Quem leu as "Memórias da Rua do Ouvidor", de
Joaquim Manoel de Macedo, e conhece a nossa Rua Coronel José Dutra,
apelidada de Rua Sarmento, verá, guardadas as devidas
proporções, que existe entre ambas uma certa afinidade, uma semelhança bem
acentuada.
Para o autor de "A Moreninha", é a "Rua Do
ouvidor a mais passeada e corrida, a mais leviana, indiscreta, bisbilhoteira,
fútil, noveleira, poliglota e enciclopédica de todas as ruas da cidade. Em
verdade, a nossa Rua Sarmento sempre foi o ponto de convergência de nosso povo,
dos encontros programados ou previstos. É ali, desde o princípio deste século,
o local preferido para o footing, à noite, de nossa mocidade, das moçoilas
casadoras, do bate-papo do fim do dia. Para ela se convergiu a parte mais
importante do comércio local.
A Origem de seu nome se perde pelo século XIX pois, é certo que, na
documentação se refere ao ano de 1889, já se encontra sua toponímia como sendo
Rua Coronel José Dutra. A instalação naquela rua, da firma comercial de Daniel
de Moares Sarmento, no prédio onde estão hoje a Casa São Vicente de Paulo e o
Bar Dia-e-noite, fez apagar bastante o nome primitivo da rua, para em seu
lugar, surgir a Rua Sarmento, fenômeno esse que se repete com outros
logradouros de nossa cidade.
Mas, quem foi o Coronel José Dutra?
O Coronel José Dutra Nicácio foi um chefe político de enorme prestígio, que
militou nas fileiras do Partido Liberal. Quando o Partido Liberal Mineiro
("Genealogia dos Fundadores de Cataguazes, de Arthur Resende) orientado
por Teófilo Ortoni se rebelou contra o governo em 1842, o Cel. José Dutra
chefe em São João
Nepomuceno, e seu cunhado Cel. João Bento Pereira Salgado,
chefe no Pomba, trataram de reunir forte contingente para auxiliar os rebeldes
e só não entraram em luta pelo motivo da derrota dos rebeldes em Santa Luzia, pelas
forças de Caxias,..."ambos foram perseguidos e ameaçados de processo do
qual se livraram em virtude da anistia então concedida."
Era o Coronel José Dutra natural do distrito de Lamim, município de Queluz,
tendo nascido em 13 de abril de 1796 e batizado em 14 de março de 1797.
Foi casado, em primeiras núpcias, com D. Antônia de Lopes Dutra, com quem
teve sete filhos; em segundo matrimônio com D. Antônia Vieira de Silva Pinto,
ou D. Antônia Maria de São José, que veio a falecer devido ao impacto sofrido
com o movimento revolucionário de 1842, e com ela houve uma única filha, e ,
finalmente, com D. Joaquina Medina Dutra, de cujo enlace nasceram três
descendentes. Possuiu aqui a Fazenda do Ribeirão, nas proximidades da cidade.
Fundou, no Espirito Santo, o Arraial de São José dos Calçados, hoje florescente
cidade capixaba. Faleceu em 23 de Janeiro de 1873 em nossa cidade, quando
contava setenta e sete anos de idade, sendo inumado no chamado Cemitério Velho,
onde se econtra até hoje, sua sepultura. É ele o tronco da família Dutra em
nossa cidade.
Salienta-se que a patente de "Coronel" que lhe deram, lhe foi
concedida no Pomba, pelas tropas rebeldes, como comandante de uma das Legiões,
que lá se formaram.
Inegável era o prestígio que desfrutava o Coronel José Dutra, mas a
Revolução de 1842 desgastou-o sobremaneira, de modo que, só com o passar dos
tempos, pôde de novo congregar em torno de sua pessoas os elementos que o
apoiariam em sua carreira política, recuperando-o novamente e conseguindo o
lugar de vereador à Câmara Municipal.
Para que se possa ter realmente uma idéia perfeita do papel representado por
Coronel José Dutra, necessário se torna a leitura da História do Movimento
Político, que no ano de 1842 teve lugar na Província de Minas Gerais, do Cônego
José Antônio Marinho onde se retrata com bastante fidelidade aquela fase da
vida do Estado e de nosso Município.
Temos para nós que foi o Coronel José Dutra a primeira figura que fez sair do
anonimato o nome de São João Nepomuceno, um rincão, àquela época, quase
desconhecido.
"Há Na força do passado a alegria e o consolo das
ressureições"
(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1964, nos
microfones da ZYV-39).
ESTUPENDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluir