Dona Cota Sarmento), filha de Antonio Flodoardo Cardoso.
Daniel Sarmento foi chefe da casa comercial Sarmento e Cia e mais tarde da firma Sarmento Irmãos e Cia por várias vezes foi vereador em São João Nepomuceno e em 20 de janeiro de 1894 iniciou junto com outros cidadãos a formação do capital de 130 contos de reis para estabelecer a Companhia de Tecidos Mineiros cabendo-lhe o lugar de Diretor Gerente tendo esta iniciado em 30 de janeiro de 1894. Mas a Fabrica teve vida curta e então em outubro do mesmo ano com sérias dificuldades e não conseguindo fundos para concluir as obras foi resolvida em assembléia a venda do acervo em 12 de dezembro sendo então aceita a proposta feita pelos irmãos Francisco Daniel de Moraes Sarmento, Emydio de Moraes Sarmento e o maior acionista Daniel de Moraes Sarmento tendo Daniel continuado com a gerencia tendo exercido esta função até seu falecimento. A fabrica então passa a pertencer a Sarmento Irmãos & Cia.
Portanto em 14 de julho de 1895 foram inaugurados os trabalhos da fabrica com vinte e cinco teares movidos por um pequeno motor com força de trinta e cinco cavalos.
Como era grande seu espírito empreendedor promoveu ele o aumento do número de empregados de todo o maquinário passando a produzir cerca de 3.000 metros de tecidos variados, como lã, linho e algodão e foi na Europa que ele e Dona Cota Sarmento adquiriram maiores conhecimentos para mais tarde emprega-los em sua fábrica.
Daniel Sarmento foi o precursor da iluminação elétrica em São João tendo para isto instalado uma rede de energia elétrica e de telefone não só para sua indústria mas também para sua residência. Depois passou a distribuir energia gerada pela Cia Força e Luz Cataguases Leopoldina para outras residências, fabricas e comércios da cidade e a vendia como podemos observar em alguns recibos de fornecimento de energia elétrica emitidos pela Fábrica de Tecidos Sarmento.
O grande industrial não negou sua colaboração ao campo político e em 1º de novembro de 1897 foi eleito vereador pelo Partido Republicano Mineiro e em janeiro de 1898 foi eleito Vice Presidente e reeleito ao cargo durante toda legislatura. No ano de 1900 novamente é conduzido a Câmara e por seus pares é novamente eleito Vice Presidente daquela Casa de Leis e o foi até o fim do mandato.
Daniel Sarmento veio a falecer em 17 de dezembro de 1908 contando apenas com 44 anos e vitimado por uma terrível uremia. E no ano de sua morte a fabrica contava com 119 teares, 25 em via de funcionar e 26 em vias de instalação o que mostra o espírito empreendedor do grande industrial.
Quando o Dr. Gloria estava à frente do executivo municipal isto pelos idos de 1901, seu nome foi proposto pelo Agente Executivo para ser nome da praça (praça em frente a fabrica hoje Santa Martha), portanto recebeu em vida a homenagem de nosso povo e no ano de 1915 quando Agente Executivo o Dr. Péricles Vieira de Mendonça era inaugurado o seu busto em bronze sobre um pedestal de granito num trabalho artístico do Professor Correia Lima.
Na época um gradil circundava a praça, bancos de ferro que chegaram a São João vindos do Rio de Janeiro da Fundição Indígena e no seu centro um repuxo foi colocado ficando a praça por longos anos entregue a Fabrica para a sua conservação. Como a empresa ao final havia descuidado daquele logradouro, no governo do farmacêutico Agenor Henriques os gradis foram retirados franqueando livre acesso do publico a praça.
Outra homenagem lhe é prestada pelo nosso povo por proposição desta feita dos Vereadores Vicente da Costa Oliveira, Sebastião de Souza Lima e Antonio da Fonseca Lobão, ou seja o de uma via publica, que até hoje se conserva. Daniel Sarmento foi para São João Nepomuceno o que representou o Barão de Mauá para o Rio de Janeiro.








O CORONEL ANTONIO DA FONSECA LOBÃO

Por José Carlos Barroso

Esta residência abrigou no passado a família de um dos mais importantes industriais de São João Nepomuceno e por conseguinte parte valiosa da vida econômica, industrial, social e política são-joanense, ou seja a do Senhor Antonio da Fonseca Lobão o Cel Antonio Lobão.
Nascido na cidade fluminense de São José da Boa Morte, distrito de Santana de Macacu Comarca de Friburgo em 27 de dezembro de 1871 foi naquela cidade como também na do Rio de Janeiro que estudou contabilidade aperfeiçoando-se no Liceu Literário Português.
Especializado em Ciências Contábeis não foi difícil se distinguir no meio contábil e em todos os empregos por onde passou naquela cidade.
Sua vida publica em São João Nepomuceno iniciou-se em 1896 quando foi nomeado Oficial da Secretaria da Câmara Municipal e Secretario da Biblioteca D. Pedro II a primeira a ser fundada em São João tendo da mesma sido seu reorganizador cargos que veio a se afastar em 12 de novembro de 1900 mesmo depois de carinhosas manifestações dos poderes públicos para se dedicar à vida comercial.
Já no ano de 1905 a primeiro de novembro, por sua atuação e prestigio o Cel Antonio da Fonseca Lobão era distinguido como secretario da Câmara Municipal, cargo que ocupou até o fim de seu mandato e no mandato seguinte conseguiu sua reeleição pelos motivos idênticos que o levaram a conquistar o seu primeiro mandato legislativo, sendo portanto vereador por oito anos consecutivos
Dentro os cargos ocupados por ele podemos destacar o de Diretor Gerente da Companhia Fiação e Tecelagem Sarmento tendo sido o principal elemento da vida daquela importante fabrica desde o inicio.
Antonio Lobão por suas qualidades pessoais e de administrador impôs-se de tal forma à confiança e estima a vida da fábrica que se tornou ali indispensável mesmo depois da morte do grande industrial Daniel Sarmento, quando os irmãos e filhos do industrial o tinham por continuador da operosidade e da grandiosa obra de Daniel Sarmento, até o ano de 1921.
Quando recebeu a gerencia daquela fabrica de tecidos encontrou-a com 114 teares e ao deixa-la existiam 360 teares. Como Diretor Gerente criou ele a Sociedade Mútua de Pecúlio e a farmácia, ambas para os operários.
Ao lado de Horacio Furtado, de Daniel Sarmento e de seus filhos fundou a Sociedade Anônima São João Fabril fundada em 20 de abril de 1912 fabricante dos calçados Lynce tendo sido um de seus acionistas.
O Sr. Antonio da Fonseca Lobão ao lado de Antonio da Costa Almeida fundou também a Fábrica de Tecidos de Malha a Companhia Manufatura São José tendo o mesmo sido presidente desta grande fabrica de camisas de meia, meias para homem, senhoras e crianças e couraças para proteger a extremidade da meia de qualquer qualidade e tamanho, couraças estas protegidas pela lei de patentes com o numero 9.106 tinturaria e alvejamento, com criação do bicho da seda com fiação preparo e tecelagem da seda.
Com grande tino empreendedor fundou também as Industrias Reunidas Ouro Fino o conhecido Curtume Ouro Fino industria especializada no preparo de peles e couros que em 1916 já estava preparado para uma produção de 4.000 couros anuais.
Foi ainda um dos fundadores do Rinck de Patinação no local onde hoje se ergue a Policlínica Microrregional além do Tiro de Guerra e cabendo-lhe ainda o mérito de ter sido o introdutor das agencias bancárias.
Foi um dos fundadores também da centenária Loja Maçônica “ Amor a Ordem” onde ocupou as mais destacadas posições.
Mais tarde retirando-se de nossa cidade dirigiu a Cia Fiação e Tecidos São Silvestre no município de Viçosa depois em Itajaí Santa Catarina empregou-se na empresa Cobrasil, tendo naquela cidade ocorrido o seu falecimento em 15 de novembro de 1931.
Foi sem duvidas o Coronel Antonio da Fonseca Lobão um grande são-joanense, pois mesmo aqui não nascendo adotou nossa terra para fazer dela um campanário de suas realizações notadamente no campo industrial se tornando pelo trabalho e probidade uma das figuras mais proeminentes que a historia conheceu.


A CAPELA DO NÚCLEO CARLOS ALVES

Por José Carlos Barroso

Aqui abrimos um parêntese para registramos a visão administrativa de Dr. Carlos Alves, responsável pelo estabelecimento dos italianos em nosso município, quando Agente Executivo acabando por empreender uma reforma agrária no município, com a colocação dos italianos em uma grande extensão de terra, depois que a dividiu em glebas destinando-as a famílias que queriam cultivar o café. O local foi denominado Núcleo Colonial Carlos Alves e até hoje é conhecido como tal em homenagem ao grande idealista e administrador.
Lá se estabeleceram as famílias: Rigolon, Togmoli, Húngaro, Rossignoli, Isele, Mengalde, Tampasco, Zardini, Venze, Luerci, Vanni, Comini, Pianta, Miosso, Pinton, Barrigio, Riuchetti, Bertelli, Carraro, Guazi.
Com a chegada destes italianos foi erigida uma capela em honra a Santo Antônio de Padova no ano de 1926, que guarda até hoje relíquias da época e tradições, como a festa em homenagem a Santo Antonio.
Por aqui não há quem não conheça os costumes da época que estão vivos até hoje como a polenta cortada com barbante, a tradicional macarronada, o pão italiano e a caçarola, um doce típico da cidade.
Outras famílias também aqui se estabeleceram exercendo diversos ramos de atividades, contribuindo sobremaneira para com a economia e o desenvolvimento de nosso município. São elas: Verardo, Pacce, Sardina, Bulla, Frederico, Pistili, Tamancoldi, Maroti, Girardi, Pezzini, Furiatti, Ranna, Nicodemos, Reggi, Palmieri, Pavanelli, Banádio, Riggi, Tozatto, Dadalti, Salvatore, Lobuglio, Vitoi, Fermo, Missiagia, Cestonaro, Bellini, Muscardi, Nalon, Lacava, Fávero, Zampa, Tomei, Pacaccini, Lanini, Albertoni, Cabeti, Rici, Furlan, Zágari, Temponi, Scapolatempore, Pellegrini, Monfardini, Butignoli, Abatti, Gianini, Leardini, Cence, Piovezam, Fiorelli, Guaretto, Rocini, Mancini, Rocci,Birelli, Negrero, Zanovelli, Gualdi, Simpronio, Zandomenik, Baú, Defelipo, Pinguelli, Geraldini, Cestaro, Montoni, Montorsi, Gruppi, Bissoli, Mafili, Bertolini, Rocatti, Ambrósio, Gotti, Varoto, Gentil, Maranha, Vanzan, Boreto, Baldoco, Zignatto, Calian, Turati, Gerola, Manzo, Dundi, Donatto, Benetti, Daquila, Paropato, Treza, Riani, Carrada, Coloni, Vidal, Passaroti, Gerolomique, Bertucci, Buzinari, Belizário, Esperanza, Batello, Fontana, Calegario, Dessupoio, Antonucci, Trombini, Agrelli, Rique, Rigoni, Paracini.

OS IMIGRANTES ITALIANOS

Por: José Carlos Barroso

(Esta é a resposta de um italiano a um Ministro de Estado de seu país, a propósito das razões que estavam ditando a emigração em massa)

“Que coisa entendeis por uma nação, senhor Ministro? É a massa dos infelizes? Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos o pão branco. Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho. Criamos os animais, mas não comemos a carne. Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa Pátria? Mas é uma Pátria a terra que não se consegue viver do trabalho?
A história de São João Nepomuceno se incorpora a bela história da imigração italiana. Esta nossa proposta contem à nobreza de todos nós são-joanenses em preservar nossa cultura, tornar explicita nossas raízes, particularmente a de tornar viva a memória dos imigrantes italianos, reascendendo com isto em cada um de nós a sua influencia, que esta presente também em cada cantinho desta terra. Não se trata de um livro sobre a imigração italiana, mas haveremos de deixar as melhores impressões sobre nossos antepassados, compiladas sem estabelecermos um fim. Neste trabalho contamos com os estudos do escritor Julio Vanni um amigo brasileiro bem italiano, que nos forneceu subsídios para iniciarmos esta compilação de dados, através do livro “Italianos no Rio de Janeiro”.De muita valia também foi à pesquisa no Site de Lea Beraldo sobre os imigrantes italianos. Vale a pena acessar o SITE, pois está recheado de informações importantes e contém a listagem dos imigrantes por navio, relatando a idade, a origem e o destino de cada família.
Por certo não haveremos de omitir neste trabalho algo significativo de uma história bela e recheada de aventuras, mas estejam cientes de que jamais seremos julgados por ignorar este povo, pois reconhecemos o valor e o trabalho dos imigrantes italianos e nos é caro pertencer a esta aguerrida gente, de ideais tão nobres.
Esta obra será acrescida de depoimentos orais de descendentes de italianos, razão pela qual não estabelecermos o seu fim, até que somemos todos, as melhores e as maiores informações sobre nossos italianos.
Ao buscarmos imortalizar os imigrantes italianos, meus amigos, vamos nos deparar com a realidade de que na sua maioria eles foram pobres e humildes, que partiram doloridos por deixarem sua terra, seus amigos e parentes e até mesmo seus mortos, a terra nostra, mas transbordando esperanças na terra nova. Eles partiram com a única certeza de que poderiam estar partindo para não mais voltarem e isto lhes custou muito, pois conhecemos o valor da proximidade familiar que nutrem.
Vamos encontrar por certo pelo caminho das pesquisas alguns fidalgos italianos, mais aquinhoados, de nobres famílias, de famílias tituladas e com direitos até a brasões e ostentações, mas se formos guiados pela sensibilidade e humildade, vamos encontrar nos vapores a nobreza da bondade, da dignidade e da coragem de um povo.
Não tive a felicidade de conhecer meu bisavô, mas a velhinha Angelina Lacava muitos conheceram e sua história se parece com a de muitos Matheus e Giulinas.
Foram muitas às vezes que me peguei debruçado nas lembranças ou reconstruindo cenas de meus queridos bisas acomodando suas tralhas entre o burburinho, e os alardes da partida das multidões.
Na reconstrução das cenas me peguei por muitas vezes em lágrimas vivendo com eles os horrores das pestes e das doenças quase sempre fatais, quando nada se tinha.
Vi perfeitamente a cadeira de balanço da sala de lustre bonito, cheio de pingentes e a velhinha sentada, a recordar seus amigos e o som do vai e vem daquela cadeira ainda esta gravado na minha mente e é musica suave a embalar-me em sonhos.
Em cada canto da velha casa guardamos uma saudade. Até hoje estão vivas as festas de aniversário, cheia de gestos e gargalhadas. Lembro-me também do choro da alegria pelos que chegavam.
Aos homens o labor da sempre gostosa macarronada regada ao bom vinho italiano. Meu pai e meus tios no meio deles. A nós bambinos ainda, só nos restava olhar, mesmo que atônitos, sempre marcados pelas vozes sem fim.
Aos pequeninos a oportunidade de brincarmos mais, o dia inteiro se possível em meio à alegria dos adultos, sendo que a nossa era bem maior, não faltava-nos nada, até que alguém dissesse: “Busque filo aquelo grudo do Pavanelli” – era ela, minha bisa Angelina, pedindo-nos para comprar a famosa caçarola do Popó, um italiano como ela, da família Pavanelli, dono da padaria e confeitaria próxima a sua residência, que em nosso tempo já havia falecido, mas que fizera boa freguesia deixando a padaria e as gostosas receitas para os filhos Zé e Rubens do Popó.
Falava-nos com a certeza de que a sua caçarola italiana era a melhor, como era melhor os seus licores que tomávamos as escondidas no gargalho da garrafa para depois sair sorrateiramente ou seguir em disparada. Brincadeira de criança só agora revelada.
Descendo ou subindo o morro do Ginásio onde morávamos quando criança a sua casa era parada obrigatória, para ouvirmos seu sotaque, que achávamos engraçado e para saboreamos os gostosos biscoitos, que nos ofertava gentilmente.
Muitos carnavais eu vi passar da janela da casa ao seu lado e de minha tia Semiramis. Era grande sua euforia vendo o desfile de seu querido Trombeteiros, passando em meio a confetes e serpentinas. Lembro-me bem, era ela e sua alegria em meio a tantos Democráticos. Mas tudo fazia parte das brincadeiras e da alegria permanente daquela gente sofrida.
Herdei de meus italianos o gosto pelas festaS. Mas minha maior herança, foi à nobreza do coração, a alegria contagiante, a fé inquebrantável, a coragem ao enfrentar desafios, o amor de família e o respeito e a gratidão. Não há moeda mais valiosa, não há ouro que compre a grandeza de seus gestos como não há comparações nem exemplos de seus carinhos. Saudades.
Os italianos começaram a se instalar no Brasil desde o inicio do século XIX, quando foi declarada a independência do Brasil de Portugal, mas foi a partir de 1845 que ficou mais notória a presença dos italianos, advinda com o casamento de D. Pedro II com a Princesa Teresa Cristina filha de D. Francisco I Rei de Nápoles ou das duas Sicílias. Este fato despertou muito interesse de muitos napolitanos pelo País.
A Imperatriz como boa observadora, começou a sentir que a única coisa que verdadeiramente a encantara era a natureza prodigiosa de nossa Rio de Janeiro, ainda conservando uma arquitetura colonial, entre ruas muito sujas e estreitas abrigando em verdadeiros labirintos sombreados e fedorentos, um povo tomado pela miséria.
Depois de ter se adaptado à nova vida e com a cidade que passara a viver, acabou por conquistar o Imperador passando inclusive a colaborar nas questões de estado.
Para melhorar as deficiências na saúde e educação principalmente, conseguiu ela de D. Pedro II facilidades para o ingresso dos italianos no Brasil. Foi assim que se estabeleceram os professores, médicos, farmacêuticos, enfermeiros, artesãos e artistas, como foi também nascendo com os italianos às profissões de engraxate, jornaleiro e vendedor.
Os ambulantes, ficaram conhecidos pela prosa e pelo solfejo de belas canções napolitanas em meio ao seu jeito folgazão, voltado para a conquista da freguesia, sobrepondo com isto aos concorrentes portugueses. Eram profissões até então desprezadas pela elite e pelos brasileiros.
A história nos mostra a luta dos itálicos pela sobrevivência, pela vida e pelas conquistas sociais.
Aqui em São João Nepomuceno os italianos vieram para desenvolverem seus trabalhos na lavoura cafeeira, na fabrica de fiação e tecelagem e por ocasião da construção da ferrovia e suas histórias são idênticas a de outros que se estabeleceram em nosso País.
Imaginem uma São João Nepomuceno sem carnaval! Difícil não é mesmo? O que seria de nossa gente sem a sua maior festa popular que é o carnaval, ela faz parte da alma de seu povo. Isto é fruto da alegria dos italianos principalmente, que trouxeram na bagagem não só a esperança, mas também os seus instrumentos musicais e sua vocação pela musica, com toda irreverência e descontração.
Conheciam eles o grande carnaval de Nápoles famoso em toda a Europa e aqui deixaram raízes firmes que vingaram e fortificaram, por isso São João Nepomuceno no período de momo se torna “A CIDADE DA ALEGRIA”.
No Brasil os instrumentos musicais italianos como o bandolim, o bumbo e a guitarra, ganharam a companhia do tamborim, da cuíca e do pandeiro que lentamente absorveram o ritmo dos negros dando origem a musica e ao carnaval tipicamente brasileiro.
Foi no Rio de Janeiro que se estabeleceu por ideal de um napolitano a primeira fabrica de confetes e serpentinas passando-se a surgir então as famosas “batalhas de rua” nos bairros cariocas, quando todos utilizavam estes ornamentos extravasando sua alegria e foram também os italianos que lançaram o baile a fantasias através da atriz Clara Delamastro, que fez realizar no Teatro do Brasil o primeiro baile a fantasias.
O inicio do carnaval carioca foi marcado pelas canções italianas ao ritmo da tarantela, da polca ou da mazurca e outros ritmos que originaram as marchinhas e os chorinhos.
No ano de 1885 a capital do País é tomada pelos grandes desfiles de carros alegóricos surgindo então as sociedades.
Nossa pequenina São João Nepomuceno, não esteve atrás dos acontecimentos e muitos se lembram da famosa batalha de confete da Rua Coronel José Dutra e de seu nome pomposo de SESQUIPEDAL BATALHA DE CONFETE, quando os comerciantes e o povo se uniam lançando aos foliões confetes e serpentinas transformando a rua em verdadeiro tapete multicolorido.
Por muitas gerações os famosos corsos perduraram, o corso do Clubes Democráticos e Trombeteiros, Clubes que se esmeravam em criticas hilárias, um sobre o outro. Uma rivalidade que valeu o sucesso de nosso carnaval por longos anos.
Já os carros alegóricos se tornaram uma expectativa e uma atração à parte em nossos carnavais pela disputa ferrenha entre os dois tradicionais Clubes Sociais.
Os habitantes desta terra têm as festas como bússola, dedicam a elas o seu amor mais incondicional. Ao se aproximar o dia certo somos felizes e não sabemos ao certo se somos menos ou mais felizes do que no dia em que acontecem.
Passei um bom tempo da minha vida ouvindo de meu pai: “Em São João tudo acontece AC e DC –Não antes de Cristo e depois de Cristo, mas sim antes e depois do carnaval”.
Alegria, este é o estado de espírito que comanda a vida dos que vivem aqui. Herança italiana. Corre junto ao sangue das veias.
Isto vem explicar o porque de uma multidão durante o carnaval conviver animadamente sem brigas e confusões deixando ilesas as flores do jardim palco da alegria.
Não há nada mais gostoso do que se oferecer ALEGRIA, pois há sempre alguém precisando de uma boa dose e somos nos quem fornece a receita, o programa certo para o turista.
Aqui abrimos um parêntese para registramos a visão administrativa de Dr. Carlos Alves, responsável pelo estabelecimento dos italianos em nosso município, quando Agente Executivo acabando por empreender uma reforma agrária no município, com a colocação dos italianos em uma grande extensão de terra, depois que a dividiu em glebas destinando-as a famílias que queriam cultivar o café. O local foi denominado Núcleo Colonial Carlos Alves e até hoje é conhecido como tal em homenagem ao grande idealista e administrador.
Lá se estabeleceram as famílias: Rigolon, Togmoli, Húngaro, Rossignoli, Isele, Mengalde, Tampasco, Zardini, Venze, Luerci, Vanni, Comini, Pianta, Miosso, Pinton, Barrigio, Riuchetti, Bertelli, Carraro, Guazi.
Com a chegada destes italianos foi erigida uma capela em honra a Santo Antônio de Padova no ano de 1882, que guarda até hoje relíquias da época e tradições, como a festa em homenagem a Santo Antonio.
Por aqui não há quem não conheça os costumes da época que estão vivos até hoje como a polenta cortada com barbante, a tradicional macarronada, o pão italiano e a caçarola, um doce típico da cidade.
Outras famílias também aqui se estabeleceram exercendo diversos ramos de atividades, contribuindo sobremaneira para com a economia e o desenvolvimento de nosso município. São elas: Verardo, Pacce, Sardina, Bulla, Frederico, Pistili, Tamancoldi, Maroti, Girardi, Pezzini, Furiatti, Ranna, Nicodemos, Reggi, Palmieri, Pavanelli, Banádio, Riggi, Tozatto, Dadalti, Salvatore, Lobuglio, Vitoi, Fermo, Missiagia, Cestonaro, Bellini, Muscardi, Nalon, Lacava, Fávero, Zampa, Tomei, Pacaccini, Lanini, Albertoni, Cabeti, Rici, Furlan, Zágari, Temponi, Scapolatempore, Pellegrini, Monfardini, Butignoli, Abatti, Gianini, Leardini, Cence, Piovezam, Fiorelli, Guaretto, Rocini, Mancini, Rocci,Birelli, Negrero, Zanovelli, Gualdi, Simpronio, Zandomenik, Baú, Defelipo, Pinguelli, Geraldini, Cestaro, Montoni, Montorsi, Gruppi, Bissoli, Mafili, Bertolini, Rocatti, Ambrósio, Gotti, Varoto, Gentil, Maranha, Vanzan, Boreto, Baldoco, Zignatto, Calian, Turati, Gerola, Manzo, Dundi, Donatto, Benetti, Daquila, Paropato, Treza, Riani, Carrada, Coloni, Vidal, Passaroti, Gerolomique, Bertucci, Buzinari, Belizário, Esperanza, Batello, Fontana, Calegario, Dessupoio, Antonucci Trombini, Agrelli, Rique, Rigoni, Paracini.

IMIGRAÇÃO NA ZONA DA MATA
Antes da edição de Imigração e Colonização em Minas 1889-1930 de Norma de Goes Monteiro pela Editora Itatiaia Ltda, em 1994, pouco se podia encontrar sobre o assunto de forma organizada, por que nenhum estudo havia sido feito antes.
A citada autora, na introdução de seu livro, aborda o problema:
“Sabe-se que Minas é que teve o maior contingente de população escrava, mas se desconhece como foi sendo o escravo substituído pelo trabalhador livre. Nesse processo, coube importante lugar à imigração. ”.
....
[Trata-se] de aspecto que deve ser examinado, seja pelo número de estrangeiros que vieram para Minas desde o fim do Império e, sobretudo, nos primeiros decênios da República, seja pela influência que o elemento exerceu na economia e no processo social, provocando divisões da terra, implantação de nova tecnologia,outros costumes e crenças ...”

Desde o início de nossas buscas em livros revistas arquivo etc chamou-nos a atenção o grande número de imigrantes vivendo em São João Nepomuceno no final dos oitocentos, inicio dos novecentos. Ao longo de nossas pesquisas acumulamos informações também sobre a imigração nas cidades vizinhas. E sempre nos chamou a atenção à visão romântica perpetuada entre os descendentes, a maioria sequer imaginando as difíceis condições em que viveram.
O Centro de Estudos do Arquivo Histórico Geraldo de Andrade Rodrigues traz a público notícias sobre aqueles trabalhadores que substituíram os escravos nos Sertões do Leste.
Fontes consultadas
Arquivo Nacional: Manifesto do Vapor Colombo, aportado no Rio a 03.04.1896
Arquivo Público Mineiro: Livros da Hospedaria Horta Barbosa códices SA 902 e SA 884
Jornal do Commercio: diversas edições do primeiro semestre de 1896.

ALGUNS REGISTROS:

Nota-se aqui os tramites legais de imigração bem como as solicitações e informações a respeito dos imigrantes e que eram feitas aos órgãos superiores da província. Muito interessante é o comunicado do presidente da Câmara de São João sobre a criação de uma hospedaria para imigrantes.

*Secretaria de Agricultura
Primeira Secção
Dia 7
Requisitaram-se da secretaria das Finanças os pagamentos seguintes:
De 145$000, por conta do credito do n.V § 3º art.2º da lei de orçamento vigente, ao immigrante italiano Pelligrini Tarello, como indemnização de despesas pelo mesmo feitas com o transporte de sua familia, do Estado de São Paulo para o municipio de São João Nepomuceno.”
Minas Geraes, 14.11.1893, Anno II, Nº309, página 1.
- “Repartição de Terras e Colonização”
Segunda Secção
Dia 29 de Setembro
Expediente do sr.dr. Secretario de Estado
Aos srs. Jacomo N. de Vicenzi & Filho, auctorizou-se introduzir 12 immigrantes portuguezes, que devem vir do Porto com destino à fazenda do sr. Gregorio José Gonçalves, no municipio de São João Nepomuceno, devendo avisar ao fiscal do 2º districto de immigração o dia da chegada delles.
Ao sr. presidente da camara municipal de São João Nepomuceno communicou-se a providencia tomada em solução de seu officio de 12 do corrente mez; e auctorizou-se para fazer a despesa do transporte de 10 italianos procedentes de São Paulo para a fazenda do sr. José de Abreu, em Taru-Assú, devendo ser as contas authenticadas pelo fiscal do districto, afim de serem pagas pelo Estado.
Expediente do sr. dr. Inspector
Ao sr. fiscal do 2º districto de immigração, em resposta ao seu officio de 22 do corrente, communicaram-se as providencias constantes dos officios acima, referentes aos immigrantes pedidos pelo sr. presidente da camara municipal de São João Nepomuceno, devendo elle opportunamente informar sobre a chegada e localização dos mesmos”.
Minas Geraes, 05.10.1893, Anno II, Nº269, página 3
“Repartição de Terras e Colonização
Segunda Secção
Dia 2

Devidamente informados, foram transmittidos ao sr. dr. Secretario de Estado da Agricultura os officios do presidente da municipalidade de São João Nepomuceno e fiscal do 2º districto de immigração referentes à proposta de creação de uma hospedaria de immigrantes e ao pagamento da quantia de 200$000 despendida com o transporte da familia italiana vinda de São Paulo para São João Nepomuceno”.
Minas Geraes, 29.10.1893, Anno II, Nº293, página 2.

IMIGRANTES EM ROÇA GRANDE, SÃO JOÃO NEPOMUCENO
Provavelmente o nome do vapor Colombo será o mais lembrado em qualquer comunidade de imigrantes em Minas Gerais, por ter sido o que mais viagens realizou sob contrato com a Província. Partindo normalmente de Genova, no Porto do Rio de Janeiro deixou milhares de lavradores esperançosos, italianos fugindo da fome que grassava na terra natal. Assim aconteceu no início de 1896 quando quase 1.400 italianos embarcaram em Genova. No dia 3 de abril, no Porto do Rio de Janeiro, desembarcaram do Colombo 904 italianos contratados para trabalhar na terra mineira. Viajando na 3ª classe como era habitual, aqueles italianos provavelmente não imaginavam o sofrimento que ainda teriam que suportar antes de encontrar um pouso adequado.
Notícias de jornal nos fazem acreditar que foram dificílimas as horas passadas na Agência de Imigração à espera de autorização para seguirem rumo à estação ferroviária onde embarcariam com destino a Juiz de Fora. A falta de higiene que já os acompanhava no vapor provavelmente tornou-se ainda mais difícil de suportar durante aquelas intermináveis horas que os separavam do vagão do trem. É fácil imaginar o sofrimento daqueles bravos imigrantes quando sabemos que entre os 904 passageiros estavam incluídas crianças de até um mês de idade, nascidas durante a viagem. Quem de nós pode permanecer impassível ao pensar em crianças famintas, sujas, sem um lugar para dormir adequadamente há mais de 30 dias, agarradas talvez na barra das saias de suas mães que nada podiam fazer para minorar o sofrimento da prole?
Mais de quarenta horas após desembarcarem no Rio, o grupo de imigrantes deu entrada na Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora. A viagem de trem foi apenas um complemento torturante a mais. Viajavam como carga viva, sem um mínimo de conforto, em vagões que pareciam adequados apenas ao transporte de animais. E em Juiz de Fora foram “despejados” num alojamento que longe estava de ser uma decente hospedaria.
Analisar os livros daquela hospedaria constitui-se num exercício de paciência e coragem. Quantas histórias de vida escondem-se atrás daquelas listas de nomes, de medicamentos consumidos, de doentes graves e mortos?
Mas, acreditamos que o pior vexame ainda estava por vir. Os fazendeiros da região ou seus prepostos viajavam para Juiz de Fora com a mesma disposição que alguns anos antes saíam para comprar escravos. Todos sabemos que o 13 de maio de 1888 é apenas uma data no calendário que não significou de fato a imediata extirpação da chaga social que foi a escravatura. Os corredores muitas vezes imundos da Hospedaria Horta Barbosa foram palco de avaliações desumanas por fazendeiros que vinham em busca de trabalhadores. De certa forma cerceados pela propaganda oficial de garantia de direitos aos trabalhadores ditos livres, nem assim conseguiriam esquecer séculos de relacionamento de posse com os subalternos. E, claro, precisamos também considerar que muitos daqueles fazendeiros tinham sofrido um bom desgaste econômico com a abolição.
Alguns imigrantes conseguiam ser escolhidos logo nos primeiros dias em que chegavam a Juiz de Fora. Outros, e parece-nos que foi o caso da grande maioria, passavam longos períodos por ali. As normas da Secretaria de Terras e Colonização limitavam há 5 dias o prazo de permanência na Hospedaria. Basta no entanto folhear um dos livros de registro para comprovar que os 5 dias eram, na maioria das vezes, o prazo mínimo que um grupo de viajantes de determinado vapor ficava à espera de “ser escolhido” por algum fazendeiro. Como exemplo citamos algumas famílias que viajaram pelo Colombo em 1896.
Natale Rampazzo, de 31 anos, e sua esposa Maria, de 19 anos, procediam da província de Padova, região do Veneto. Se ainda não conheciam os Mazzuccato, provavelmente com eles se relacionaram durante a travessia do Atlântico. Também procedentes da província de Padova, Giovanni Mazzuccato de 61 anos, a esposa Colomba, de 44 anos, os filhos Erminia (11), Rosa (7) e Eugenio de 9 meses formaram com os Rampazzo e os Grigoletto o grupo de imigrantes escolhido pelo fazendeiro José Braz de Mendonça, de Roça Grande, São João Nepomuceno.
Permaneceram na Hospedaria Horta Barbosa somente por 3 dias e por este motivo podem ser considerados privilegiados. Desconhecemos a existência de parentesco entre Natale Rampazzo e o resto do grupo. Sabemos que Giovanni Mazzuccato era irmão de Eurosia Mazzuccato que viajou como membro da família de Bortolo Grigoletto, outro chefe escolhido por José Braz de Mendonça. Aliás, segundo o manifesto do vapor, Bortolo Grigoletto tinha 34 anos, a esposa Maria estava com 27 anos e viajaram com os filhos Natale (3) e Lucia (1), além de Eurosia Mazzuccato de 68 anos e Antonia Grigoletto de 69 anos, as duas últimas sogra e mãe de Bortolo.
O fato de terem sido escolhidos quase imediatamente pode ter sido decorrência de uma boa conversa com o fazendeiro. Parece-nos que Bortolo Grigoletto, que residia na “comune” de Albignano, província de Milano, região da Lombardia, seria uma espécie de líder da grande família que imigrou naquele ano.
A mesma sorte não deu um outro grupo de viajantes do Colombo que também foi contratado para trabalhar em Roça Grande, Luigi Capellotto, de 38 anos, a esposa Teresa de 32 anos, e os filhos Luigia (10), Emma (7), Preste (5) e Blandina (2), procediam da “comune”de Illasi, província de Verona, região do Veneto. Da mesma “comune” eram os companheiros de viagem Giovanni Mellis de 44 anos, a esposa Angela de 41 anos, e os filhos Marcello (16), Antonio (11) e Silvio de apenas 6 meses. Da província de Lucca, região da Toscana, eram Tebaldo Ceccaretti de 28 anos e sua esposa Mariana, de 26 anos. Da mesma região da Toscana, mas da “comune” de Carmignano, província de Prato, eram Luigi Benedaro de 31 anos, a esposa Anna de 34 e a filha Brigida de 5 anos.
Da região da Lombardia, província de Cremona, “comune” Rivolta d’Adda, procediam Giuseppe Boffa de 25 anos, a esposa Luigia 21 anos e o pequeno Stefano de 1 mês.
Também da região da Lombardia, mas da província de Bergamo, “comune” Ghisalba eram os demais membros deste segundo grupo: Giuseppe della Giovanna de 31 anos, sua esposa Giovanna de 21 anos e a família Carminatti.
Giovanni Carminatti de 35 anos, a esposa Angelina Pagano de 30 anos, e os filhos Dalva (8), Guglielmo (6), Arturo (4), Gregorio (2) e Silvio de apenas 7 meses completavam a lista de trabalhadores contratados por Joaquim Pereira de Sá no dia 20 de abril de 1896. Portanto, além de todo o sofrimento da viagem de navio, da longa espera no Rio pelo embarque no trem, do horror de uma viagem em vagão de carga, ainda tiveram que passar 15 dias “depositados” na Hospedaria Horta Barbosa antes que um fazendeiro os escolhesse.

O Vapor Colombo que trouxe para o Brasil os imigrantes italianos Foto 1901
Relacionamos para sua apreciação algumas famílias que vieram para nossa região no Vapor Colombo procedentes de Gênova e chegados à Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora em 1896, ficando a espera dos fazendeiros para serem contratados. Observem que muitas delas ainda possuem seus descendentes em nossa cidade e outras contratadas por outras cidades acabaram vindo para São João Nepomuceno.
A lista é enorme mas para ilustrarmos escolhemos aleatoriamente algumas famílias e se nota perfeitamente na listagem a ação da Câmara Municipal de São João Nepomuceno como contratante e sua importância na época quanto à responsabilidade pela imigração principalmente a italiana,. Na grande maioria eles vieram para assumirem a mão de obra nos cafezais e lavoura em razão da abolição da escravatura no Brasil. As lavouras eram na época grande fonte de riquezas no município, mas muitos se estabeleceram na ferrovia ou fundando aqui casas comerciais e prestadoras de serviços.
Como já dissemos anteriormente muitos de nossos antepassados imigrantes italianos não tiveram por aqui a mesma sorte que outros, principalmente os trazidos por fazendeiros, que acostumados a lidar com escravos os tratavam como tal e não foram poucas as cidades onde eles se constituíram em Associações, como a nossa Sociedade Italiana ou a Casa D’Italia em Juiz de Fora, tudo com intuído de ampararem uns aos outros.

A COMARCA DE SÃO JOÃO NEPOMUCENO

Fazendo História...

Dr. José de Castro Azevedo
Comentários de José Carlos Barroso

Breve introdução à história da Comarca de São João Nepomuceno
Pouco, muito pouco, para não dizer que praticamente nulo, é o interesse, por parte de nós são-joanenses, pela História desta terra.
À proporção que os anos passam vão desaparecendo os subsídios para seu estudo, conforme mesmo já acentuáramos em artigo publicado neste jornal. As fontes sobre a história do município de São João Nepomuceno são bem escassas e há por parte de nossa gente, muito pouco interesse em fixa-la em definitivo.
Quando em vez aparecem em revistas relatos sucintos de nosso passado, que não refletem a realidade histórica e mais confusão lançam no espírito daqueles que procuram determinar , em definitivo, os nossos primórdios.
Em pesquisa feita nos arquivos postos à nossa disposição, conseguimos coligir dados que se ainda não refletem com exatidão os dias idos e vividos, são marcos que se podem fixar, pontos de partida para o estudo de um dos ângulos de nossa história.
Procuramos estudar a vida da Comarca de São João Nepomuceno, desde sua instalação até os nossos dias.
Observação e Comentário: Sempre ouvimos de nosso pai que eram poucos, e pouquíssimos mesmo que gostavam de conhecer a nossa historia. Desde a primeira vez que dele ouvi esse fato passei a observar detidamente o que significava suas palavras. Mais tarde e desde iniciamos os trabalhos da Fundação Cultural vimos sentindo essa anômala situação e em setembro de 2001 quando inauguramos o Centro de Cultura e Turismo sentimos mais uma vez. Mas continuamos e pesquisando os estudos do Dr. José de Castro Azevedo deparei-me outra vez com o fato de que poucos se interessarem, pela história de São João Nepomuceno. Na pequena introdução acima relata toda sua preocupação em construir uma fonte e foi ele que de tudo cuidou para que nós são-joanenses pudéssemos hoje desfrutar e reproduzir a verdadeira história. É certo que muitos nos foram e são importantes nesse momento e continuaremos como o Dr. José Azevedo ou como o professor Ubi Barroso ou como Dr. Paulo Roberto Medina ao lado de denodados como Cláudio Machado, Eduardo Ayupe e Maria do Carmo Sobreira. O historia que ora reproduzimos é parte de artigos publicados em Voz de São João e de um compendio idealizado pelo insigne Magistrado e Historiador José de Castro Azevedo em 1959, exemplar doado ao Professor Ubi Barroso Silva afetuosamente pelo autor da obra.

A Instalação da Comarca:
Dr. José de Castro Azevedo
Comentários de José Carlos Barroso

A história da comarca de São João Nepomuceno escrita pelo Dr. José de Castro Azevedo foi publicada no Jornal Voz de São João e depois editada em livretos e distribuída aos amigos e admiradores da historia, isso em 1959.
O Dr. José Azevedo depois de anos e meses estudando os arquivos do Fórum contradiz a data de instalação da Comarca, data que ele mesmo deu publicidade no jornal Voz de São João. Assim escreve o Dr. José reparando a data:
Sabe-se que a Comarca foi criada pela lei nº 11, de 13 de novembro de 1891 e instalada em 10 de março de 1892 e não em 1901 como por equivoco afirmou o eminente e saudoso dr. Augusto Glória Ferreira Alves em sua conferencia pronunciada em 10 de novembro de 1946 no C.C. Democráticos sendo classificada como Comarca de primeira entrância e nomeado o juiz de direito, o talentoso, erudito e emérito magistrado Dr. Antonio Raimundo Tavares Belfort.
A Comarca de São João Nepomuceno foi criada pela lei nº 11, de 13 de novembro de 1891 e instalada em 10 de março de 1892.
Abaixo o termo de “audiência especial para instalação da Comarca”
Aos dez de março de 1892, nesta cidade de São João Nepomuceno, no Fórum, presente o Dr. Antonio Raymundo Tavares Belfort Juiz de Direito desta Comarca, as doze horas do dia, pelo Juiz foi dito que estando designado por acto de 03 de março do corrente ano , a installação da Câmara de São João Nepomuceno, e havendo elle Juiz , prestado juramento e tomado posse na forma da lei em 27 do mês ultimo declarava installada a Comarca para todos os effeitos e assumia o cargo de Juiz de Direito para o qual fora nomeado por acto de 22 do referido mez de fevereiro. E como não houvesse ainda recebido o Snr. Dr. Promotor Publico da dita Comarca o seu respectivo titulo nomeava interinamente o Advogado Coelho Gomes a quem convidava para exercer previamente juramentado procedendo-se procedendo-se quanto a falta de Juiz substituto na forma legal. Oficie-se ao Sr. Dr. Juiz Municipal a instalação. Nada mais houve assignado. Eu Antonio Lopes dos Santos, Escrivão o escrevi. Tavares Belfort, José Coelho gs, Firmino José dos Santos, Eugenio de Freitas Malta livro 1, fls 1, Cart 1º Oficio.
Revela notar que a audiência supra já fora realizada no belo prédio que até bem poucos meses era o nosso Fórum, construído em 1888, com o produto de duas exposições e um subscrição publica, não concorrendo o Estado com a mínima parcela para a obra. Alias em 1916 procedia-se uma reforma no edifício do Fórum, quando foram gastos 4:000$000, incluindo-se a aquisição de um lustre e quatro plafonniers por 700$000, avaliados hoje em Cr$200.000,00.
A construção do Fórum foi obra do Dr. Carlos Alves, quando Agente Executivo e o prédio onde funcionou o Fórum até os anos 50 ainda se encontra no largo (praça 13 de maio). Onde hoje funciona o Colégio Dr. Augusto Glória.
Sobre o lustre (linda peça com pingentes e toda em vidro) e quanto aos quatro plafonniers (lustres menores) citados pelo Dr. José eles ainda estão conosco no atual prédio do Fórum à Praça dos Expedicionários ornamentando o salão de Júri. Outras relíquias da mesma época lá se encontram também, como os dois recipientes (urnas) utilizados para se sortear o corpo de jurados.
A época da instalação nos idos de 1892, exercia o cargo de Juiz de Órfãos o dr. Washington Badaró advogando no Fórum local e o dr. Pe. Luiz Lopes Teixeira, dr. Tobias dos Santos Siqueira Tolendal, dr. Gregório, Major malta, dr. Ulisses de Carvalho Soares Brandão, Joaquim Manoel Ferreira, dr. Rodolfo Ferreira e o dr. Coelho Gomes.
Como em 1896 grassasse em nosso Município, máxime no distrito da cidade a febre amarela, ceifando vidas preciosas, foi a sede da Comarca transferida no principio do ano para o distrito de Rochedo, funcionando segundo nos relatam os termos de audiência, no Conselho Distrital ali permanecendo até 2 de maio, tendo-se em audiência realizada em 8 de fevereiro, consignado o primeiro voto de pesar, com o passamento do saudoso dr. Carlos Ferreira Alves.
Em data de 13 de fevereiro de 1897, fazia-se constar do termo de audiência o seguinte voto:
“Pelo Juiz foi dito que, sendo esta a primeira audiência desse Juízo depois da noticia dos anarchicos attentados a 5 do corrente na Capital Federal, contra o Presidente da Republica, dos quais resultou na morte heróica do Ministro da Guerra, julgava interpretar os sentimentos dos servidores da Justiça desta Comarca, fazendo inserir no protocollo um voto de profundo pesar pelos graves acontecimentos ocorridos”.
Em 18 de junho do ano imediato se consignava também um voto de pesar pelo passamento do Presidente do Tribunal de Justiça – o Desembargador Prestes Pimentel.

Juizes de Direito:
Dr. José de Castro Azevedo
Comentários de José Carlos Barroso


1.O nosso primeiro Juiz de Direito, o dr. Antonio Raymundo Tavares Belfort, exerceu o cargo até o fim do ano de 1898 quando foi promovido para a Comarca de Ubá aonde veio a falecer em 02 de setembro de 1906, tendo a Câmara Municipal mandado celebrar missa de 30º dia pelo seu passamento.
2.Em 7 de janeiro de 1899, o dr. Augusto César Pedreira Franco presidia sua primeira audiência em nosso Foro, sendo ele, assim o nosso segundo Juiz de Direito. A 20 de maio daquele ano, determinava o Juiz a transferência para o “edifício do extinto Conselho Distrital” (hoje, edifício da Prefeitura Municipal) do serviço forense em virtude de consertos que deveriam proceder no prédio do Fórum
A transferência de prédios determinada pelo Juiz e a que se refere o Dr. José para o antigo prédio do Conselho Distrital local onde se edificou depois o prédio da Prefeitura em 1935. Depois o prédio sofreu modificações no ano de 1961 no governo do dr. Nagib C. Ayupe. E a partir daí nada mais nele foi alterado, sofrendo o mesmo apenas pequenos reparos. O Antigo prédio funcionou como Intendência, Correios, Escola Normal, Câmara, Prefeitura
Por portaria de 14 de fevereiro de 1903, ordenava o dr. César Franco que os Cartórios fossem removidos para a residência dos serventuários, em virtude das constantes violações e assaltos havidos no Fórum.
Permaneceu dito magistrado a testa dos destinos de nossa Comarca até 30 de junho de 1910, quando permutou com o dr. Infante Vieira, que exercia igual função na comarca de São Manoel do pomba. Permaneceu, portanto 11 anos e sete meses à frente do poder judiciário local. Encerrou sua carreira como Desembargador do então Tribunal de Apelação do Estado, por onde veio a se aposentar.
3.A 1º de setembro de 1910, o dr. Afonso Infante Vieira, presidiu sua primeira audiência como terceiro juiz da comarca são-joanense.
Do arquivo existente constam dois votos que fez inserir nos termos de audiência, quando de sua permanência entre nós: o primeiro em data de 10 de novembro de 1917, quando no foro na pessoa na pessoa do Juiz congratulava-se com o Presidente da Republica pela declaração de guerra à Alemanha e o segundo em 24 de setembro de 1921, quando determinava que se consignasse no protocolo um voto de felicitações ao Conselheiro Rui Barbosa pela sua eleição para o Tribunal de Justiça Internacional no que foi acompanhado pelo advogado Salgueiro Autran.
Em fins de 1922 exonerava-se aquele magistrado de seu cargo depois de haver exercido suas funções por 10 anos entre nós.
4.Removido da comarca de Palma em 28 de setembro de 1922 assumia o exercício de seu cargo o dr. Augusto Sabóia Silva Lima, 4º juiz de direito da comarca.
Um de seus atos a frente dos destinos desta comarca foi determinar a volta dos cartórios que vinham funcionando nas residências dos serventuários ao edifício do Fórum. Pouco depois faz inaugurar no salão do júri , a fotografia do Conselheiro Rui Barbosa, que hoje se vê no gabinete do juiz no novo edifício.(atualmente o retrato não mais se encontra no Fórum, desaparecido ou corroído pelo tempo)
A ele deve-se também a reabertura do Ginásio local. Em virtude de ter sido nomeado Juiz da 8ª Pretoria Criminal do Distrito Federal, deixou o exercício em 11. de fevereiro de 1924 e depois se tornado Desembargador pelo Distrito Federal e aí se aposentando.
Para uma curta estada de três meses e onze dias assumiu o juizado de direito desta comarca, em 15 de maio de 1924, o dr. José Falci, removido da comarca de Tramedal . Em 26 de agosto do mesmo ano permutou com o dr. Ananias Varella de Azevedo, juiz de direito de Bonfim, sendo pois o dr. Falci o juiz que menos tempo permaneceu em São João Nepomuceno.
Em vista da permuta feita em 9 de setembro de 1924 o dr. Ananias Varella de Azevedo assumia o exercício só o deixando em 20 de fevereiro de 1941, quando foi promovido para a comarca de Uberlândia, sendo, posteriormente nomeado desembargador do Tribunal de Justiça, com assento em uma de suas Câmaras Criminais. Esteve dezesseis anos e cinco meses como juiz desta terra, que hoje abriga e agasalha seus restos mortais. Como homenagem foi dado o seu nome ao edifício do Fórum, inaugurado em 16 de maio do corrente ano.
Quando exercia o juizado em nossa comarca, foi esta elevada a 2ª entrância em 23 de setembro de 1925, com a promulgação da lei 912 daquela data.
Em 1941 a 25 de março assumia o exercício removido que vinha da comarca de Bom Sucesso o dr. Ernesto de Barros Falcão de Lacerda, que na ordem cronológico fora o nosso sétimo Juiz. Foi aqui Juiz de Direito cerca de nove anos e dois meses, ressaltando-se que na fase de reorganização política do País, assumiu dor Falcão o cargo de Prefeito Municipal de São João Nepomuceno no período de 20 de novembro a 05 de dezembro de 1945 por força de disposição legal. Em data de 6 de junho de 1950 em virtude de aposentadoria deixou a função judicante.
Por ato do governo estadual, em 15 do mesmo mês e ano era removido para esta Comarca o dr. Dario Pessoa então Juiz de Direito da Comarca de Bom Sucesso. Como os Juizes que o sucederam foi curta a sua permanência em nossa terra, pois aqui ficou tão somente três anos e três meses, sendo em data de 12 de outubro de 1953 removido para a Comarca de Ferros e, alguns dias após, promovido para Muriaé, onde se aposentou. Escrevia com acentuada elegância e suas decisões eram elaboradas em linguagem escorreita e graciosa, torneando a frase; poeta, algumas de suas produções foram publicadas, sob pseudônimo no Jornal Voz de São João.
Continuando o critério de preenchimento da comarca pelo sistema de remoção, em data de 18 de outubro de 1953, entrava em exercício o dr. João Gabriel Perboyre Starling, removido da comarca de Aimorés. Vale relembrar que empreendeu ampla campanha de assistência à infância desamparada, pondo em prática o Código de Menores fundando mesmo um Patonatro ao qual foi dado o seu nome , mas que, por motivos vários não teve prosseguimento. Em dezembro de 1955 foi promovido para a comarca de Ituiutaba e, posteriormente, removido para Belo Horizonte, aqui ficando pouco mais de dois anos e dois meses.
Por merecimento foi promovido para a comarca de Laginha e, imediatamente removido para esta, em data de 2 de janeiro de 1956, o dr Altair Lisboa de Andrade, que vinha exercendo suas funções na comarca de Guarani. Ainda pelo critério de merecimento foi o dr. Altair promovido para a comarca de Patos de Minas deixando o exercício em 30 de março de 1959. Exercera ele, em período anterior às suas funções judicantes, o cargo de diretor do estabelecimento de ensino secundário de São João. Quando aqui esteve a testa do juizado da comarca, emprestou o concurso de sua inteligência à cátedra do Ginásio e da Escola Normal locais.
Por determinação do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, em data de 15 de abril do corrente ano, entrou em exercício do cargo o Bacharel José de Castro Azevedo, juiz de direito seccional da 4ª Zona Judiciária, que aqui permaneceu até 20 de julho de 1959. Naquele período foi inaugurado o Fórum Desembargador Ananias Varella de Azevedo, em data de 16 de maio, solenidade que contou com a presença do Governador Bias Fortes e de altas figuras do mundo político e oficial do Estado e do País.
Promovido da comarca de Perdões para esta, assumiu o exercício em 21 de julho de 1959 o dr. Enéas Dias Duarte, que, aqui exerceu suas funções até o ano de 1966.


