Rua Domingos Henriques de Gusmão fotos: Salette Garcia
História de Minha Rua...
Não registram os arquivos de nossa municipalidade qualquer ato dos poderes legislativos ou executivo locais dando o nome de Rua Domingos Henriques de Gusmão a uma de nossas vias públicas.
Daí concluirmos que se lei ou decreto existe é anterior a 1882, quando pertencíamos a Rio Novo ou mesmo a Mar de Espanha. O que realmente encontramos, em buscas e pesquisas realizadas é a denominação de Rua do Rosário para um de nossos logradouros. Pela localização de prédios nela enumerados, pela existência, ali, da Igreja do Rosário, ainda nos princípios deste século¹, no local onde hoje está o Grupo Escolar Cel. José Brás², tudo nos leva a crer que a rua que, em 1875, se chamava Rosário – é hoje a Domingos Henriques de Gusmão.
Domingos Henriques de Gusmão era filho de Manoel Henriques Pereira Brandão. Manoel para aqui viera em 1791, em companhia de seus irmãos José Henriques Pereira Brandão e Padre Jacob Henriques P. Brandão, naturais de Glória, em Beira do Campo, neste Estado.
O Pe. Jacob se apossara de terras no lugar conhecido por Ribeirão de São João, distante seis quilômetros desta cidade e que mais tarde viria a ser conhecido por Três Chalés. Em cláusula testamentária, seus dois irmãos dele houveram ditas terras, tendo Manoel se expandindo até onde mais tarde viria a se chamar Núcleo Carlos Alves. Por sua morte, seus dois filhos: Domingos Henriques de Gusmão e Manoel Henriques de São Nicácio herdaram essas terras. Manoel vendeu-as a Domingos, que passou, assim, a possuir de uma vasta região de terras que, por ocasião de sua morte, somadas às que possuía em Piedade, se elevaram a cerca de dois mil alqueires!
Fora ele casado com D. Ana Clara Mendes e de seu enlace teve dez filhos. Domingos Henriques de São Nicácio, casado com D. Maria Balduina da Silva Alvim; José Henriques da Matta; Manoel Henriques Porto Maia, casado com Maria Balbina Soares; Ezequiel Henriques Pereira Brandão, casado com Ana Lina Soares; Maria, casada com Joaquim Honório de Campos – o Barão do Rio Pardo; Ana Soares Henriques, que foi casada com o Comendador José Soares Valente, que em segundas núpcias se casou com D. Prudênciana Faustina de São José; Carlota, casada com João Vieira da Silva; Francisca, casada com o Tenente-Coronel Francisco Soares Valente Vieira; Prudenciana, casada com Claudino Vieira da Silva e Maria, casada com Valentim Rodrigues de Almeida.
Domingos Henriques de Gusmão era homem profundamente religioso, tendo ao lado de outros, instalado em nossa cidade, em 17 de dezembro de 1843, segundo pesquisas por nós feita, a Irmandade do Santíssimo Sacramento, sendo, no ato, eleito “Irmão da Mesa” e reeleito em 1845.
Em 1864 transferiu-se para a fazenda denominada Rio Pardo, no município de Leopoldina, fundando ali o arraial da Piedade e fazendo construir a Igreja Matriz daquela localidade.
Reza a crônica popular local que Guarda-Mor Furtado, auxiliado por Domingos Henriques de Gusmão, Domingos Ferreira Marques e Antônio Dutra Nicácio, levantou, “em tempos idos”, uma capela, a que foi dado o nome de Capela do Rio Novo de Baixo, sob o orago de São João Nepomuceno. Em torno dessa capela é que se desenvolveu a povoação, que, mais tarde, viria a se transformar na cidade de São João Nepomuceno.
Sobre a vida de Domingos Henriques de Gusmão existe um interessante estudo, que é a síntese do que ora publicamos, de lavra de Porphírio Henriques Valente, datado de 1º de Janeiro de 1920, e que fora publicado pela ‘Voz do Povo’, que então se editava nesta cidade.
Por tradição oral, sabemos mesmo que Domingos Henriques de Gusmão findara os seus dias completamente cego, mas cercado pela admiração de seus descendentes e pelo respeito de seus contemporâneos.
"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições."
(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1965, nos microfones da ZYV-39).
1- O autor se refere ao Século XX
2- Atualmente ‘Escola Municipal Cel. José Brás’