Moços cheios do mais sadio entusiasmo alegravam as ruas de nossa São João com a sua alacridade, com as suas troças, a sua “verve”, a graça e o espírito.
Habituara-se nossa gente a ouvi-los e a os aplaudir, incentivando-os em todas as manifestações do intelectualismo moço.
Um dos mais interessantes papéis executados por eles, sem dúvida, foi o de estreitar os laços de amizade entre as classes estudantinas locais e das cidades circunvizinhas. Um verdadeiro intercâmbio estabeleceram, divulgando lá fora o nome da cidade de São João Nepomuceno, vale dizer, de nosso município. Aqui foram por eles trazidas luzidas embaixadas de Viçosa, Juiz de Fora, Bicas, Rio Novo, Guarani, Ubá, Rio Branco e outras mais como também, em retribuição às mesmas cidades, levaram a “voz febril da mocidade” são-joanense.
Dito intercâmbio teve início em 1938 quando, para a passagem do “Dia do Estudante”, o 11 de Agosto, se programou a visita dos estudantes do Ginásio de Viçosa. Pelo vulto do acontecimento, jamais presenciado nesta terra – a cidade se “revolucionou”. Era o assunto obrigatório de todas as “rodas”, desde as mais sisudas delas à mais humilde. Noutra cousa não me falava naqueles dias. Emprestávamos, à época, o nosso concurso à Escola Normal D. Prudenciana e devido ao fato de sermos moços, também, entregamo-nos de corpo e alma à festividade. E na noite de 10 de agosto, à frente de um pugilo de jovens, dirigimo-nos à residência do Prefeito de então – o Farmacêutico Agenor Henriques Soares, que já se havia contagiado com o entusiasmo da classe estudantina, e em rápida oração, solicitamos-lhe que desse o nome de Estudantes a uma de nossas ruas e fosse além – decretasse feriado municipal o Dia 11 de Agosto. Reuniu se o Chefe do Executivo Municipal, por alguns instantes, no interior de seu lar, com os seus assessores, para, minutos após, vir trazer a notícia de que mandara lavrar os dois atos, atendendo, assim, ao apelo da classe moça.
E no dia seguinte, 11 de agosto de 1938, numa tocante solenidade, inaugurava-se uma tosca placa de madeira na “via pública que liga a rua Capitão Ferreira Campos à frente do Ginásio São João Nepomuceno”, com os dizeres Rua dos Estudantes*. A voz sempre reclamada daquele que era considerado “o maior amigo dos Estudantes são-joanenses”, o sempre saudoso professor doutor Francisco Zágari, se fez ouvir. Falava ele em nome do Prefeito Agenor Henriques Soares para testemunhar aos moços são-joanenses o apreço que lhes tinha o poder público municipal e o reconhecimento pelo trabalho que vinham realizando em prol do nome do município. Agradecendo pela mocidade são-joanense, falou o professor José de Castro Azevedo sobre o significado do ato que se realizava, da sua justeza e do reconhecimento de nossa juventude, que trabalhava para a divulgação do nome deste município, ajudando para que ele transpusesse fronteiras e ecoasse lá fora.
*Atualmente a “Rua dos Estudantes” chama-se “Rua Professor Gabriel Archanjo de Mendonça”.
"Há na força do passado a alegria e o consolo das ressurreições."
(Texto de autoria do Dr. José de Castro Azevedo, lido em 1964, nos microfones da ZYV-39).