Uma homenagem:


Aqui abrimos um parêntese para destacar a figura impar de Dr. José de Castro Azevedo personalidade de grande importância para a cultura do povo são-joanense, tendo sido professor dos estabelecimentos de ensino secundário Comercial e Normal e ainda lecionado também no Colégio Dr. Augusto Gloria.
Dr. José de Castro Azevedo emprestou seus conhecimentos também ao Jornal Voz de São João onde foi diretor e redator, sendo responsável por brilhantes paginas que contaram a historia das ruas de nossa São João Nepomuceno.
Dr. José De Castro Azevedo foi historiador, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora e graças a sua inteligência São João Nepomuceno pode recuperar parte de sua memória histórica. Trabalhou também na Câmara Municipal e foi responsável pela reorganização da Biblioteca Municipal.
Muito gratificante foi ter podido homenageá-lo quando exerci as funções de vereador de 83 a 88 através de projeto de lei e, introduzir seu retrato na sala de reuniões Tancredo Neves, da Câmara Municipal local onde perfilam figuras ilustres e beneméritas de nossa terra.
Como homenagem o poder publico destacou seu nome em uma das ruas de São João Nepomuceno e o Meritíssimo Juiz de Direito Diretor do Fórum dr. Ananias Varella de Azevedo dr. Paulo Roberto Caixeta reinstalou na sala do júri, sala Desembargador Paulo Geraldo de Oliveira Medina a Galeria dos Magistrados passando a mesma em 12 de setembro de 1997pela Portaria 10/97 a denominar-se Galeria Dr. José de Castro Azevedo em homenagem ao ilustre magistrado.
O acervo histórico da Fundação Cultural São João Nepomuceno se enriquece com objetos pessoais de dr. José de Azevedo e de sua amada esposa Dra Alceia Cardoso de Azevedo, além de suas fotografias e biografias, de cópia de artigos e discursos do grande Juiz e de uma página que lhe reservamos como homenagem por ocasião de seu falecimento e que publicada foi em Voz de São João, a mesma que utilizamos como justificativa ao projeto de lei para introdução de sua fotografia à sala de reuniões da Câmara Municipal.

Abaixo a pagina que dedicamos em homenagem ao Dr. José de Castro Azevedo que traduz em sua simplicidade a figura impar do grande magistrado, professor, historiador e, homem denodado à cultura do povo são-joanense.
O JUIZ NA ORAÇÃO

José Carlos Barroso
31.08.1985

Recolho as palavras.
Aqui estou diante do Senhor.
Aqui estou em mais um encontro.
Recolho os pensamentos numa incontida vontade de reascender muitos.
Recolho os amigos, na premeditação de um momento de gratidão.
Descortino a vida, rasgando o passado.
Rasgo o caminho, vou em frente e num ímpeto de destruição, deparo com um amigo.
São pensamentos fortes; fazem brotar uma vida.
Ali, bem diante de mim, uma figura austera, simples, inteligente, de valor impar.
Num abraço incontido sinto-o imóvel, ausente.
Passo agora ao incontrolável da minha tristeza. Fico em meio as minhas interrogações.
Por que está ausente o amigo juiz?
Por que se foi o José?
O silêncio chega rápido, como quisesse ele acompanhar a incompreensão.
A vida atravessa o universo, como um vento sem regresso.
Há, portanto uma explicação para os acontecimentos já completados e incompreendidos.
Deus está aqui.
É o Pai, que chama pelo filho.
Meus olhos desmaiam.
É como a luz do sol, que ao desaparecer deixa, como prenúncio de bela noite, a paisagem mais linda.
Eu agradeço.
Obrigado meu Deus e Senhor, por ter podido conhecer Suas belezas, Suas criações.
Obrigado por ter conhecido o Seu filho JOSÉ.
JOSÉ, Senhor, é aquele que admiramos um dia por tudo, mas muito mais por vê-lo amar seus filhos, como o meu pai querido.
Ficam nossas orações, repetidamente.
Pai nosso, que no Céu está.
Abraça o filho JOSÉ da alegria.

A historia de nossa Comarca escrita até aqui pelo juiz dr. José de Castro Azevedo sofre interrupção e nós não ousamos a continua-la no gesto simbólico e respeitoso ao grande escritor nos limitando tão somente a apresentarmos a relação dos magistrados que por aqui desenvolveram suas funções judicantes.
Então vejamos.
Os livros registram que nosso próximo juiz fora o dr. Manoel Altomare Nardy que assumiu a comarca em 1966 até o ano de 1967. Seu substituto foi o dr. Murilo José Pereira, que aqui permaneceu do ano de 1968 a 1969. Seu sucessor foi o dr. Murilo Gonçalves Torres, que exerceu as funções de juiz da comarca de 1969 até 1970.
Em lugar do dr. Murilo assume o comando da comarca de São João Nepomuceno o dr. Tércio Pinheiro Lins em 1971 aqui ficando até o ano de 1974.
Com a saída do dr Tércio retorna a São João o dr. José de Castro Azevedo que aqui desenvolve suas funções como juiz e pela segunda vez, do ano de 1974 a 1976, tendo sido substituído pelo dr. Dirceu da Silva Pinto de 1979 a 1982.
No ano de 1982 assume a comarca o dr. Flavio André Gonçalves Doviso, que aqui permaneceu até o ano de 1985 substituído que foi pela dra Selma Maria de Oliveira Toledo primeira e única mulher a ocupar o cargo e que o fez com destacado mérito de 1985 até 1991, quando promovida foi para a comarca de Juiz de Fora, ocupando seu lugar na comarca de São João Nepomuceno o dr. Marco Aurélio Lyrio Reis de 1991 até 1996, que empreendeu significativas reformas no prédio do Forum.
No ano de 1997 assume o dr. Paulo Roberto Caixeta que aqui permaneceu até o ano de 1999 tendo sido substituído pelo dr. Marcelo Piragibe de Magalhães que exerceu, como Juiz da 1ª Vara e Diretor do Forum já que no ano de 2003 precisamente foi instalada na Comarca de São João Nepomuceno a 2ª Vara e para a mesma designado o dr. Orfeu Sergio que aqui já funcionou como Promotor de Justiça da Comarca.
Mais uma vez o edifício do Fórum sofreu reformas para adapta-lo ao funcionamentos das duas Varas.
No ano de 2010 asume a Primeira Vara Cível, Crime Infancia e Juventude a Dra. Flávia e a Segunda Vara Cível, Crime e de Exuções Penais a Doutora Sonia.

CAPELINHA DE SANTO ANTONIO 1925

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NOSSAS MONTANHAS

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UAI! SÃO AS MONTANHAS DE MINAS

TURMA DA 8ª SÉRIE DA E.M.CORONEL JOSÉ BRAZ

TURMA DA 8ª SÉRIE DA E.M.CORONEL JOSÉ BRAZ

SEM PALAVRAS!

SEM PALAVRAS!

A FABRICA DE TECIDOS

A FABRICA DE TECIDOS
FUNDADA EM 1895

ESCOLA CENTENÁRIA

ESCOLA CENTENÁRIA
ESCOLA MUNICIPAL CORONEL JOSÉ BRAZ

FANFARRA DO INSTITUTO BARROSO

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EM SEU INICIO

VISTA PARCIAL

VISTA PARCIAL
vista da matriz -São João a noite

A PREFEITURA HOJE

A PREFEITURA HOJE

O SOBRADO DE DONA PRUDENCIANA

O SOBRADO DE DONA PRUDENCIANA
O que restou da historia? UMA FOTO!!!